O que fazer quando tudo está perdido, exceto a alma e o
corpo? Depois de dirigir o excelente Margin Call - O Dia Antes do Fim, o
diretor norte americano J.C. Chandor chega aos cinemas com um drama que lembra
muito outros filmes de sobrevivência mas com o pecado de não ter uma apresentação
decente sobre a história de seu protagonista. All is Lost conta apenas
com Robert Redford na frente das câmeras e isso infelizmente é muito pouco para
agradar ao público.
Na trama, acompanhamos um experiente velejado que precisa
enfrentar o maior desafio de sua vida quando, em alto mar e sozinho, em seu
barco atingido por um container gigante e repleto de sapatos. Com sérias
avarias em seu barco, precisa lutar dia e noite para sobreviver. Não sabemos a
história do protagonista, nem ao menos seu nome. Isso atrapalha a interação com
o público. Uma breve introdução ajudaria muito a criar laços de empatia, até
mesmo para aumentar a torcida para um desfecho feliz e suporte para aguentar as
maçantes cenas de aventura em alto mar.
O veleiro é moderno e conta com toda a tecnologia disponível
nos dias de hoje. Mesmo assim, não é páreo para a força da natureza e aos
acasos que o destino coloca em nossa frente. Por conta do acidente, se
transforma em uma jangada pouco operante. Mesmo tendo completo domínio sobre a
embarcação, o protagonista precisa tomar rápidas e difíceis decisões. O
personagem demonstra uma frieza muito grande ao enfrentar esse contratempo.
Parece que assim que ocorre a fatalidade, liga o seu botão da razão e esquece a
emoção.
Respiração, transpiração e expressões de tensão são alguns
dos poucos movimentos que percebemos do protagonista. Se Tom Hanks tinha o
Wilson como companhia (no ótimo filme O Náufrago), o veterano Robert
Redford tem apenas o esforço e talento de tentar passar toda a agonia e
desespero de seu protagonista. Mesmo o filme tendo uma duração aceitável para
trabalhos do gênero, falta muita coisa para agradar aos cinéfilos.