16/09/2012

Crítica do filme: 'Entre o Amor e a Paixão'




Como não gostar de um casal que comemora o aniversário de casamento indo ao cinema? Com uma abertura detalhista, a rainha do drama Sarah Polley une a ex-Marilyn Monroe, Michelle Williams e o ator de comédias Seth Rogen em um filme profundo em busca da verdadeira essência da felicidade, assim começamos falando do ótimo “Entre o Amor e a Paixão”.

Na trama somos apresentados a Margot e Lou, um casal muito simpático que enfrenta uma crise definida pela mesmice. O público é guiado para dentro desse relacionamento que logo fica exposto que há um tipo de solidão, tristeza que insiste em tomar conta do ambiente. Com a entrada de um novo vizinho na história, Margot não sabe o que fazer, se fica fiel ao marido que escreve livros sobre cozinhar frangos ou se entrega a uma paixão avassaladora.

O filme tenta quebrar o clima sofrido/melancólico com alguma hidroginástica feminina, brincadeiras infantis entre o casal protagonista e metáforas guiadas por uma trilha fabulosa. Olhar aquele relacionamento à olho nu leva literalmente à diretora a takes polêmicos.  Alguns nus frontais totalmente desnecessários, outros se justificam, em partes. O jogo sedutor começa. Declamações sexuais, desejos escondidos, o proibido vai se tornando cada vez mais real, eminente. A trilha sonora é excelente. Se encaixa perfeitamente em toda essa profunda trajetória.

Os atores estão muito bem. Seus personagens são intensos, apontados para o melodrama. Seth Rogen não consegue esconder seu lado cômico mas nesse trabalho diferente de outros, vemos um gigante, engraçado, controlado e gentil. Melhor papel dele no cinema. Às vezes ingênua, às vezes sonhadora, a personagem de Michelle Williams fica a um passo da traição, do novo, da paixão. Medo de aeroporto, medo de estar entre duas coisas, tem até medo de ter medo. Mais uma excelente interpretação dessa jovem talentosa. O desconhecido Luke Kirby (também muito bem em seu papel) é o outro ângulo desse triângulo. Seu personagem é um artista medroso que não consegue mostrar sua arte ao mundo e ganha a vida levando um carrinho de passeio na lagoa, até se apaixonar por sua vizinha.

Será que um olhar vale mais que mil palavras? Somos testemunhas de uma grande direção. Cenas belíssimas vão compondo o longa. A cena da piscina é ótima, praticamente coloca o espectador em um novo capítulo. Isso é um fator positivo, pois, é como se uma mágica é quebrada ao toque daqueles pés molhados. Só mesmo vendo para entender.

O estilo meio paradão pode afastar alguns cinéfilos. Por isso o aviso: não corram! Deem uma chance dessa história chegar até você. Cenas de sexo em panoramas 360 graus, pensamentos que se esbarram em metáforas, o desfecho se constrói com base na premissa: entre amores e paixões faça a escolha certa! Confira esse filme.

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Crítica do filme: 'O que esperar quando você está esperando?'


O que esperar de um filme ruim quando você está esperando um filme horrível? 

Com o intuito de divertir a plateia mundo à fora “O que esperar quando você está esperando?” poderia ser um bom filme, poderia. É uma fita chata (não há outra palavra).Muitas histórias sem graça, personagens apáticos, exagerados, estereotipados, etc. A falta de diálogos mais profundos é um dos graves problemas encontrados nessa fita dirigida pelo cineasta inglês Kirk Jones.

Na trama, conhecemos cinco casais que estão prestes a entrar na galeria de pais do ano. Cada casal reage de uma maneira diferente à expectativa da primeira gravidez e algumas vezes vemos essas histórias serem interligadas. Tem o casal jovem que inesperadamente recebe a notícia da gravidez, um casal de famosos que buscam a melhor maneira de se entender quando o assunto é gravidez, uma mulher que se dedica a ensinar mamães mas na verdade reage bem escandalosamente à gravidez, entre outras histórias.

O filme, às vezes, tenta fugir da eventual mesmice do gênero mas chega na metade da fita meio que cansado desse objetivo, liberando os mais famosos clichês do cinema americano. Talvez a microtrama mais interessante seja a do jovem casal, que fica bastante unido e focados na gravidez não planejada, enfrentando uma grande barra quando perdem a criança. Infelizmente é muito pouco para uma fita podia contribuir muito mais para o divertimento do espectador.

