Um dos filmes mais desafiadores do cinema brasileiro lançados ainda em festivais no ano de 2025, o longa-metragem Uma Baleia Pode ser Dilacerada como uma Escola de Samba é, basicamente, uma alusão ao carnaval inserida dentro de um contexto das angustias de um protagonista que vê seu sonho não se realizar. A partir do contraponto peculiar de associar uma grande festa se abraçando a momentos tristes, acompanhamos uma história que convoca a paciência – embora até ela pode acabar.
Dividido em curtos capítulos que fazem referências diretas à
maior festa popular de nosso país, por meio de uma autoapresentação de
personagens, nos leva até uma história que apresenta um presidente de uma
escola de samba que percebe chegar ao fim os dias de folia. Entre as memórias
de um começo promissor até um presente de agonias, com a falência batendo à
porta, somos guiados por personagens que circulam em torno da amargura do
adeus.
Na tentativa de ser um experimento poético, o projeto
dirigido por Marina Meliande e Felipe M. Bragança, esbarra em uma narrativa
lenta, que insiste em construir uma atmosfera indecifrável pelo subúrbio
carioca. Esse incômodo no ritmo parece ser uma proposta - um desafio ao
espectador – talvez na esperança de suscitar reflexões variadas. A poesia
contemplativa chega por meio de imagens e movimentos que dizem pouco sobre o
que é essa história, além do óbvio, se arrastando por intermináveis 70 minutos
de projeção.
Do musical aos dramas de um encerramento de ciclo, o roteiro
apresenta seus confrontos ao sensibilizar e sugerir, se escondendo do dinamismo
– algo que a narrativa clama em alguns momentos, mesmo com uma composição
visual que estimula o olhar e chama a atenção. Nessa visão pessimista de almas
solitárias perdidas no caos de uma cidade (aqui representado também pela
violência), Uma Baleia Pode ser
Dilacerada como uma Escola de Samba se desponta como um verdadeiro teste de
paciência, disponibilizando reflexões isoladas dentro de um mar de tristeza –
do abre-alas até cruzar seus créditos finais.


