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14/09/2022

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Crítica do filme: 'A Nave'


É possível abordar um tema muito triste de forma tão encantadora. Dirigido pelo cineasta mexicano Batan Silva, A Nave nos leva a uma jornada ao mundo mágico dos sonhos em paralelo a dura realidade de uma doença terrível que afasta da felicidade milhares de pessoas a cada dia. A desconstrução de um protagonista perdido nos seus medos e depressão é o nosso guia nessa viagem emocionante que nos faz refletir a casa segundo sobre a vida.


Baseado em fatos reais, o longa-metragem mexicano conta a história de Miguel (Pablo Cruz), um depressivo locutor de uma rádio, que tem um programa voltado para o público infantil, que vive uma verdadeira crise existencial passando os dias sem pensar no seu futuro e tendo que cumprir seus afazeres profissionais apenas por obrigação. Tudo muda em sua vida quando, enquanto está no ar, recebe a ligação de uma criança dizendo que gostaria de realizar o sonho de ver o mar só que essa criança está com câncer terminal e mora em um hospital. A história mexe com o protagonista que resolve remodelar toda sua vida para enfim conseguir realizar o sonho do pequeno ouvinte.


Um assunto tão triste mas guiado por uma leveza de grandes histórias. Falar sobre o câncer é sempre algo muito complicado. Aqui, até mesmo as pessoas ao redor de um paciente com câncer (no caso, a mãe) também é retratado, além da insensibilidade médica em um momento. Mas para aprofundar nesse assunto, há uma outra estrada que corre em paralelo. O atalho da comédia aqui se encaixa na estrutura emocional abalada de seu protagonista, um homem já adulto que se vê completamente sem direção. Quando ele começa a refletir sobre a sua vida e seus medos, novas descobertas se abrem em sua frente possibilitando ele ser um amigo importante para o jovem com câncer. Toda essa desconstrução é muito bem conduzida pelo roteiro assinado por Pablo Cruz (o próprio protagonista).


O lúdico aqui ganha um ótimo espaço. A nave, o comandante dela, os caminhos da imaginação guiados pela criatividade deixam o doloroso e eminente caminho do jovem paciente um pouco menos triste mas sem nunca deixar de ter pela frente a realidade que tanto nos comove. A Nave emociona, nos faz abrir sorrisos mas também cair lágrimas. Um filme pra grudar nos nossos corações.



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04/09/2022

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Crítica do filme: 'O Amante Duplo'


Os nós que a mente nos prega. Baseado no livro de Joyce Carol Oates intitulado Lives of the Twins (lançado no final da década de 80), O Amante Duplo, trabalho do sempre surpreendente cineasta francês François Ozon, nos leva para a gangorra dos sentimentos, dos traumas, do medo, também dos desejos, tendo como alicerce uma protagonista que parece estar em um enorme quebra-cabeça emocional. Você não consegue desgrudar os olhos do filme, é envolvente. Um drama disfarçado de thriller, que nos leva para uma análise de uma protagonista e suas emoções mais profundas.


O filme, que concorreu à Palma de Ouro em Cannes, nos mostra a história de uma mulher que trabalha em um museu chamada Chloé (Marine Vacth) que após uma consulta para saber sobre um desconforto na região da barriga acaba sendo orientada a procurar um terapeuta. Assim, ela chega em Paul (Jérémie Renier), com quem logo se envolve. A questão que após um tempo, ele descobre um segredo de seu novo par romântico: ele tem um irmão gêmeo que também é terapeuta. Assim acaba se envolvendo com esses dois homens e acaba descobrindo muitas surpresas nesse caminho.


Falar sobre a mente humana e ainda inserir a questão dos desejos é uma engenharia cinematográfica complicada. Aqui, fugindo das metáforas o máximo possível mesmo tendo implícitas algumas, vamos enxergando uma reta de surpreendentes revelações que ao final percebemos que há questões em paralelos que completam essa curiosa trama. A protagonista é um enorme enigma pois a princípio não sabemos direito um detalhe fundamental de seu passado, aquela peça que falta na engrenagem mas que torna tudo mais explicativo. Ozon usa de sua maestria para nos guiar nessa jornada que tem um grande fundamento no medo, no trauma, na manipulação, que por conta das razões humanas acaba encostando no desejo.



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24/08/2022

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Crítica do filme: 'Má Sorte' (The Cooler)


As segundas chances de um paradoxo existencial. E se você tivesse uma Má Sorte? O que você faria com essa estranha condição? Lançado já no longínquo ano de 2003, Má Sorte nos leva para um recorte emocional na vida de um homem que se encontrou diversas vezes com a derrota. Dirigido pelo cineasta sul-africano Wayne Kramer o longa-metragem protagonizado pelo ótimo William H. Macy também explora os bastidores de um lugar também conhecido como ser o grande ponto de encontro dos jogos de azar. O ótimo roteiro se apega nas superstições para contar uma história sobre recomeços.


Na trama, conhecemos Bernie (William H. Macy) um homem já rumando para fase final de sua vida que após anos lutando contra um vício em apostas acaba indo para em um famoso Cassino tendo que pagar durante seis anos uma dívida de jogo com o proprietário do lugar o indecifrável Shelly (Alec Baldwin). O curioso é que Bernie tem uma função como poucas outras, ele é o chamado ‘Má Sorte’, uma pessoa que acaba repassando essa estranha condição em mesas onde clientes estão ganhando muito dinheiro. Perto de enfim conseguir sua liberdade, faltando poucos dia para sua liberdade acaba se envolvendo em um intenso romance com Natalie (Maria Bello) uma funcionária do lugar além de um reencontro que lhe trará diversos problemas.


Se imagine em um lugar onde você não vê o tempo passar, consumido por viciantes impulsos que o leva a jogar e a jogar. Alegrias para alguns comemorando alguma data especial, eterno túnel inacabável para outros. Nesse último é onde se encontra o carismático personagem principal de The Cooler, nome do filme no original. Um homem introspectivo que vamos entendendo aos poucos, principalmente como lida com sua atual profissão assumindo ser um azarado por completo. Sua vida é cheia de reviravoltas, conflitos, dramas, abandonos, algo que acaba refletindo na falta de força de seguir rumo a um destino de felicidade, pegando muitas vezes a reta para uma eterna solidão. Impossível não se apaixonar pelo personagem brilhantemente interpretado por William H. Macy.