A única coisa constante na fita é o desfile de astros que não deixam de aparecer um segundo sequer. Cameron Diaz, Jennifer Lopez, Elizabeth Banks, Anna Kendrick, Dennis Quaid, Matthew Morrison, Chris Rock e o brasileiro Rodrigo Santoro são alguns dos nomes famosos que aparecem no longa. O que adianta ter gente famosa se não tem história?

O longa, baseado no bestseller da escritora Heidi Murkoff, passa muito longe de ser um filme interessante sobre o tema maternidade. Na dúvida? Escolha o livro, deve ser melhor que o filme. Hollywood precisa parar de tentar empurrar tramas cafonas aos cinéfilos de plantão. 
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14/09/2012

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Crítica do filme: 'Intocáveis' (2012)


Um filme que transborda alegria em vez de lágrimas

Uma amizade improvável de duas pessoas que vivem em dois mundos diferentes. “Os Intocáveis (2012)” - o novo trabalho da dupla de diretores franceses Olivier Nakache, Eric Toledano vem colecionando recordes de bilheteria ao redor do mundo. Com uma narrativa leve e descontraída o filme foge a todo tempo do clima pesado (que poderia facilmente ter), assim, agradando a todo tipo de público. É uma história bonita, muito bem estruturada e adaptada para o mundo do cinema. 

Na trama, conhecemos Philippe um homem já de idade que ficou tetraplégico após um acidente de parapente anos atrás. Com grande dificuldade de relacionamento com sua família, principalmente sua filha adolescente, convoca muitas vezes ao ano candidatos para a vaga (que sempre fica desocupada) de assistente pessoal. Em uma dessas seleções conhece o carismático Driss, que fora expulso de casa pela mãe, e fica totalmente sem rumo, até conhecer Philippe. Assim, aos poucos, uma grande amizade vai surgindo levando os dois a importantes descobertas sobre o viver.

Conforme caminhamos nessa história vemos por todo lado sofrimentos, de ambas as partes. Um busca respostas, o outro busca saídas para as dificuldades que enfrenta. A relação não é de dor nem culpa (meio que um clichê em filmes do gênero) é de gratidão pela amizade. Quando um entra no universo do outro, mesmo que superficialmente, o entendimento fica mais fácil para os dois seguirem seus próprios caminhos. Nessa amizade o valor é revertido em preenchimento de lacunas um do outro. François Cluzet e Omar Sy, os dois atores estão excelentes, conseguem um ótimo entrosamento gerando um ganho instantâneo de simpatia com o espectador.

No ano de lançamento do projeto, filmes melhores tiveram bilheteria muito aquém em comparação à essa fita francesa. O boca a boca foi o grande trunfo, levou as pessoas ao cinema. Mas não há como se opor ao carisma que o filme transborda, merecidamente, faz sucesso no mundo todo. O longa é agradável e o cinéfilo poucas vezes vê o tempo passar.

Se você pensa que é um drama, esqueça. É um filme que transborda alegria em vez de lágrimas. Não deixe de conferir!

(Atualizado em 19 de julho de 2021).
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13/09/2012

Crítica do filme: 'The Babymakers'



Com a tentativa de agradar aos cinéfilos, com um tema recorrente em Hollywood, "The Babymakers” apresenta como protagonistas dois atores que simplesmente não se encontram em cena. Com personagens longe de terem algum carisma e um entrosamento que não existe, levam todos nós a crer que estão em filmes diferentes. Falta muito sintonia à dupla Paul Schneider e Olivia Munn. Tudo parece robótico. Personagens sem alma, emoção, humor. Atiram para todos os lados e não acertam em alvo nenhum. Logo digo é o clássico filme chato. Entediantes 10 minutos iniciais já indicam a qualidade do longa de Jay Chandrasekhar (diretor também do horroroso "Os Gatões - Uma Nova Balada").

Na trama , conhecemos um casal que sofre muito (principalmente o homem) por não conseguir obter a gravidez tão esperada. Após muito escutar as fofocas nocivas alheias e meio já de saco cheio de ser dado como o grande responsável de não conseguirem engravidar o rapaz (que comprou o anel de noivado com dinheiro de masturbações) recebe uma grande ajuda de seus amigos com o único objetivo de ir até um depósito e roubar o esperma que ele deixou em um banco de esperma alguns anos no passado.

