05/09/2012

Crítica do filme: 'O Quarto do Filho'


'...um retrato devastador de uma família após uma tragédia...'

Até aonde vai a dor de uma família após uma tragédia devastadora? Em meados de 2002 estreou em nossa terra verde e amarela o longa italiano “O Quarto do Filho”. Escrito, dirigido e interpretado por Nanni Moretti, o filme vai além de todas as questões levantadas em produções semelhantes focando do início ao fim em um homem e as escolhas que fizera em uma tarde agradável ao que parecia ser mais um fim de semana como todos os outros.  O longa é profundo, entra no drama de uma família e seu modo de viver diferente após uma enorme tragédia.

Na trama, somos apresentados a um psicanalista chamado Giovanni e a sua simpática família. Sua linda mulher é uma profissional ativa, extremamente carinhosa com os dois filhos do casal. Giovanni trabalha em casa, em uma área reservada para atender seus pacientes, e sempre que pode tenta interagir à sua maneira com os filhos. Logo de início, o psicólogo é chamado à escola por conta de uma acusação à seu filho. Sequencias mais tarde percebemos que o relacionamento dos dois não é muito próximo, fato que se complica e se torna irreversível após uma triste situação que abala toda essa família para sempre.

Escrever o que acontece para a mudança da história é praticamente estragar o filme para você leitor, saiba apenas que é algo muito triste e que essa situação impacta efetivamente na mudança dos personagens a partir do ocorrido. O longa tenta mencionar a família mas claramente é focado no pai desse lar de classe média. Todos os movimentos da trama giram aos olhos de Giovanni: seu relacionamento deveras difícil com seus pacientes, sua relação com a mulher e a falta de entendimento com o filho, além, do pequeno (porém evidente) distanciamento para com a filha. Assim, entramos na vida dessa família. Tristezas intrínsecas vão tomando conta da trajetória, a possibilidade de felicidade, a partir da catástrofe, se torna uma tentativa cada vez mais distante. O cinéfilo se pergunta: será que eles vão conseguir superar?

Um retrato devastador de uma família após uma tragédia, não há outra maneira definir essa maravilhosa fita italiana. Um dos detalhes marcantes que vemos é uma direção iluminada de Nani Moretti. Pra quem tem coração forte e gosta de filmes bons, recomendado fortemente.
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03/09/2012

Crítica do filme: 'Bernie'


'Cuidado bigodinho! Se o apartamento da megera falasse...'

Um erro fatal é passivo de perdão? Com uma espécie de filme trágico/cômico o texano Richard Linklater (que dirigiu o inesquecível “Antes do Amanhecer”) retorna às telonas, após um descanso de 3 anos, com seu novo trabalho “Bernie”. Nesse drama que se mistura na comédia, sempre em medidas certas, agrada pela simplicidade e nos carismáticos personagens, principalmente seu protagonista, um homem com muitas facetas e talentos que possui um ‘status’ alto dentro da comunidade onde vive mesmo após um terrível assassinato cometido.

Na trama, conhecemos o educado Bernie Tiede um homem altruísta e querido por todos na região onde mora. Certa vez conhece Marjorie Nugent uma idosa com muito dinheiro que passa a tratar Bernie como um grande amigo. Só que, após algum tempo de relação, Marjorie mostra sua verdadeira face (conhecida por todos na região): megera, chata, insuportável essa personagem da veterana Shirley Maclaine. Não agüentando mais a situação em que vive, Bernie, em um ato impensável mata Marjorie e esconde por algum tempo o fato na cidade. O ponto alto do filme é depois do ocorrido e a descoberta do mesmo. A mobilização da cidade a favor do protagonista é um trunfo poderoso que as autoridades, representadas pelo promotor Danny Buck (Matthew McConaughey), tentam a todo instante combater.

Jack Black canta, dança e interpreta de maneira muito segura seu pacato personagem. A liberdade de criação para o intenso artista é controlado sabiamente pelo diretor (que também o dirigiu no sucesso “Escola do Rock”). Consegue ter o personagem em suas mãos o tempo todo se tornando um dos melhores trabalhos do ator californiano.