Em paralelo a essa trajetória rumo a um novo destino, encontramos Shelly e suas dificuldades em modernizar seu empreendimento, algo que trata como sendo sua única casa, onde possui o controle de tudo, onde não precisa dar satisfações a ninguém. Esse marcos de transitivos em negócios já foram abordados em outros filmes mas aqui ganham tons de violência, como se o medo da mudança ganhasse mais força que qualquer outra coisa. Aliás, esse ‘medo da mudança’ persegue tanto Shelly quanto Bernie.


Aqui refletimos em muitos instantes sobre o paradoxo existencial embutido no protagonista, quase uma gangorra, as vezes sorte, as vezes azar. O abstrato volta nessa história, trazendo o tal do Amor. Eita variável incontrolável, mais forte que qualquer Má Sorte. A partir daí as escolhas e o combate aos conflitos definem os rumos dessa marcante história. Belo filme disponível no Prime Video.



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15/08/2022

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Crítica do filme: 'Treze Vidas – O Resgate'


Quando o desafio é a sobrevivência. Buscando trazer ao público mais detalhes do famoso resgate de um jovem time de futebol e seu treinador que ficaram presos em condições complicadas em uma caverna no norte da Tailândia que faz parte de um sistema cárstico de relevo geológico chamado Tham Luang, o veterano cineasta Ron Howard apresenta sua versão aos fatos que mobilizaram o planeta. Aqui o foco é na equipe experientes mergulhadores que conseguiram ultrapassar barreiras em condições inóspitas em busca de praticamente um milagre e resgatar a todos com vida. Nessa emocionante jornada, enxergamos a história de maneira muito objetiva sem deixar de sentir todas as emoções dos envolvidos.


Na trama, voltamos ao ano de 2018 onde em meados de julho, durante a Copa do Mundo de Futebol Masculino, um grupo de jogadores de um time amador denominados Javalis Selvagens, após um treino e para iniciarem as comemorações de aniversário de um deles, resolvem junto ao seu treinador fazer um passeio por dentro de uma região repleta de cavernas que sempre foi ligado à questões folclóricas e fica perto da fronteira da Tailândia com um país chamado Mianmar. O tempo muda radicalmente quando eles estão dentro de uma das cavernas e um passeio que era pra ser rápido acaba durando muitos dias. Os familiares ao notarem o sumiço dos jovens, chamam as autoridades e constata-se que o grupo ficou preso em algum lugar dentro da caverna. Logo as autoridades são chamadas e uma ajuda internacional chega em seguida. Assim, conhecemos o experientes mergulhadores Rick Stanton (Viggo Mortensen) e John Volanthen (Colin Farrell) que terão papéis fundamentais nesse incrível salvamento.


Era um resgate extremamente complicado. Não só por conta das condições climáticas da região, da caverna cheia de obstáculos que o grupo estava mas também por conta da falta de informação que as autoridades tinham no primeiro dia de mobilização. A questão política também ganha contornos complicadores, com pressões do governo tailandês a um governador que sairia do cargo em breve e holofotes de todo o mundo com uma imprensa presente que aguardava informações 24 horas durante as duas semanas de operação. O filme busca os detalhes de toda a complicada operação, entrando mais ao fundo em algumas questões e em outras passando de forma superficial.


Essa produção britânica, com pegada hollywoodiana, busca seu foco nos protagonistas do resgate, Rick e John, dois amigos que estão acostumados a lidarem com situações extremas de resgate que acabam sendo a maior esperança de sucesso da operação. As decisões difíceis a serem tomadas, como a questão pouco noticiada que os garotos tiveram que tomar uma injeção com tranquilizantes pois precisariam mergulhar em condições adversas por horas são bem detalhadas além de um implícito conflito no campo emocional já que os amigos e mergulhadores são pessoas muito diferentes um do outro.


Pra quem curte filmes com simbolismo heróicos que mesmo sabendo o final a gente consegue refletir sobre muitos temas no campo da humanidade como a cooperação, Treze Vidas – O Resgate pode ser o projeto que você possa estar procurando.




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23/07/2022

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Crítica do filme: 'Secretária'


O prazer, o desejo nos encontros entre a dominação e a submissão. Baseado em uma obra da romancista norte-americana Mary Gaitskill, Secretária, filme lançado 20 anos atrás, é uma jornada intensa, provocante, que mostra os caminhos do prazer de maneira fundamentada em percepções, sentimentos, desejos, em um tour por duas mentes que se encontram a partir de uma relação profissional convencional até chegarem as descobertas íntimas. Dirigido pelo cineasta Steven Shainberg.


Na trama, conhecemos Lee (Maggie Gyllenhaal) uma tímida mulher que passou por muitos momentos de aflições na vida, inclusive precisando ser internada por um tempo por conta do vício em se cortar. Quando recebe alta da clínica, percebe que seu mundo de alguma forma está no mesmo lugar que deixou e acaba investindo em uma profissão de datilógrafa. Assim, acaba chegando até o escritório de um advogado, Mr. Grey (James Spader), um homem extremamente controlador, amargurado, rígido que começa um jogo de dominação com a protagonista, fato que mudará a vida dos dois para sempre.


Os paralelos entre a dominação e a submissão. Construído de maneira instigante, que traça um raio-x bem profundo de cada um dos dois personagens protagonistas, o roteiro apresenta paralelos dentro de ações e consequências, partindo das características dos elos construtores dessa história até os encaixes em relação aos desejos. O sexo aqui se torna algo secundário, as fantasias dominam os personagens. Muito antes do Mr. Grey da era das redes sociais (aquele personagem dos famosos livros de E. L. James), existiu esse Mr. Grey interpretado brilhantemente por James Spader. Há semelhanças mas essa produção aqui consegue ser muito mais profunda e provocante falando sobre o mesmo tema.


As descobertas do prazer se chocam sobre o momento dos personagens. Mr. Grey parece que luta contra seus desejos, busca o controle em relação a tudo mas parece ter o descontrole como marca. Ele acaba encontrando o equilíbrio na relação com Lee, essa uma mulher que se descobre para a vida através do prazer vivido pelas situações com o chefe. Há o componente da dor como fator de reflexão, quase um elo entre os personagens, uma por conta do sentimento em relação as dores físicas, o outro mais na dor emocional, um grande conflito por ter aqueles impulsos.