A premissa tinha potencial: ‘vida de casal é afetada por não conseguirem ter filhos’. A abordagem precisava ter um tempero original, coisa que não ocorre. Uma ou outra piada tem certa competência mas no geral os diálogos pecam muito caindo sempre nas armadilhas dos clichês que parecem ser procurados frequentemente pela câmera do diretor.

Não consegue agradar nem o mais otimista cinéfilo. Procure algum outro filme para ver, com tanto filme bom sendo lançado mundo à fora é quase um pecado perder seu tempo dormindo durante essa fita.

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12/09/2012

Crítica do filme: 'Resident Evil 5: Retribuição'


A deusa ucraniana, seu óculos Óticas do povo e o encontro para os fãs de um 3D vídeo game cinematográfico.

Dirigido pelo cineasta inglês Paul W.S. AndersonResident Evil 5: Retribuição” dá um show na sua abertura em slow down, trocando de perspectiva (totalmente inversa), de trás pra frente. São 5 minutos empolgantes, a desconstrução dos fatos é inteligente e marcante. Pena que de coisas boas (fora a presença sempre bela de Milla Jovovich), só isso. Lutando contra a extinção da raça humana, somos guiados por Alice a um mundo semi-real cheio de tiros, monstrengos e armadilhas. Cenas muito forçadas, tentativas de comédia totalmente sem noção e o raio-x de cada golpe são alguns pontos baixos do filme que passa longe de ser uma boa diversão para o grande público.

Na trama, voltamos a ser guiados por Alice (personagem da belíssima ucraniana Milla Jovovich) em uma luta, dessa vez, a favor de um movimento de resistência da raça humana contra os poderosos trunfos da Corporação Umbrella. Alice e sua roupa masoquista mais os humanos que restaram se envolvem em uma guerra implacável contra aliens, mortos-vivos, parasitas que soltam balas pelas unhas, clones e muitas outras criaturas do mal.

No começo há uma explicação rápida deixando o filme aberto a todos que nunca viram os quatro primeiros. Aos poucos, vamos entendendo que se trata (mais uma vez) de um grande vídeo game cinematográfico. A história teima em não acompanhar a qualidade dos efeitos, o que já afasta metade do público. Claramente foi optado pela preferência aos efeitos, ao invés da história. Em algumas sequencias o público é até envolvido mas, em geral, tudo é muito vago, criando um grande vazio existencial.

Não irá agradar a todo o público cinéfilo. Na verdade, o longa é somente indicado para quem curte filmes de ação e/ou se tornou fã da franquia. Para esses últimos, levem os joysticks, a aventura vai começar. Para os primeiros, levem os travesseiros o sono vai te pegar!

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11/09/2012

Crítica do filme: 'Abraham Lincoln - Caçador de Vampiros'


Abe, o tio presidente que Buffy não conheceu

Dirigido pelo cineasta cazaquistão Timur Bekmambetov (“O Procurado (2008)”), “Abraham Lincoln - Caçador de Vampiros” é um filme que possui um jeito fictício e inteligente de rever a história de uma figura emblemática de séculos passados. Baseado no livro de Seth Jared Greenberg (que também assina o roteiro), a produção surpreende pela qualidade acima da média. A parte técnica tem momentos eletrizantes e sequências muito bem feitas, beirando ao impecável. Mesmo um pouco acelerado em certos momentos, é uma ótima diversão para quem curte filmes do gênero.

Na trama, somos guiados pelos olhos do décimo sexto presidente americano a um mundo misterioso de sanguessugas que desejam tomar o lugar dos vivos. Desde a infância vamos acompanhando a trajetória de Abraham Lincoln, que recebe treinamento específico para se desenvolver e virar o maior matador de vampiros do planeta. Com muitas amizades pelo caminho e descobertas macabras, Lincoln vai chegando aos poucos ao poder, posição perfeita para liderar e comandar um exército contra os mortos vivos.

A ingenuidade do jovem Lincoln é um contraponto interessante para criar uma grande empatia com o público. Sempre demonstrando suas fraquezas, se desenvolve muito ao longo da trama descobrindo com o espectador todos os mistérios do mundo dos mortos vivos que bebem sangue.  A ideia de transformar Abraham Lincoln em um caçador de vampiros é bizarra, sim, mas porque não pode dar certo? Temerosos cinéfilos já criticam o filme mesmo antes de assistir, provavelmente por conta de um comentário ou outro, espalhados pela grande rede. Além de ser um bom filme “Abraham Lincoln - Caçador de Vampiros” tem um potencial gigante para virar um seriado de sucesso.