Por meio de entrevistas conhecemos um pouco a opinião das pessoas que conviveram com Bernie. Os coadjuvantes idosos, aqueles que aparecem por meio dessas entrevistas, são ótimos. Preenchem as lacunas do roteiro com humor, simplicidade e sutileza.

Para grande surpresa, ao final do longa, sabemos que se trata de uma história real. Imagens do verdadeiro Bernie são mostradas (até um encontro dele com o ator que o interpreta nesse filme, Jack Black).

Não deixem de conferir esse bom filme que garante ótimos minutos de diversão.
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02/09/2012

Crítica do filme: 'Os Mercenários 2'


'...o epicentro do riso são auto-piadas de personagens de outros tempos...'

Dirigido pelo cineasta inglês Simon West (diretor de “Con Air – A Rota da Fuga”), “Os Mercenários 2” é um filme de ação que conta com um recheio generoso e nostálgico de comédia onde o epicentro do riso são auto-piadas de personagens de outros tempos que também foram interpretados por esses famosos atores de longas de ação. Empolga a platéia gerando risos aos montes, vai agradar uma legião de cinéfilos.

Na trama, novamente somos guiados por Barney Ross e sua gangue de sanguinários mercenários bonzinhos a mais uma missão vingativa que envolve um terrorista que pretende vender plutônio para pessoas com intenções perversas. Após a contratação de mais um integrante à equipe, Bill, os mercenários seguem uma missão atrás de outra conseguindo com êxito eliminar seus objetivos. Mas, quando uma das missões falha e o jovem Bill é capturado pelo vilão ‘Grande Dragão’, Barney e seus amigos partem um busca de vingança e contam com a ajuda de John McClane, do ‘Terminator’, além de Braddock.  

O filme consegue ser superior ao primeiro em muitos aspectos. O roteiro não é nada diferente do que já vimos em outras fitas de ação, a grande sacada é a maneira como as ‘piadinhas’ conseguem um grande efeito nos diálogos dos personagens. É como se ‘Os Mercenários 2” fosse uma grande união de antigos astros falando: ”Nós estamos mais velhos mas sabemos fazer um filme deste tipo”!

Muitos podem dizer que é um longa de ‘ação/pastelão’ mas não é bem assim. Tem história, tem fortes personagens, tem uma boa direção. É muito mais do que uma simples reunião de atores que marcaram uma geração. É uma grande oportunidade para uma recente geração conferir nas telonas esses vovôs que sempre prendem a atenção quando aparecem! Diverte e por isso vale a pena ser conferido!  
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01/09/2012

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Crítica do filme: 'Cosmópolis'


'...A inteligência de uma viagem ultrareal da Próstata assimétrica...'

Baseado em um livro de Don DeLillo, chega aos cinemas no próximo 7 de setembro o novo filme do cineasta canadense David Cronenberg, "Cosmópolis". Metáforas e mais metáforas em diálogos profundos e deveras inteligentes marcam o longa que é estrelado pelo vampiro (de outros filmes terríveis) Robert Pattinson. Falando sobre o tempo e os avanços da tecnologia, em suas elucubrações sobre o destino da sociedade, Cronenberg cria uma fita feita para ser atemporal. Pela profundidade de seus ótimos personagens, o filme pode gerar desconforto ao espectador por conta da variedade de informações a cada minuto.

Na trama, conhecemos Eric Packer (Robert Pattinson) que faz uma viagem de descobertas perigosas, a bordo de uma limusine, para conseguir um corte de cabelo - ter ameaças contra sua vida traz ao personagem a sensação de liberdade. Seguindo rumo a seu objetivo, encontra os mais excêntricos e brilhantes personagens que, de certa forma, contribuem para que mudanças ocorram no seu entendimento sobre a vida e a sociedade.

Com muitas personalidades e uma alta profundidade nos diálogos, este é um longa para quem gosta e entende o cinema de Cronenberg. A história gira em torno do supracitado personagem principal: um bilionário, inconsequente, que gosta de números e ‘ama’ muitas mulheres nessa sua caminhada. Para dar vida a tal excentricidade, qualquer ator poderia ter sido escolhido. Pattinson se esforça, mas quem comanda o show é o veterano diretor David Cronenberg.