Ao fim, chegamos a conclusão que um dos objetivos desse interessante projeto é nos fazer entender sobre a intimidade. Abre-se uma porta para o pensar também sobre desejos, o sexo, as fantasias e o prazer. Um filme muito interessante.



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18/07/2022

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Crítica do filme: 'O Mapa das Pequenas Coisas Perfeitas'


O que você faria se o seu dia se repetisse toda vez que você acordasse? Essa pergunta você com certeza já se fez pensando em outras produções mas aqui em O Mapa das Pequenas Coisas Perfeitas o refletir consegue ser mais profundo, somos guiados em uma análise muito densa, emocionalmente e intelectualmente, onde somos testemunhas de uma forte desconstruções de dois personagens com lacunas na imaturidade e as respectivas visões que possuem de tudo que acontece ao seu redor. Baseado na obra homônima do romancista e crítico literário norte-americano Lev Grossman.


Na trama, conhecemos Mark (Kyle Allen), um jovem com problemas de comunicação com o pai, que vê a mãe muito pouco, afastado da irmã que possui apenas uma certeza: seguir em frente na tentativa de entrar em uma faculdade para cursar artes. A questão aqui é que ele está em Loop, em uma repetição infinita de um mesmo dia onde através dos mesmos passos busca entender a situação inusitada e seus porquês. Até que um dia, conhece Margaret (Kathryn Newton), um jovem que ama astronomia e que está na mesma situação que ele. Assim, essa dupla de descobridores sobre a essência da vida irá precisar reunir forças para combater todos os dramas e fortes emoções que virão pela frente, numa jornada de autodescoberta.


O Feitiço do Tempo, o recente Palm Springs, são alguns dos outros filmes que a princípio podem parecer semelhantes a esse projeto lançado em 2021 e disponível lá na Prime Video. A questão aqui é o forte foco no amadurecimento em dois personagens que vestem suas verdades na imaturidade onde acompanhamos um desabrochar para os dramas da vida, fato que chega até mesmo de forma precoce por conta da bolha inusitada que estão. Em O Mapa das Pequenas Coisas Perfeitas não é importante saber o porquê da questão física/existencial de como eles foram parar nesse espaço tempo nada contínuo, aqui o que importa são as diversas formas de aprender a romper as barreiras de limites emocionais da fase presente de suas vidas. O ingrediente do amor, um destino que se torna óbvio, aqui vira uma variável propulsora para o rompimento das amarras que deixavam esses corações mais tristes.


O Mapa das Pequenas Coisas Perfeitas busca a originalidade, escapa dos polêmicos caminhos da física para falar sobre crises existenciais na visão de duas almas que tem a oportunidade de aprender bastante sobre a vida.



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03/07/2022

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Crítica do filme: 'O Próximo Passo'


Os intensos paralelos entre a dança, o corpo e as formas de enxergamos nossa vida. Um dos filmes mais impactantes da seleção do Festival Varilux de Cinema Francês 2022, O Próximo Passo, nos leva a uma viagem, as vezes profunda, as vezes com leveza, de uma bailarina que vê sua vida mudar completamente após uma situação. Traçando semelhanças entre a dança e o que acontece na vida, um dos méritos dessa poderosa produção francesa é conseguir um entendimento entre os movimentos que são pré estabelecidos, no caso da dança clássica (na vida, o que planejamos para nosso futuro), com as questões do improviso, a dança contemporânea (as eventualidades do viver). Dirigido pelo cineasta Cédric Klapisch, a produção conta como protagonista, Marion Barbeau, dançarina principal da famosa companhia de Ballet da Ópera de Paris, em seu primeiro papel como atriz.


Na trama, conhecemos a bailarina profissional, de 26 anos, Elise (Marion Barbeau), uma mulher que após sofrer uma contusão durante uma apresentação pela companhia de dança que fazia parte ruma para uma estrada de redescobertas como pessoa, como profissional da dança, entre desilusões do amor, novas oportunidades, buscando também uma melhora no relacionamento com os que ama, principalmente seu pai, o advogado Henri (Denis Podalydès). Ao longo de quase duas horas de filme, que deixa um gosto de quero mais, somos testemunhas de sequências empolgantes onde o nosso refletir está em todos os lugares.


A sincronia, a força, o drama, o protagonismo da própria vida. O cineasta Cédric Klapisch consegue encher a tela de emoção dentro de um foco na desconstrução de uma jovem que embarca numa autoanálise profunda, uma redescoberta. O ritmo é lento no início mas aos poucos vamos entendendo a proposta de Klapisch que tem objetivo nos fazer refletir sobre a vida através do pulsante universo conectivo da dança, essa ação cultural, empolgante que tem drama, alegria, assim como as trajetórias de nossa existência.


Os ricos coadjuvantes contribuem muito para contar essa história de infinitas interpretações, onde a dança incorpora um papel importante, sendo deixado implícito os certeiros e criativos paralelos entre o que é pré estabelecido e o que vira improviso. Tem as novas compreensões sobre amores após uma traição, enxergamos um novo olhar para coisas que estavam em nossa frente através do ouvir melhor o que o outro tem pra dizer, as novas conexões que acabam abrindo caminhando deixando um ponto de interrogação proposital sobre o futuro pois há escolhas que ainda virão.


O Próximo Passo é um raio-x visceral na vida de uma artista, uma batalhadora da cultura, que aprende a enxergar na dança paralelos com sua própria realidade.



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05/05/2022

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Crítica do filme: 'O Peso do Talento'


A crise de um egocêntrico. Enfim, está chegando aos cinemas de todo o mundo, um dos filmes mais curiosos de 2022, O Peso do Talento. O criativo longa-metragem, dirigido por Tom Gormican, explora os caminhos da comédia debruçada em uma espécie de metalinguagem nos trazendo Nicolas Cage interpretando Nicolas Cage. Vamos acompanhando as loucuras do processo criativo, as excentricidades, diálogos impagáveis do Cage do presente com o Cage do passado, hilárias visões do mesmo sobre alguns de seus memes famosos, e, nesse museu de memórias, o público se delicia com referências à grandes clássicos da carreira do ator, como: A Outra Face, Despedida em las Vegas, A Rocha, Croods, O Capitão Corelli, Mandy, O Guarda-Costas e a Primeira Dama, Con Air, entre outros. Nicolas Cage nunca fez o público rir tanto numa cadeira de cinema.