Conseguiram criar uma maneira inteligente de contar uma história que nunca existiu. Nessa versão de antigos fatos, Lincoln lutava não só por palavras e ideais mas com um machado poderoso (detalhado em prata) cortando cabeças e mais cabeças de vampiros sedentos por sangue. O filme é direto, entra rapidamente no núcleo dos assuntos fundamentais para preenchimento de eventuais lacunas. Todo o clima é preparado para a batalha final, para sabermos quem comandará a nação, os vivos ou os mortos. Em curtos flashbacks, entre uma cena e outra, vamos conhecendo o passado de alguns personagens. Essa maneira trivial de contar a história é fundamental para o sucesso do longa.

Se surpreenda, dê uma chance ao presidente contar uma história que não existiu mas que garante o divertimento do mundo cinéfilo!

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10/09/2012

Crítica do filme: 'O Legado Bourne'


"...Gavião aranha em busca de sua autonomia na terra do comprimido azul e verde..."

Inspirado no célebre personagem de Robert Ludlum e dirigido por nova iorquino Tony Gilroy (que conduziu o excelente “Conduta de Risco”), chegou aos cinemas de todo o Brasil na última sexta-feira (07) o novo filme da franquia Bourne, “O Legado Bourne”. Para quem esperava ver novamente Matt Damon na pele do protagonista, pode esquecer. Infelizmente para muitos, Jason Bourne parece um fantasma que é mencionado durante muitos minutos na fita. Quem comanda a história agora é o ator Jeremy Renner, com seu personagem Aaron Cross. O roteiro, deveras complexo, faz toda hora menções a acontecimentos nos outros filmes em forma de histórias que correm em paralelo à trama central. Pena que muita coisa não se encaixa (é um tal de comprimidos pra lá, comprimidos pra cá), os clichês tomam conta e assim o espectador vai se afastando aos poucos, mantendo a atenção apenas nas ótimas cenas de ação que recheiam o longa.

Na trama, conhecemos um homem programado para ser um soldado, a favor de uma grande nação, que passou pelo mesmo treinamento que Jason Bourne. Quando o programa Treadstone se coloca em problemas, todos os soldados que fazem parte dele precisam ser eliminados, só restando um único sobrevivente, Aaron Cross. Assim, ao lado de uma médica especialista em vírus, Cross precisa rodar o planeta atrás de um composto que complete a experiência a qual foi alvo além de fugir das tentativas de assassinato que volta e meia o rodeia.

Às vezes nos sentimos naqueles aulões de biologia que cursos preparatórios cansam de ministrar. É célula programada, reações físicas/químicas metabólicas, praticamente saímos do cinema (isso se você não dormir) PHD’S em Biologia. Será que não tinha uma maneira mais fácil de abordar algumas questões? O filme não consegue ser uma boa diversão para quem não viu os outros filmes. Por mais que a história tenha um novo protagonista, sem ter visto os outros filmes da franquia fica difícil analisar e entender o longa em sua totalidade. Então cinéfilo, fica logo a dica, veja os outros três filmes para sentar na cadeira do cinema e conferir essa quarta produção.

Será que o treinamento de Jeremy Renner foi para ser o novo Homem Aranha? O que o ator escala de parede (com a maior facilidade) não é brincadeira. Falta carisma ao ‘novo Bourne’. Jeremy Renner (que já fora indicado ao Oscar) se esforça, transpira, pula, luta mas não consegue criar aquela empatia que Matt Damon fazia sem esforço.

Cansativo, barulhento e decepcionante. Por favor, tragam o Jason Bourne de volta!  



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09/09/2012

Crítica do filme: 'Sexo, Mentiras e Videotape'


Sue Johanson, Dr. Jairo Bauer, até mesmo antes de Babi falar de sexo nos meios de comunicação, Steven Soderbergh brindou os cinéfilos com um drama que se propõe a ser um grande divã sexual, “Sexo, Mentiras e Videotape”. As desilusões além dos jogos emocionais contidos em um relacionamento que só existe no papel é o estopim para uma série de descobertas, atrações, sexo, muitas mentiras e inúmeros videotapes.