Mesmo que você goste e entenda as ideias originais do cineasta, alguns diálogos dificultam o entendimento da trama, às vezes mais difícil que definir a extensão do número PI (destaca-se a alma matemática deste roteiro). Rumores são gerados para definir as conclusões de ações e seus impactos. São conversas profundas, difíceis de digerir; se faz necessária muito atenção a cada detalhe. Uma dica, se você se sentir perdido pense: o impacto da tecnologia é destrutivo, esse é o cenário!

Síndromes x Complexos. Esse combate, proposto brilhantemente já no desfecho da trama, leva o público a entender melhor o protagonista, de ‘próstata assimétrica’, e o mundo de desespero em que os outros vivem, não ele. Sua debochada alienação à realidade faz nascer importante revolta dentro do mesmo, trazendo-lhe um espírito de liberdade totalmente inconsequente.

Tecnicamente excelente, “Cosmópolis” receberá muitas críticas negativas, mas sem dúvidas é um dos grandes trabalhos desse visionário diretor canadense.
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30/08/2012

Crítica do filme: 'The Cold Light of Day'


O morno encontro de Superman e McClane à procura do oitavo passageiro

O novo filme de ação “The Cold Light of Day” tinha a possibilidade de encontrar um lugar ao sol cinéfilo em um ano de poucos bons filmes de ação, porém, o resultado não bem o que os amantes da sétima arte esperavam. Dirigido pelo cineasta Mabrouk El Mechri a trama é recheada de clichês que se amontoam na tela como se fossem abelhas à procura de mel. Não há entrosamento entre o elenco, as cenas de discussão familiar são frias e parecem extremamente forçadas. A câmera fica mais preocupada em pegar as marcas famosas que desfilam ao longo do filme do que imagens qualificando aquelas sequências. Somos guiados em um enredo que tem muita correria e pouca história.

Na trama, somos rapidamente apresentados a Will, um homem que chega à Espanha para reencontrar a família para uma espécie de reunião familiar forçada. Totalmente incomodado por estar ali (percebemos a falta de harmonia com seu pai), e o desejo de voltar para a cidade onde trabalha para resolver problemas urgentes de sua pequena empresa à beira da falência deixam o clima da reunião muito abalado. Porém, após uma ‘ancorada’ em um paraíso tropical, Will vai até a costa dar uma caminhada só que quando volta o barco de sua família desaparece e ele terá que correr contra o tempo para descobrir o que aconteceu com eles.

Esse é o último filme antes de Henry Cavill virar o Superman (produção que será lançada em 2013 e terá a direção de Zack Snyder). Preocupa, mais uma vez a atuação dele (como já vimos em ‘Imortais’). Será que ele dará conta de interpretar um personagem que precisa de um protagonista influente para apagar de vez todos os erros de outras franquias do homem de aço? Não sabemos, só podemos torcer para que ele virar um bom ator rapidamente.

A personagem de Sigourney Weaver é uma confusão só. Completamente insana e de atos muito duvidáveis, tem uns trejeitos esquisitos, volta e meia temos a sensação de que a mesma está à caça do oitavo passageiro. Um dos piores papéis que a veterana artista nova-iorquina já viveu no cinema. Bruce Willis não interpretou Martin Shaw, ele interpretou John McClane. Somente isso falarei sobre a atuação terrível desse grande astro hollywoodiano.

Um filme onde nada se encontra. O espectador se sente brincando de pique-esconde correndo como louco atrás de alguma sustentação para tentar entender a loucura da história. Terrível, um dos piores filmes do ano. Alô framboesa de ouro! 
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29/08/2012

Crítica do filme: 'O Exótico Hotel Marigold'


Preferível dormir em casa do que na sala de cinema.  

Baseado na obra de Deborah Moggach (que escreveu o roteiro do sucesso "Orgulho e Preconceito") chegou aos cinemas em 2012, brevemente aliás, o novo filme do inglês John Madden, “O Exótico Hotel Marigold”. Nesse drama com pitadas bem sutis de comédia, a narrativa e sua lentidão deixam o público em estado sonâmbulo, louco para tirar aquele breve cochilo. A fórmula não dá certo.