Na trama, conhecemos o ator Nicolas Cage (Nicolas Cage) em fase conturbada na carreira e cheio de conflitos com sua ex-esposa Olivia (Sharon Horgan), (uma maquiadora que conheceu no set de filmagens de O Capitão Corelli), e sua filha já adolescente. Sem conseguir um trabalho decente junto ao seu agente Fink (Neil Patrick Harris), acaba aceitando a inusitada proposta de passar uns dias na casa de um fã milionário, Javi (Pedro Pascal). Assim, acaba se metendo em uma enorme confusão quando uma investigação precisará da ajuda do protagonista. Hilário do início ao fim, esse projeto é uma divertida aventura, cheia de caras e bocas, de um personagem único do cinema.


Podemos enxergar esse filme como se fosse um eterno diálogo entre o vencedor do Oscar por Despedida em Las Vegas e seus ‘vários eus’, uma maneira criativa de passar por toda sua carreira e analisar como ele pensava quando era mais jovem e como pensa na fase atual da vida. Cage está de peito aberto para nos divertir durante os quase 110 minutos de projeção. Os conflitos são constantes, vemos nos debates com a psicóloga, a falta de tempo na dedicação à família, as frustrações de uma carreira competitiva. Na parte aventureira da história mais risos com a ótima participação de Pedro Pascal que forma uma dupla dinâmica com Cage.


Mais de 40 anos de carreira e 100 trabalhos creditados no universo do cinema. Nicolas Cage  ao longo do tempo soube como contar histórias e até mesmo criar mitos. O Peso do Talento, pode-se dizer que acaba traçando um certeiro paralelo com a realidade de um artista que muitas vezes parece estar em decadência, em crise contra si mesmo e suas escolhas profissionais mas que por ser brilhante também apresenta atuações históricas. O gancho do roteiro de optar por navegar dentre as excentricidades do seu protagonista para refletir sobre a vida acaba gerando uma visão macro de uma carreira de altos e baixos de um dos mais carismáticos artistas da história do cinema.



 

 

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02/05/2022

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Crítica do filme: 'Louca Obsessão' *Revisão*


O confronto entre a razão imóvel e a loucura pulsante. Um dos grandes filmes da década de 90, Louca Obsessão foi se tornando ao longo do tempo um clássico do cinema. Não é pra menos, uma história intrigante que diz muito sobre personalidades e o estado da psique humana que acaba sendo em seu constante clímax um grande duelo entre a razão e a loucura. Baseado na obra Misery do escritor Stephen King e dirigido por Rob Reiner, o projeto é um suspense chocante. Por seu papel no filme, Kathy Bates venceu seu primeiro e único Oscar.


Na trama, acompanhamos um pacato escritor de sucesso chamado Paul Sheldon (James Caan) que está prestes a entregar a primeira e única cópia de seu mais novo livro. No seu processo de escrever, ele sempre vai para uma cabana numa região gelada do estado do Colorado. Saindo desse lugar rumo ao encontro com sua editora, ele acaba sofrendo um grave acidente. Ele acorda em uma casa onde mora Annie (Kathy Bates) uma enfermeira super fã do escritor que viu o acidente e o ajudou. Nos primeiros dias de recuperação Paul acha que tirou a sorte grande mas aos poucos vai entendendo que se meteu em uma grande enrascada e precisa encontrar soluções para fugir daquele lugar.


Em cárcere privado, a luta do escritor é contra seus medos e as imprevisibilidades da psicopata da porta ao lado. Assim, vemos ao passar do tempo todas suas tentativas de fugir daquela situação conforme vai melhorando os movimentos de seu corpo, fragilizados pelo grave acidente. O ponto de encontro de seu lado racional chega através de sua própria obra, fator de interseção com a enfermeira psicótica, assim na promessa de resgatar à vida uma personagem importante que morreria em seu próximo livro, Paul consegue ganhar um tempo para entender a situação que se encontra.


Annie é uma personagem enigmática do início ao fim. Imprevisível, alucinada, solitária, psicologicamente abalada, psicopata, vários adjetivos nessa linha são possíveis para definir essa personalidade extremamente complexa. Ela encontra em Paul o afloramento de sua obsessão, fato recriado em outros momentos do seu passado nebuloso que vamos conhecendo com leves pitadas de descobertas ao longo dos quase 110 minutos de projeção.


Louca Obsessão é imprevisível, um projeto que marca a luta entre a razão e a loucura que conta com uma atuação inesquecível da grande Kathy Bates.

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01/05/2022

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Crítica do filme: 'Um Jantar entre Espiões'


Como reagimos sobre as escolhas da vida. Chegou recentemente ao catálogo da Amazon Prime Video uma tentativa de filme de espionagem mas que na verdade acaba sendo um raso drama amoroso que fala basicamente sobre escolhas e como podemos reagir dentro de um relacionamento que de alguma forma também envolve nossa profissão. A direção é do cineasta dinamarquês Janus Metz com roteiro baseado no livro All the Old Knives de Olen Steinhauer.


Na trama, conhecemos Henry (Chris Pine), um agente do alto escalão da CIA que esteve envolvido anos atrás em uma operação em Viena que acabou de forma trágica e onde informações vazaram de dentro da agência para os terroristas. Ele agora, ano mais tarde, tem a missão de reconectar os fatos e montar um novo quebra-cabeça para descobrir as verdades sobre aquele dia que marcou a história de todos os envolvidos. Assim, marca um jantar com sua ex-namorada Celia (Thandiwe Newton) e que também estava trabalhando no caso naquele dia para tentar confrontá-la e saber se ela estava envolvida no vazamento das informações. Durante a tarde, que logo vira a noite, vamos entendendo as verdades sobre o passado.