Na trama, conhecemos John Mullany (Peter Gallagher) e Ann Bishop Mullany (Andie MacDowell) um casal que está à beira do caos, muito por conta da vida sexual inexistente. John é um advogado, com um ‘ar poderoso’ que trai a mulher com a própria cunhada, Cynthia. Essa última, vive suas excentricidades onde sempre fica claro a necessidade de ser melhor que a irmã. Para o triângulo virar um quadrado, faltava um elemento. A chegada de um antigo amigo de John (Graham, interpretado por James Spader) abala as estruturas do que sobrara desses relacionamentos, uma atração contagiante vai tomando conta do ambiente, deixando Ann completamente envolvida com esse misterioso homem.

A personagem mais intrigante da história é Ann. Declarações que indicam uma frigidez são meramente especulações de seu furioso e infeliz marido. Começamos mesmo a entender a  personagem quando ela se encontra primeira vez com Graham. Ali começa o jogo de sedução que definitivamente consegue tirar aquela mulher da mesmice. A disputa com a irmã que antes era impossível agora se torna desleal tamanho o envolvimento de Ann com o novo personagem.

As construções dos ótimos diálogos dão consistência à trama. Sempre é muito complicado falar de sexo no cinema. Steven Soderbergh merece todo o crédito, pois, seu roteiro (sim, ele também assina o filme) é acima de tudo, inteligente e atemporal. As sequências de depoimentos no videotape são ótimas e entregam ao público um pouco de cada uma das pessoas que passam pela fita.

Intenso, provocante e com ar de genial. Não deixem de conferir essa atemporal obra de Steven Soderbergh.
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08/09/2012

Crítica do filme: 'Os Infiéis'


Festival de bundas, chá verde e infidelidade da turma que comanda o ‘boi’

Reunindo dois ótimos atores franceses, uma boa direção e um roteiro com altos e baixos, “Os Infiéis” estreou no circuito nacional nessa última sexta-feira (07). Dirigido por Emmanuelle Bercot, Fred Cavayé, Alexandre Courtès, Jean Dujardin, Michel Hazanavicius, Jan Kounen,Eric Lartigau,Gilles Lellouche o longa é dividido em muitas partes (esquetes), como se fossem pequenos pedaços, que giram ao redor (em relação à temática) da trama que começa e termina o filme. Mesmo parecendo confuso à primeira vista, a produção é muito interessante tendo partes brilhantes e outras nem tanto assim.  Jean Dujardin e Gilles Lellouche interpretam cinco personagens cada um, os dois estão excelentes em cada um desses, risos e mais risos chegaram até o cinéfilo muito facilmente.

Na trama conhecemos diversos personagens que estão em dívida amorosa com suas parceiras por serem infiéis. Tem a dupla de amigos que pegam várias mulheres em uma simples balada e com um sonho de ir pra Las Vegas curtir a vida, tem o masoquista que gosta de velhinhas, tem o ‘educadinho’ que não consegue se segurar e trai sua mulher o tempo todo, tem o dentista que pega uma ninfeta mas não consegue acompanhar a geração dela, entre tantos outros.

O filme tem um ritmo que vai se modificando ao longo da fita. Mistura histórias de flagras, discussões sobre traição e o pesar da consciência que volta e meia paira sobre a cabeça de alguns personagens. O grande mérito é abordar as diversas maneiras de traição de forma simples, objetiva e muito engraçada. As sequências das reuniões dos ‘traidores anônimos’ é riso na certa (Guillaume Canet, marido de Marion Cotillard, está espetacular na pele do hilário Thibault)! A trilha sonora também merece destaque, consegue ter um espaço marcante no meio dos risos e dramas que o longa aborda, méritos para Pino D'Angiò e Evgueni Galperine.            

O show mesmo vai para os 10 personagens interpretados pela dupla dinâmica do cinema francês Jean Dujardin e Gilles Lellouche. Cenas hilárias e muito bem dirigidas são vistas em cada uma dessas sequencias. O entrosamento dos dois é algo que impressiona, fator muito visto no teatro, quando os atores estão sempre trabalhando à longo prazo.

Como em toda comédia tem seus exageros, como o momento ‘Mel Gibson’ e um festival de bundas que aparecem sem nenhuma necessidade. O fato de ser muito ‘cortado’ atrapalha um pouco o andamento do filme, é como se fosse perder pontos naquela categoria de votação das escolas de samba, evolução. Mas nada que atrapalhe a diversão do espectador.

Quer se divertir? Não perca tempo, corra para o cinema e veja essa agradável película francesa! 
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05/09/2012

Crítica do filme: 'O Quarto do Filho'


'...um retrato devastador de uma família após uma tragédia...'