Na trama, um grupo de idosos britânicos (alguns aposentados) resolvem viajar para a Índia para passar um tempo. Chegando na terra dos incensos, se hospedam no Hotel Marigold, administrado por um jovem simpático. Aos poucos histórias se cruzam e cada um dos personagens começa a ver a vida de uma nova maneira. São muitos personagens: tem uma velhinha deveras chata e preconceituosa que viaja para fazer uma cirurgia, uma recém viúva que tenta aprender sobre tecnologia (tem até um blog) e vive tentando fugir da realidade onde seu marido falecido deixou-a com uma grande dívida, um senhor de alta idade que tenta achar uma companheira mais jovem, ou necessariamente uma pessoa que lhe faça companhia nas estradas da vida, um jurista de alto cargo que resolve largar tudo e ir para índia, além de um casal que não se aceita mais como marido e mulher (implicâncias rolam soltas de ambos os lados).

A terra dos incensos vira um lugar de descobertas e muitas aventuras desse grupo já na terceira idade. Pratos exóticos, choque cultural, um mundo novo, completamente diferente. O desafio é enfrentar e tentar uma ‘nova vida’ nessa terra populosa e diferente do que eles estão acostumados. O problema é que o filme te leva ao sono facilmente, algumas partes agradam mas como um todo não cria elos com o espectador. É muita história, a maioria desinteressante, ao longo da inacabável fita. Falta um pouco de profundidade em muitos dos personagens presentes em cena, o roteiro não consegue ter méritos de amarrar bem a história.  Não há lições de vida, atores se esforçam mas seus personagens são chatos e não conseguem prender a atenção (o que é fundamental em filmes longos).

Em um ano de tantos filmes bons que passam a cada semana no circuito brasileiro, esse chega a ser cravado como uma das grandes decepções do ano. Preferível dormir em casa do que na sala de cinema. 
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28/08/2012

Crítica do filme: 'Margaret'


Um filme inteligente que não surgiu para ser ‘mainstream’

O nova-iorquino Kenneth Lonergan (que dirigiu o ótimo “Conte Comigo”) consegue em um longo filme narrar com muita inteligência as atitudes de uma adolescente em crise após um determinado acidente.  O longa tem cenas dramáticas, fortes e sensíveis ao mesmo tempo que preza pelo lado humano, em meio ao caos emocional instaurado.  O desfile de rostos famosos que aparecem ao longo da trama, cada um com seu pequeno papel, ajudam e muito a construir essa ótima história.

Na trama, conhecemos Lisa Cohen (interpretada muito bem pela mais jovem ganhadora do Oscar Anna Paquin) uma jovem com graves problemas de diálogos com sua mãe que acaba em um certo dia testemunha de um acidente fatal de ônibus. Após esse dia, a troca pela culpa é a nova caminhada que a jovem percorre, para tal, conhecemos aos poucos novos rostos que ajudam a adolescente a definir o tamanho da parcela de sua culpa nesse acidente.

O papel da mãe é muito definido (fabuloso trabalho da atriz americana J. Smith-Cameron). Solteira, atriz veterana dos palcos, leva uma vida de artista e quando volta para casa não consegue se entender com a filha. As duas estão passando por uma fase complicada, o que de fato atrapalha muito essa relação. A decadência das escolhas da protagonista começam após um grave acidente onde a mesma tem uma grande parcela de culpa. Discussões fervorosas com sua mãe e seus amigos na escola mostram o descontrole que paira nessa adolescente completamente em crise emocional.

O ponto negativo da fita vai para o sua duração. Muito longo, por mais que não possamos dizer que conta com demasiadas cenas desnecessárias. Não existe o famoso ‘encher lingüiça’ mas o tempo poderia ter menor.  

O cinéfilo mais atento e fã de David Lynch ficará surpreso: Laura Palmer aparece de relance um uma cena, reparem só!

Aulas de história, sociologia e literatura levantam questões importantes oriundas das dúvidas das jovens mentes. Vale a pena conferir e indicar se gostar. Um filme inteligente que não surgiu para ser ‘mainstream’ e agrada muito o público cinéfilo.