Não sei se o roteiro pensou uma coisa e acertou em outra. Parece. Muito mal camuflado de filme sobre espionagem, Um Jantar entre Espiões é um filme sobre relacionamento. O roteiro usa do flashback para nos mostrar fatos na visão dos envolvidos sobre um dia fatídico na vida de todos deles. Assim, somos apresentados mais profundamente a dois personagens que se veem de alguma forma em conflito por manterem um relacionamento amoroso e mesmo assim trabalhando para a CIA em uma cidade europeia. Esse conflito é visto sob os olhares de todos e acaba sendo esse que define as consequências de tudo que acontece.


Há uma tentativa de suspense, no tom de um jogo de gato e rato, como se alguma lacuna precisasse ser preenchida na vida dos dois ex-amantes. Mesmo na linha do confronto em um encontro nem tão amistoso assim, vamos entendendo os motivos dos conflitos que eles passam, cada qual na sua verdade. O desfecho é apenas satisfatório dentro de uma obviedade. Se você espera um filme de espiões, intrigas e etc, esse não é o filme pra você. Mas se busca um drama sobre escolhas e relacionamentos, pode dar o play!

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21/04/2022

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Crítica do filme: 'As Trambiqueiras'


A linha tênue entre a satisfação e a fraude não violenta. Mesclando a questão dos sonhos com pitadas bem generosas de humor, o longa-metragem As Trambiqueiras nos mostra uma fraude, um crime não violento, motivado pela obsessão por cupons de desconto. Parece inusitado (e realmente é!) mas a partir dessa premissa, navegamos por uma densa camada existencial, onde conflitos se chocam com a oportunidade mesmo que isso seja fora da lei. Uma ótima surpresa no catálogo da Amazon Prime Video. Escrito e dirigido pela dupla Aron Gaudet e Gita Pullapilly.


Na trama, conhecemos a ex-atleta olímpica da marcha atlética Connie (Kristen Bell), uma mulher perto dos 40 anos, que após anos se dedicando a um esporte que poucos ligam, virou uma dona de casa. Ela é muito infeliz no casamento com o marido Rick (Joel McHale), um homem grosseiro que viaja pelos Estados Unidos pelo seu trabalho na receita federal. Connie só tem uma grande amiga, Jojo (Kirby Howell-Baptiste). Ambas são viciadas em conseguir cupons de desconto e essa satisfação que sentem acaba virando uma ideia de empresa quando elas descobrem brechas em vendas desses cupons de forma online, porém totalmente ilegal. Ganhando milhões, elas começam a criar suspeitas no analista de cupons Ken (Paul Walter Hauser) que se junta ao agente federal dos correios Simon (Vince Vaughn) para tentar parar a dupla de amigas.


Em quase duas horas de duração, vamos acompanhando a saga dessas amigas que motivadas pelo vício nos cupons acabam se deixando levar para o mundo do crime. A maneira como é contada a história é muito interessante, o humor chega nos conflitos que elas ultrapassam quando não entendem absolutamente nada da fraude que estão executando. A personagem Connie é muito bem desenvolvida, vemos as camadas profundas de seu relacionamento depressivo com o marido e quando há uma chance de mudar esse cotidiano ela ultrapassa qualquer linha que precisa. Já Jojo tem o foco instaurado em sua obsessão de ser famosa, com seus vídeos e interações pela internet. Ken é outra variável importante para a trama, recluso, em uma função peculiar na empresa que trabalha encontra oportunidade de crescer como pessoa na busca pelos motivos da fraude, na caça às criminosas.  


Repleto de cenas engraçadas dentro de um melancólico retrato existencial em uma terra de oportunidades, As Trambiqueiras cumpre seu papel de divertir e refletir.

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25/03/2022

Crítica do filme: 'My Son'


Dirigido pelo cineasta francês Christian Carion, My Son nos mostra o desespero de pais separados que precisam lidar com o sequestro do filho, inclusive investigando seu possível paradeiro. Mas como essa história é contada que nos prende aos acontecimentos, nossos olhos acabam sendo um amargurado homem que se vê perdido no seu pensar para lidar com a situação ao mesmo tempo em que se julga como um pai ruim. O longa-metragem, disponível na Amazon prime Video, é cheio de assuntos camuflados que se tornam reflexões constantes.


Na trama, conhecemos Edmond (James McAvoy), um homem que após ser avisado que seu filho, do primeiro casamento, desapareceu larga tudo e vai até o local onde o garoto vive com a ex-esposa Joan (Claire Foy) e o padrastro Frank (Tom Cullen). Aos poucos ele vai percebendo que tem algo estranho na investigação e ele resolve por conta própria reunir as peças do quebra cabeça que vai encontrando pelo caminho.


O recorte psicológico de Edmond e de Jane é impressionante. No primeiro, vemos um desespero evidente que vira paralelo ao medo, em outra vertente dentro do foco no mesmo personagem vemos pensamentos conflituosos sobre os erros de ser um pai ausente e o quanto isso o afastou do filho. Na segunda, vemos o caótico abalo emocional provocado pelo sequestro sem saber lidar com os outros ao seu redor, principalmente seu distante ex-marido, se deixando levar pelo desespero e não saber o que fazer.


Quando os olhos do público se voltam ao sequestro, o roteiro se embaralha um pouco, as explicações ficam um pouco confusas mas como enxergamos o desenrolar ao olhos de Edmond podemos entender algo proposital dentro dessa linha de apresentação dos fatos e suas conclusões.



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28/02/2022

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Crítica do filme: 'Licorace Pizza'


O amor na sua simples escala de emoções. Buscando o resgate aos primórdios dos primeiros encontros, das paixões avassaladoras que a vida coloca em nossos caminhos, o genial Paul Thomas Anderson volta aos cinemas para declarar sua visão, seus recortes, sobre o amar na sua simples escala de emoções. Indicado a três Oscars em 2022, o longa-metragem nos coloca em retorno ao início da década de 70, numa terra de oportunidades, onde os sonhos e os desejos se misturam mas não deixam de seguir em paralelos para duas almas que riem, choram e amam.

