É possível abordar um tema muito triste de forma tão encantadora. Dirigido pelo cineasta mexicano Batan Silva, A Nave nos leva a uma jornada ao mundo mágico dos sonhos em paralelo a dura realidade de uma doença terrível que afasta da felicidade milhares de pessoas a cada dia. A desconstrução de um protagonista perdido nos seus medos e depressão é o nosso guia nessa viagem emocionante que nos faz refletir a casa segundo sobre a vida.
Baseado em fatos reais, o longa-metragem mexicano conta a
história de Miguel (Pablo Cruz), um
depressivo locutor de uma rádio, que tem um programa voltado para o público
infantil, que vive uma verdadeira crise existencial passando os dias sem pensar
no seu futuro e tendo que cumprir seus afazeres profissionais apenas por
obrigação. Tudo muda em sua vida quando, enquanto está no ar, recebe a ligação
de uma criança dizendo que gostaria de realizar o sonho de ver o mar só que
essa criança está com câncer terminal e mora em um hospital. A história mexe
com o protagonista que resolve remodelar toda sua vida para enfim conseguir
realizar o sonho do pequeno ouvinte.
Um assunto tão triste mas guiado por uma leveza de grandes
histórias. Falar sobre o câncer é sempre algo muito complicado. Aqui, até mesmo
as pessoas ao redor de um paciente com câncer (no caso, a mãe) também é
retratado, além da insensibilidade médica em um momento. Mas para aprofundar nesse
assunto, há uma outra estrada que corre em paralelo. O atalho da comédia aqui
se encaixa na estrutura emocional abalada de seu protagonista, um homem já
adulto que se vê completamente sem direção. Quando ele começa a refletir sobre
a sua vida e seus medos, novas descobertas se abrem em sua frente
possibilitando ele ser um amigo importante para o jovem com câncer. Toda essa
desconstrução é muito bem conduzida pelo roteiro assinado por Pablo Cruz (o próprio protagonista).
O lúdico aqui ganha um ótimo espaço. A nave, o comandante
dela, os caminhos da imaginação guiados pela criatividade deixam o doloroso e
eminente caminho do jovem paciente um pouco menos triste mas sem nunca deixar
de ter pela frente a realidade que tanto nos comove. A Nave emociona, nos faz abrir sorrisos mas também cair lágrimas.
Um filme pra grudar nos nossos corações.