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23/08/2012

Crítica do filme: 'O Vingador do Futuro (2012)'


O novo e futurístico filme do californiano Len Wiseman (diretor do filme "Duro de Matar 4.0" e de dois filmes da saga "Anjos da Noite") trás tatuagens neon, mãos-telefone, arma Beto Carrero (uma pistola que dispara laços magnéticos), carrinhos do Speed Racer, a volta dos três peitos e uma dinâmica de videogame, fazendo com que parte do público (talvez mais o segmento ‘Nerd’) se aproxime da trama aguardando os novos movimentos do “jogador”. As mentirinhas que vemos ao longo da história (que são como abelhas à procura de mel), não atrapalham a diversão do espectador.

Na trama conhecemos Douglas Quaid, um operário de uma fábrica que tem sérios problemas para dormir. Um dia, impulsionado pelas palavras de um conhecido, resolve ir até uma empresa que oferece implantes de memórias falsas de uma futura e improvável vida (uma espécie de Brilho eterno de uma mente ‘com’ lembranças). Porém, durante o experimento algo dá errado e ele começa a ser perseguido e deduzir que não é quem imagina. Assim, descobertas e mais descobertas dão ritmo à esse eletrizante filme de ação.

As cenas de luta são muito bem feitas e filmadas, adrenalina à flor da pele principalmente na cena “Sr e Sra. Smith”/ “Dormindo com o Inimigo”. O diretor tem experiência com filmes de ação, o que provavelmente ajudou no processo construtivo de cada sequencia. O único personagem que foge um pouco da compreensível realidade é Lori Quaid (interpretada pela bela artista Kate Beckinsale), às vezes paranóica leva a sério uma obsessão de uma falsa casada provavelmente treinada pelo Jet Li.

Falando sobre mais personagens, Colin Farrell interpreta o protagonista e tenta passar um ar de surpreso com seu confuso personagem. Tem química na jogada chama o Bryan Cranston. O veterano ator californiano (que interpreta o químico Walter White no mega sucesso da televisão “Breaking Bad”) faz o vilão da trama que parece conhecer muito mais do personagem principal do que o mesmo.

O Vingador do Futuro (2012) é um grande pipocão sem muitas pretensões de ser bem aceito por todos, somente vem com a proposta de ser melhor que a primeira versão.  

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22/08/2012

Crítica do filme: 'Rock of Ages'


De Bon Jovi à boy band, um excelente musical com atuação de gala do Tom Cruise de Notre Dame

Comandado pelo cineasta californiano Adam Shankman (que dirigiu filmes como "Um Amor Para Recordar" e "Hairspray - Em Busca da Fama"), “Rock of Ages” é um grande e envolvente concerto cinematográfico. O ‘coral do buzão’ dá início ao aguardado musical que entre muitas histórias temos um escravo do rock em busca de uma canção perfeita e um casal que leva o amor que sentem para cima do palco e expressam isso em forma de canções. O longa é sutil e de apelo popular para mostrar a transformação da indústria fonográfica (e ao mesmo tempo fazer uma crítica à mesma). Às vezes sentimos muita cantoria e pouca história mas nada de muito grave que atrapalhe a diversão do espectador.

No filme, conhecemos Sherrie e sua botinha country, uma jovem que parte de sua cidade de poucos habitantes para uma badalada e grande metrópole que respira rock and roll. Lá se apaixona, conhece o glamour, o mundo das celebridades musicais e o maior ícone do segmento, um rockeiro que adora beber e seduzir as mulheres. Durante o filme o público fica entusiasmado pela excelente trilha sonora que acompanha o longa. Entre tantas ótimas execuções sonoras, quem vos escreve elege a versão de “More Than Words” do Extreme como a campeã, ficou excelente. Ainda falando sobre a trilha, a música de abertura parece com algumas canções de outro musical de sucesso, “Hairspray”.