Na trama, conhecemos o jovem Gary (Cooper Hoffman) um aspirante ator que com pouco tempo de carreira já conseguiu trabalhos em algumas apresentações. Muito maduro para sua idade, um dia se encanta por Alana (Alana Haim em atuação fantástica) uma jovem (porém mais velha que Gary) que está desiludida na vida que não se entende com sua família, completamente sem rumo vendo os outros indo atrás dos sonhos e ela parada em um estado de solidão constante. Essas duas almas vão se unir de diversas formas, nos pensares do amor, no carinho da amizade, nas batalhas dos empreendimentos, tudo isso de mãos dadas mesmo que com desencontros.


Navegando nas batalhas do primeiro amor, vemos uma parábola, uma mensagem indireta, uma analogia, dos princípios do real sentimento. A escala em questão chega nas reflexões a partir da relação em si e tudo que isso pode representar navegando pelas águas tumultuadas dos desencontros, da dissensão, das inúmeras altercações. Em meio ao desenrolar das ações e consequências dos protagonistas, o projeto também fala sobre a fama, a corrida de muitos pelo mundo artístico, do status e sempre com uma referência na excentricidade, aqui na figura Jack Holden (Sean Penn) e Jon Peters (Bradley Cooper). Esse último personagem, uma figuraça, fora baseado em um produtor de Hollywood que foi casado com Pamela Anderson por menos de duas semanas e tinha um salão de cabelereiro onde iam estrelas do cinema como Jack Nicholson.


Em outros filmes de sua carreira, talvez até mesmo na maioria deles, PTA (como carinhosamente chamamos o diretor) busca na complexidade, fatos, ações, movimentos para contar ao mundo o que pensa sobre recortes diversos. Aqui, tudo é muito simples, fácil de sentir, fácil de entender. E que trilha sonora fantástica! Licorace Pizza atinge não só nossos corações mas também mostra as trajetórias envolvidas dentro de um sonho de muitos.


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25/02/2022

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Crítica do filme: 'TQM'


As linhas complicadas de uma história familiar. Buscando apresentar o caos dos experimentos de uma médica dentro de sua família, mexendo com a loucura e as características de pessoas presas a uma situação muito específica, TQM, escrito e dirigido pelo cineasta Oren Stambouli, em seu primeiro longa-metragem do currículo é um filme que busca a tensão a todo instante. Os caminhos que o mesmo navega para buscar um ar de originalidade dentro de uma mistura de gêneros cinematográficos acabam naufragando em um roteiro crendeiro.


Na trama, conhecemos três irmãos extremamente mimados a vida toda que estão reunidos em uma casa em Miami para discutir com advogados sobre o testamento de sua mãe (que ainda está viva). Chegando nesse lugar, se junta a eles um jovem com transtorno de personalidade e todos acabam logo percebendo que estão presos em uma armadilha feita pela própria mãe, uma das psiquiatras mais prestigiadas do México em uma equação que tem tudo para não terminar nada bem.


Buscando surpreender em um roteiro superficial dentro de linhas simplórias o filme não consegue encostar no drama que chega ao público por meio de memórias do passado de três irmãos completamente desconectados uns dos outros e lutando bravamente, talvez a única luta deles na vida, em não perder a bolada que a mãe pode vir a deixar de herança. Sobre isso, uma análise mais ampla seria necessária mas o foco aqui nesse projeto acaba sendo o suspense até mesmo um plot twist raso que não surpreende muito.


Se formos pensar na questão médica, do experimento contra a própria família, vemos aí um caso também grave ligado à inconsequência para se chegar a respostas dentro de análises rasas e com fortes iminências à tragédia. TQM está disponível na Amazon Prime Video.



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18/02/2022

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Crítica do filme: 'No Ritmo do Coração'


É possível remakes serem tão bons quanto os originais! Indicado a três Oscars em 2022, chegou à plataforma da Amazon Prime Video nesse primeiro semestre um emocionante filme que adapta toda a ternura e harmonia do seu original francês.  No Ritmo do Coração aborda temas importantes sobre família, inclusão social, desafios no trabalho, as escolhas da vida no choque entre sonhos e realidade. Dirigido pela cineasta Sian Heder, em seu segundo longa-metragem na carreira, o projeto promete emocionar com suas linhas mensagens nas entrelinhas. A britânica Emilia Jones brilha como a protagonista, assim como Troy Kotsur que interpreta seu pai.


Na trama, conhecemos a família Rossi. No centro das atenções e grande protagonista da trama está Ruby (Emilia Jones) uma jovem esforçada que alterna entre o trabalho em um barco pesqueiro com o pai e o irmão pelas manhãs e em seguida corre para ter aulas no colégio. Ela é a única não muda de sua família, condições que a faz ser super importante para a rotina de todos da casa, praticamente uma intérprete dos seus parentes com os que os cercam. Seu pai (Troy Kotsur) é um esforçado trabalhador que busca melhores condições no concorrido trabalho das pescas, seu irmão Leo (Daniel Durant) está naquela fase onde se dedica integralmente ao lado profissional mas sem deixar brechas para o amor, sua mãe Jackie (Marlee Matlin) é o ponto de apoio a todos ajudando no dia a dia e em questões do trabalho que sustenta a família. Quando Ruby percebe que tem chances numa carreira musical, a partir das aulas com o professor Bernardo (Eugenio Derbez), tudo o que a família tinha de alicerce acaba tendo que se adaptar para que o destino de Ruby não se perca.


A narrativa pode ser interpretada como simples, se as mensagens por completo não te alcançam, ou até mesmo complexa quando o olhar cinéfilo congela e reflete sobre as entrelinhas. O conflitos da protagonista são inúmeros, vão desde a adaptação da dependência que sua família tem na questão do comunicar que ela possui, até mesmo rasos conflitos sobre o primeiro amor, chegando na questão importante do estudo e do sonho. Engraçado em alguns momentos, como as ótimas tiradas do personagem Bernardo (interpretado pelo excelente ator mexicano Eugenio Derbez), o filme consegue ser profundo sem perder a leveza.


Concorrendo nas categorias de Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Filme e Melhor Ator Coadjuvante (Troy Kotsur, o primeiro ator mudo a ser indicado ao Oscar), Coda, no original, consegue algo muito raro em adaptações que é somar mais mensagens sem perder o brilho e força de uma história que é muito bem construída desde o original.

