Carregado muito mais pela tentativa de provocar emoções do que por um roteiro estruturado de forma equilibrada, o curta-metragem No Compasso do Coração nos leva até um recorte imersivo - e muitas vezes subjetivo - a partir de um personagem autista que encontra, nos movimentos corporais através da dança, aquilo que o liberta. Pena que a narrativa não encontra elos para uma construção coesa e articulação consistente dos acontecimentos, deixando o público refém de breves respiros traduzidos em mensagens importantes.
Com uma relação próxima com a mãe, Olivio tem um verdadeiro
fascínio pela expressão artística do corpo em movimento: a dança, onde encontra
um oásis para expressar, através de gestos, sentimentos conflitantes. Em meio à
pandemia, uma importante apresentação é cancelada, e o protagonista precisa
lidar com a ansiedade. Juntando as peças desse momento delicado, ele não
desiste de retomar o contato com o pulsar da vida.
Dentro dessa perspectiva sensorial, cheia de percepções
individuais, a relação familiar e a arteterapia ganham espaço – e encontram,
aí, caminhos para que mensagens sejam transmitidas -, mas sempre com uma
necessidade de inserir o público por meio de um leque limitado de perspectivas,
fato que tira o olhar observador mais amplo sobre um contexto que não se
apresenta de forma envolvente.
Do isolamento às reconexões, No Compasso do Coração, selecionado para a mostra Sob o Céu Nordetino do Fest Aruanda 2025, é um caso clássico de ‘corrida ao clímax’,
um calcanhar de aquiles evidente que compromete o impacto emocional, mesmo diante
da boa intenção das reflexões que conseguimos alcançar.
