Esse amor Rock and Roll é composto por excelentes personagens interpretados por nomes conhecidos que contribuem, cada um deles, para o sucesso do filme. Julianne Hough é uma ótima surpresa, canta muito bem, interpreta com simplicidade e com uma espontaneidade que tornam sua personagem muito carismática aos olhos do público.  Catherine Zeta-Jones e sua caricata personagem (Patricia Whitmore) contornam bem o lado dos vilões que possuem o simples objetivo de terminar com a alegria dos roqueiros. Russell Brand e seu cabelo ‘Restart’ tem maravilhosas sacadas e fazem o público gargalhar em vários momentos, faz ótima dupla com Alec Baldwin. Esse último, e seu inseparável casaco de felino, dá um ótimo ritmo para toda a trama que acaba passando ao redor de seu personagem (dono do estabelecimento onde os shows acontecem). Tom Cruise dá vida à Stacee Jaxx. Com muita segurança e loucura, seu personagem vira, logo que aparece pela primeira vez, o preferido de todos. Cheio de anéis, óculos chamativos, uma corcunda proposital e com Hey Man como escudeiro, Cruise consegue divertir muito a plateia. Um ótimo trabalho desse consagrado e muitas vezes criticado artista americano.

Falando sobre uma curiosidade, impressionante como a repórter da Rolling Stones, papel de Malin Akerman, é parecida com Nicole Kidman no longa “Dias de Trovão”. As sátiras que volta e meia aparecem na trama, animam a plateia. As críticas feitas pelo filme, são leves, inteligentes e implementadas de forma sutil o que aproximam sempre os olhos cinéfilos da telona. A sequência da ‘Boy Band’ é sensacional!

É um show? É um filme? Não importa como você define esse trabalho, o certo mesmo é você não deixar de conferir essa ótima diversão!
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21/08/2012

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Crítica do filme: "Um Divã para Dois"


...O velho bacon, os velhos ovos com a gema dura, o talento de sempre de uma dupla que enche  sessões desde sempre...

O novo trabalho do diretor nova-iorquinho David Frankel não era fácil, dirigir na telona dois grandes atores que só por constarem no elenco de um filme já geram expectativa. Para a alegria dos cinéfilos, o cineasta que dirigiu, entre outros filmes, "Diabo Veste Prada" e "Marley & Eu" consegue fazer um filme maduro, como os personagens que estão no epicentro de uma crise no seu casamento. Com o lema “Mesmo bons casamentos tem anos ruins”, “Um Divã para Dois” é uma comédia com pitadas de drama que agrada de uma maneira geral, pena que a trilha sonora não encaixa com o filme. Uma grande decepção nesse aspecto.

Na trama, um casal já na flor da terceira idade enfrenta uma crise intensa em seu relacionamento. Para tentar fugir da mesmice procuram se entender em algumas sessões de aconselhamento de casais, sob o comando de um médico experiente no assunto. A lembrança de momentos vivos na vida daquele casal reacende a chama que não mais existia. O pedido de casamento com direito a anel no pão doce, noites inesquecíveis, viagens memoráveis, todas essas situações despertam novamente aquele sentimento que estava guardado dentro daquele casamento de 31 anos.

É um filme maduro como os personagens. Interpretar um mal-humorado rabugento é com o Tommy Lee Jones, impressionante como está na sua essência (assim como o Sean Bean para interpretar reis em histórias medievais). O ganhador do Oscar chega a rouba a cena em alguns momentos, excelente atuação. Seu personagem Arnold é rabugento, mão de vaca que curte golf e há tempos que não abraça sua mulher, entra em um processo de grande transformação ao longo do filme. Sua mulher, Kay, é interpretada pela grande rainha dos cinéfilos. O jeito de falar, o encaixe nos trejeitos, Meryl Streep consegue, como poucas, fazer qualquer papel muito bem, é impressionante. Interpretando o doutor especialista em recuperar casamento, temos o comediante Steve Carell. Em alguns momentos, é engraçado ver o Steve sério, ser cômico está em sua essência.

O filme tem seus méritos por falar de sexo na terceira idade sem ser vulgar. Méritos do roteiro de Vanessa Taylor (que já escreveu episódios de seriados como "Game of Thrones" e "Everwood"), aproxima o público, de todas as idades, da história facilmente com diálogos leves e descontraídos. O velho bacon, os velhos ovos com a gema dura, o talento de sempre de uma dupla que enche  sessões desde sempre. Uma ótima diversão, lotem as salas de cinema!
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