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27/01/2022

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Crítica do filme: 'Spencer'


Você é sua própria arma. Não se corte em pedaços. Depois de dirigir a cinebiografia de Jacqueline Kennedy em um momento chave da vida da mesma, o competente cineasta chileno Pablo Larrain volta aos cinemas para nos mostrar uma versão impactante e profunda sobre alguns dias de tensão, dúvidas e incertezas da Princesa de Gales, a Lady Di. Ao longo de quase duas horas de projeção acompanhamos um recorte da vida de uma mulher consumida pelos conflitos emocionais que vive longe da felicidade que sempre sonhou em ter. Destaque para a impactante atuação de Kristen Stewart.

Na trama, acompanhamos os passos, conflitos, inquietações, angústias de Diana Spencer, ou Princesa Diana (Kristen Stewart) uma mulher que se encontra em um momento de desilusão com sua vida e seu casamento, beirando a desespero emocional, se vendo sem saída quase que a todo instante. O filme é ambientado durante um período de férias onde fora obrigada a passar o Natal com a família real inglesa em um luxuoso casarão em Sandringham (lugar onde nasceu), um lugar onde entrou em completo conflito em busca da sua liberdade e a retomada da felicidade.


Nós do lado de cá da telona sempre vimos, lemos, conhecemos Diana como uma mulher carismática, espontânea, dedicada às causas sociais que roubava a cena da Família Real Inglesa que ‘governa’ o Reino Unido juntamente com o parlamento inglês. Mas aqui conhecemos um lado guardado, pouco divulgado, de uma mulher que sofria muito. Spencer é um drama muito profundo que beira até mesmo ao terror se focarmos nos abalos psicológicos que a protagonista passava de maneira a não ter escolhas sobre os próximos passos de sua vida, presa em uma dinastia onde as aparências importavam (ou importam) mais que as verdades dos mesmos. Seu oásis são as confidências com a costureira Maggie (Sally Hawkins), os papos com o chef dos cozinheiros, em mordomo guarda-costas da poderosa rainha. Cada um desses de alguma forma a fazem refletir sobre suas possibilidades de escolhas dali pra frente.


O paralelo com Ana Bolena (presa na Torre de Londres em 1536, acusada de adultério mas que na verdade estava sendo traída por seu marido, Henrique VIII) acaba contornando parte do clímax, deixando para o espectador refletir por meio de ações e semelhanças que contornavam os pensamentos da princesa do povo. O simbolismo de um colar de pérolas que marca a traição emblemática do seu marido, filho da rainha, gera um momento de ruptura, de uma ação libertadora por parte da protagonista que por dentro do seu pensar busca novamente um rotina de equilíbrio.


Desiludida, beirando a desespero, presa ao presente e ao pretérito, vamos absorvendo o sentimento de que há muita tensão emocional envolvida. A composição da personagem feita por Stewart é fabulosa, sentimos as dores e agonias de um momento chave na vida de Diana e também o que viria a ser uma marca importante na história da família real inglesa. 


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14/01/2022

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Crítica do filme: 'Pânico 4'


Um novo fôlego para uma franquia de sucesso. Na quarta dobradinha entre Wes Craven e Kevin Williamson, a expectativa era alta no ano de 2011 para saber como a dupla conseguiria buscar novas formas de contar situações e conflitos dentro de uma estrutura de narrativa já conhecida. Mais sangrento que os outros filmes, Pânico 4, disponível na Amazon Prime Video, entre outras ótimas questões, usa uma espécie de atualização de vilão que usa a ghostface, esse que agora também entra em paralelo com as atualização da própria indústria cinematográfica e os novos usos da tecnologia. Os diálogos ainda são as chaves do sucesso dessa franquia de estrondoso sucesso em todo o mundo.

Na trama, voltamos à woodsboro, onde os acontecimentos da franquia nasceram. Lá, agora encontramos uma Sidney (Neve Campbell) fazendo carreira na literatura, que colocou em palavras toda sua história de sobrevivência ao longo de todos esses anos. Ela logo reencontra o agora casal oficializado Dewey (David Arquette) e Gale (Courteney Cox) e os três precisarão enfrentar um novo assassino que aparece para infernizar toda a cidade.


O roteiro é mais bem estruturado do que nos filmes 2 e 3. Consegue um ritmo interessante sem perder as características da franquia, entre os pontos principais, as enormes referências a outros filmes de terror. Cenas que relembram outros filmes acabam virando um paralelo logo identificado pelos fãs da saga criada por Kevin Williamson. O filme tem espaço para os dilemas da relação entre Dewey e Gale que não anda nada bem, parece que caiu na mesmice do cotidiano. A chegada dos eventos trágicos de alguma forma reacende esse casal que se conheceu no perigo. É muito produtivo quando há um desenvolvimento de personagens tão emblemáticos para a trama. Já Sidney continua sendo um enorme perigo para toda sua família e os que ficam perto dela, a personagem símbolo mais uma vez usa e abusa de seus truques atrapalhados para sobreviver a mais uma caótica perseguição.


Pânico 4 se mostra um ótimo filme para os fãs e tem a coragem de buscar atualizações e melhorias dentro de sua narrativa sem perder as características, essências, que transformaram essa saga em uma das mais conhecidas da história do cinema.


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10/01/2022

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Crítica do filme: 'The Tender Bar'

 


As memórias e os ensinamentos que temos pelo nosso viver. Baseado no livro homônimo do escritor norte-americano, vencedor do Pulitzer, J. R. Moehringer, The Tender Bar aborda a questão da família em cima do subtópico ‘pai é quem cuida’. Ao longo dos reflexivos 106 minutos de projeção acompanhamos a saga de um jovem que busca na referência de seu tio razões para encontrar felicidade em um mundo repleto de conflitos e onde quase sempre as coisas não saem como planejado. A direção é assinada pelo ganhador do Oscar George Clooney e com destaques para as atuações de Ben Affleck e Tye Sheridan.


Na trama, conhecemos Jr (Tye Sheridan) um jovem repleto de sonhos que cresceu nas dificuldades que sua mãe (Lily Rabe) enfrentou em sua jornada de mãe solteira, tendo que recomeçar a vida e voltando para a casa do seu avô (Christopher Lloyd), onde mora também seu tio Charlie (Ben Affleck) que acaba virando sua grande referência na vida. Charlie tem um bar, com enormes referências à literatura, e onde Jr passa muitos de seus dias aprendendo nas leituras de clássicos mas também com as histórias de vida dos frequentadores.


