Uma casa isolada, quartos trancados, uma família que vive reclusa em uma enorme fazenda, uma visita inesperada em uma noite de forte tempestade. Esses são alguns dos elementos de uma surpreendente trama onde relações familiares conflitantes são a base para descobertas e segredos escondidos. Dirigido pelo cineasta alemão Matthias Hoene e escrito por Neil Linpow (que também interpreta um dos personagens do filme) Frio nos Ossos busca detalhar ao espectador passados de perdas, conflitos, vingança e loucura através de personagens esgotados emocionalmente que parecem estar prestes a serem confrontados dentro de suas bolhas criadas como proteção.
Na trama, conhecemos uma mãe super ativa (Joely Richardson), ex-anestesista, que
vive com sua filha Maisy (Sadie Soverall)
e o marido (Roger Ajogbe) em uma
enorme fazenda numa área rural da Inglaterra, um lugar longe de tudo e todos onde
o hospital mais próximo fica à 160 quilômetros de distância. Certo dia, em uma
noite de tempo horroroso, dois irmãos bastante suspeitos batem na porta da
família, que mesmo em dúvidas, resolvem ajudar. O que acontece dali pra frente
é um jogo psicológico proposto através das ações e consequências, onde aos
pouco vamos, através de atitudes drásticas, conhecendo as verdades de cada um
daqueles personagens. Nos perguntamos até os minutos finais: O perigo vem de
fora ou está dentro da casa?
O roteiro gira em torno da tensão, da composição de ações
desesperadas onde laços maternais são elos, dentro de visões particulares
conflitantes em relação ao passado dos personagens. Esse último ponto apresenta
chocantes momentos de tensão ao longo dos 90 minutos de projeção. Aqui as
reviravoltas são substituídas por surpresas, tudo é muito bem explicado, quando
entendemos um fato, não há dúvidas sobre ele, isso tudo dentro de clima nada
amistoso e constante no ar, com um ritmo intenso.
Quando as peças mostram suas verdadeiras faces ao público,
dentro desse tabuleiro cheio de angústia, um jogo psicológico é proposto
através das ações e consequências, assim conhecemos melhor todos as
interpretações dos fatos que se seguem pelos personagens. Não importa o ponto
de vista que refletimos, é possível sair daquela bolha que torna a tragédia
algo constante e também iminente? Escolhas são portas que se abrem o tempo
todo, para cada um dos personagens. Tem o aspecto psicológico pronto para
análises e debates, principalmente na figura da mãe interpretada magistralmente
por Joely Richardson. Sua personagem
inclusive não tem nome revelado, apenas sendo chamada de mãe a todo instante. E
esse ponto, dos laços maternais, é a interseção que navega as brilhantes linhas
do surpreendente roteiro.
Disponível no catálogo da HBO Max, Frio nos Ossos prende a atenção do espectador do início ao fim. É
um daqueles filmes onde tudo pode acontecer, onde desconfiamos de todos os
personagens dentro de uma pulsante narrativa.