Até aonde vai a dor de uma família após uma tragédia devastadora? Em meados de 2002 estreou em nossa terra verde e amarela o longa italiano “O Quarto do Filho”. Escrito, dirigido e interpretado por Nanni Moretti, o filme vai além de todas as questões levantadas em produções semelhantes focando do início ao fim em um homem e as escolhas que fizera em uma tarde agradável ao que parecia ser mais um fim de semana como todos os outros.  O longa é profundo, entra no drama de uma família e seu modo de viver diferente após uma enorme tragédia.

Na trama, somos apresentados a um psicanalista chamado Giovanni e a sua simpática família. Sua linda mulher é uma profissional ativa, extremamente carinhosa com os dois filhos do casal. Giovanni trabalha em casa, em uma área reservada para atender seus pacientes, e sempre que pode tenta interagir à sua maneira com os filhos. Logo de início, o psicólogo é chamado à escola por conta de uma acusação à seu filho. Sequencias mais tarde percebemos que o relacionamento dos dois não é muito próximo, fato que se complica e se torna irreversível após uma triste situação que abala toda essa família para sempre.

Escrever o que acontece para a mudança da história é praticamente estragar o filme para você leitor, saiba apenas que é algo muito triste e que essa situação impacta efetivamente na mudança dos personagens a partir do ocorrido. O longa tenta mencionar a família mas claramente é focado no pai desse lar de classe média. Todos os movimentos da trama giram aos olhos de Giovanni: seu relacionamento deveras difícil com seus pacientes, sua relação com a mulher e a falta de entendimento com o filho, além, do pequeno (porém evidente) distanciamento para com a filha. Assim, entramos na vida dessa família. Tristezas intrínsecas vão tomando conta da trajetória, a possibilidade de felicidade, a partir da catástrofe, se torna uma tentativa cada vez mais distante. O cinéfilo se pergunta: será que eles vão conseguir superar?

Um retrato devastador de uma família após uma tragédia, não há outra maneira definir essa maravilhosa fita italiana. Um dos detalhes marcantes que vemos é uma direção iluminada de Nani Moretti. Pra quem tem coração forte e gosta de filmes bons, recomendado fortemente.
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03/09/2012

Crítica do filme: 'Bernie'


'Cuidado bigodinho! Se o apartamento da megera falasse...'

Um erro fatal é passivo de perdão? Com uma espécie de filme trágico/cômico o texano Richard Linklater (que dirigiu o inesquecível “Antes do Amanhecer”) retorna às telonas, após um descanso de 3 anos, com seu novo trabalho “Bernie”. Nesse drama que se mistura na comédia, sempre em medidas certas, agrada pela simplicidade e nos carismáticos personagens, principalmente seu protagonista, um homem com muitas facetas e talentos que possui um ‘status’ alto dentro da comunidade onde vive mesmo após um terrível assassinato cometido.

Na trama, conhecemos o educado Bernie Tiede um homem altruísta e querido por todos na região onde mora. Certa vez conhece Marjorie Nugent uma idosa com muito dinheiro que passa a tratar Bernie como um grande amigo. Só que, após algum tempo de relação, Marjorie mostra sua verdadeira face (conhecida por todos na região): megera, chata, insuportável essa personagem da veterana Shirley Maclaine. Não agüentando mais a situação em que vive, Bernie, em um ato impensável mata Marjorie e esconde por algum tempo o fato na cidade. O ponto alto do filme é depois do ocorrido e a descoberta do mesmo. A mobilização da cidade a favor do protagonista é um trunfo poderoso que as autoridades, representadas pelo promotor Danny Buck (Matthew McConaughey), tentam a todo instante combater.

Jack Black canta, dança e interpreta de maneira muito segura seu pacato personagem. A liberdade de criação para o intenso artista é controlado sabiamente pelo diretor (que também o dirigiu no sucesso “Escola do Rock”). Consegue ter o personagem em suas mãos o tempo todo se tornando um dos melhores trabalhos do ator californiano.

Por meio de entrevistas conhecemos um pouco a opinião das pessoas que conviveram com Bernie. Os coadjuvantes idosos, aqueles que aparecem por meio dessas entrevistas, são ótimos. Preenchem as lacunas do roteiro com humor, simplicidade e sutileza.

Para grande surpresa, ao final do longa, sabemos que se trata de uma história real. Imagens do verdadeiro Bernie são mostradas (até um encontro dele com o ator que o interpreta nesse filme, Jack Black).

Não deixem de conferir esse bom filme que garante ótimos minutos de diversão.
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