Há uma linha muito delicada, traçada, para mostrar a questão da referência. Há um conflito enorme no personagem principal que é muito bem explicado com o paradigma dos sonhos de sua mãe para ele e a liberdade das escolhas que chegam por meio de seu tio. No arco final tudo faz muito sentido e vale o destaque para um diálogo profundo entre o protagonista e sua mãe sobre o que ele realmente quer da vida. E falando nesse tio, é quase um outro protagonista. Personagem difícil de decifrar, um autodidata limitado à sua bolha, culto e sem ambições, com seus conflitos no presente e no passado, que precisa ser uma espécie de pai para seu sobrinho. Ben Affleck rouba a cena em muitos momentos, em uma interpretação profunda, delicada e corajosa.


O filme, lançado no início de 2022 diretamente na Amazon Prime Video, por meio das memórias de J. R. Moehringer , nos prende a atenção do primeiro ao último minuto e de várias formas nos faz refletir sobre nossas próprias vidas e todas as referências que encontramos em nosso longo caminho entre sonhos, obstáculos e a necessidade quase impositiva de ser feliz.

 

 

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23/12/2021

Crítica do filme: 'Being the Ricardos'


As escadas da ambição em contraponto as emoções. Buscando explorar um recorte na vida profissional e amorosa do ator cubano radicado em Hollywood Desi Arnaz e da talentosa e exigente nova iorquina Lucille Ball, Being the Ricardos, disponível na Amazon Prime Video é um filme que navega pela metalinguagem para nos mostrar as dores e exigência de uma época onde a indústria do entretenimento só crescia e moldava o famoso American way of life. Escrito e dirigido por Aaron Sorkin, mesmo com duas ótimas atuações dos seus protagonistas, Nicole Kidman e Javier Bardem, o filme parece se perder no seu tempo, no seu ritmo de narrativa, acaba não se desenvolvendo aos olhos do espectador.


Na trama, conhecemos Lucille Ball (Nicole Kidman) e Desi Arnaz (Javier Bardem) dois famosos atores da década de 50 nos Estados Unidos que protagonizam um dos maiores sucessos da televisão norte-americana na época: I Love Lucy. O Sitcom é visto por milhões de pessoas semanalmente deixando a dupla de artistas em grande evidência de suas vidas pessoais. Quando Lucille é acusada de ser comunista, o programa acaba enfrentando uma semana extremamente complicada com desenrolares que vão desde as incertezas sobre o futuro da sitcom até mesmo um escândalo na vida do casal.


Indicado a três globos de ouros (com boas chances de chegar com alguma indicação ao Oscar), Being the Ricardos acaba sendo um retrato frio de uma época que mistura talento com ambição como se o roteiro quisesse a todo instante puxar a cortina que separa a realidade da ficção na vida de artistas badalados e seu grande show. A metalinguagem aqui é usada em demasia como se fosse abre alas de arcos muito mal definidos dentro de uma narrativa sonolenta de Sorkin. Os conflitos dos personagens só são definidos realmente por meio de linhas tortas e diálogos complexos como se aqueles personagens fossem figuras constantes em nossas buscas pelo google. Ao longo das inacabáveis duas horas de projeção conseguimos nos conectar pouco com os personagens que por mais que seus intérpretes estejam muito bem não conseguem se desenvolver aos nossos olhos.

 

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22/12/2021

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Crítica do filme: 'Eurotrip - Passaporte para a Confusão'


Feito para se divertir sem nenhuma pretensão de caminhar em questões existenciais profundas, em 2004, chegou às telonas um filme que ficaria na memória de gerações e gerações: Eurotrip - Passaporte para a Confusão. Dirigido pelo cineasta Jeff Schaffer, seu primeiro e único trabalho assinando como diretor de um longa-metragem, o projeto é um curioso acoplado de cenas muito engraçadas, longe de um politicamente correto, que diverte do início ao fim. Para ser a cereja do bolo, uma música chiclete composta para um dos personagens se tornou um ponto de encontro para risos e gargalhadas para toda uma geração de cinéfilos.


Na trama, conhecemos Scott (Scott Mechlowicz), um jovem que acabou de concluir o ensino médio norte-americano e ao mesmo tempo acaba terminando de maneira abrupta seu relacionamento com a namorada Fiona (Kristin Kreuk) com quem achou que ficaria pra sempre. Ingênuo é sempre zoado pelos amigos e por seu irmão menor. Ele pratica alemão com uma pessoa que mora em Berlim e que ele acredita ser um homem, só que ele está enganado e a pessoa com quem ele fala todo dia pelo computador na verdade é uma linda garota chamada Mieke (Jessica Boehrs). Desesperado em fazer acontecer esse relacionamento, ele se junta a Jenny (Michelle Trachtenberg), Jamie (Travis Wester) e seu grande amigo Cooper (Jacob Pitts) para uma volta pela Europa à procura de Mieke.


Surfando na década da onda onde filmes com adolescentes se tornam protagonistas com suas situações engraçadas e situações que todos de alguma forma já enfrentaram ou ficaram sabendo, como o precursor American Pie, Eurotrip - Passaporte para a Confusão buscou seu caminho através do imaginário inusitado do universo das viagens em grupo. Os exageros chegam em forma de contexto social para à época: como o valor do dólar em parte da Europa, as famas da liberdade nas cidades holandesas, o controle rígido do Vaticano em torno da figura do Papa, à procura sempre intensa aos museus e passeios culturais, o recorte sobre o hooliganismo que nada mais é que um comportamento destrutivo e desregrado ligados à algumas torcidas britânicas de futebol, até mesmo os primórdios da internet.


A trilha sonora acaba ganhando um papel importante nesse trabalho. Uma banda formada em Boston em meados da década de 90 chamada Lustra, sem grandes sucessos até então, ganhou na loteria em 2004 ao compor a canção Scotty Doesn't Know que virou a grande referência desse projeto que diverte do início ao fim. Quem não viu, tem a chance de assistir na Amazon Prime Video....e mais uma coisa... não conte pro Scott!

 

 

 

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