09/04/2013

Crítica do filme: 'Chamada de Emergência'


O que fazer quando uma ligação é a única coisa que você tem em uma situação de perigo? Com o comando do competente Brad Anderson (O Operário), o novo suspense Chamada de Emergência consegue prender o espectador do início ao fim se tornando uma boa opção para os amantes do gênero. Mesmo com um roteiro recheado de exageros e cenas desnecessárias, o longa é a grande volta de Halle Berry aos bons papéis após um hiato de contestadas atuações.   

No angustiante drama conhecemos a operadora da central de emergências 911, Jordan Turner (Berry), querida pelos amigos, experiente na função e que possui um relacionamento feliz com um policial. Em uma tarde, recebe uma ligação de uma menina que está sendo atacada por um Serial Killer e acaba cometendo um erro, levando a uma tragédia. Alguns meses depois, a corajosa mulher poderá se redimir após receber uma outra ligação de uma menina sendo atacado pelo mesmo assassino.   

“Nunca prometa nada que não sabe se vai conseguir cumprir.” Seguindo esse mandamento, conhecemos melhor uma profissão muita explorada no cinema, porém, pouco explicada. Mesmo não sendo muito profundo nos dramas pessoais dos personagens coadjuvantes, o roteiro é eficiente ao mostrar o cotidiano de um departamento da polícia americana que ajuda a população em momentos de tensão.

O entrosamento entre a eterna Miss Sunshine Abigail Breslin (Noite de Ano Novo) e a ganhadora do Oscar Halle Berry (Para Maiores) é ótima. Em relação a essa última, com toda certeza a melhor atuação da veterana atriz após ganhar seu maior prêmio. Juntas conseguem passar com verdade ao público as conflituosas conseqüências do que vemos em cena. Um detalhe que incomoda em relação aos personagens são as caras e bocas do assassino em série, interpretado por Michael Eklund (Watchmen – O Filme) que fazem o público muitas vezes rir em vez de criar qualquer tipo de tensão.

O filme, que custou cerca de U$$ 13 Milhões é um clássico thriller que deixa o público com os olhos grudados na tela, mesmo que recheado de cenas desnecessárias. Tem uma específica, na qual a personagem principal aparece em close ao lado de uma bandeira americana, beirando ao ridículo. Mesmo com algumas ressalvas, o climão de tensão é mantido do início ao fim, méritos da ótima condução do diretor.



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05/04/2013

Crítica do filme: 'Therese D.'


A crise da burguesia, que vimos a todo instante no nosso querido ensino médio, é o foco do último filme do cineasta francês Claude Miller (Feliz que Minha Mãe Esteja Viva), que faleceu no ano passado. Baseado na obra de François Mauriac e filmado em 21 dias, entre agosto e setembro de 2011, na região de Landes e em Bordeaux, Therese D. é a segunda adaptação cinematográfica da história, a primeira versão, rodada em 1962, foi dirigida por Georges Franju e estrelada por Emmanuelle Riva (Amor).

No drama, estrelado pela eterna Amelie Poulain, Audrey Tautou, voltamos ao ano de 1926 onde conhecemos Therese Larroque que é filho de um rico proprietário que lhe arranja um casamento com um representante da classe alta para unir as famílias e assim riquezas. Nessa época onde o casamento era arranjado, após um tempo a personagem principal começa a enlouquecer nessa relação e tentará se libertar de todas as maneiras possíveis.  

Com um orçamento que girou em torno dos U$$ 12 milhões, o longa que fechou o último Festival de Cannes, foca na sociedade francesa na década de 30. Seus valores, tradições conceitos são refletidos nas atitudes, às vezes inconseqüentes, dos personagens.  A loucura toma conta das ações da protagonista que em atos desesperados planeja ações psicóticas fruto de uma mente perturbada pelas imposições de seu tempo. A personagem encontra-se a todo instante em conflito com as escolhas que tomaram por ela.

A adaptação do roteiro foca claramente nos diálogos o que deixa a trama principal um pouco de lado tornando o filme sonolento em alguns instantes. Os personagens, longe de serem carismáticos, também não ajudam a contar muito bem esse drama do século passado. Gilles Lellouche é o outro protagonista, dando vida a Bernard Desqueyroux. O ator parece se perder no personagem em muitas sequências o que atrapalha na interação com o público.

Em um ano com muitas produções de qualidade sendo lançadas, Therese D. corre o risco de não ser notada. 
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03/04/2013

Crítica do filme: G.I. Joe 2: Retaliação


Após um grande sucesso de bilheteria no primeiro filme da saga, o grupo de elite G.I.Joe, aqueles bonequinhos que brincávamos quando criança, voltam aos cinemas em 2013 dessa vez dirigidos pelo diretor responsável pelo documentário Justin Bieber: Never Say Never, o californiano Jon M. Chu. Armas de última geração e aparelhos tecnológicos tomam contam das sequências que devem agradar o público que gosta de filmes do gênero.

Nesse segundo filme da série, voltamos a reencontrar o esquadrão de elite do exército denominado G.I. Joe. Liderados, a princípio pelo Comandante Duke (Channing Tatum), se vêem envolvidos em uma conspiração onde são denunciados pelo Presidente do seu próprio País como criminosos e desertores. Assim, lutando contra tudo e todos resolvem provar sua inocência contando com uma ajuda surpreendente de um ex-inimigo.

O roteiro é raso, as informações são aceleradas. Mas, por incrível que pareça, as gracinhas dos personagens aproximam o público para a fraca história. O Capitão Colton (Bruce Willis) e seu colesterol alto possui cenas impagáveis recheadas de diversão nos diálogos. O Presidente Fake que joga Angry Birds também é um dos personagens que o público mais se diverte.

O filme despenca quando aparecem cenas dramáticas. Como não há o desenvolvimento das histórias pessoais dos personagens, nos momentos de dor, medo ou perda nenhuma gota de sentimento é passada. Isso é praticamente um padrão nos filmes de ação, muita atitude e pouco sentimento. De interessante e curioso, além das sequências de ação, G.I. Joe 2: Retaliação, tem uma grata surpresa em relação a sua trilha sonora. Uma canção inédita da banda Aerosmith, Legendary Child, poderá ser ouvida no filme. A música foi gravada em 1993 para o álbum Get a Grip, mas acabou ficando de fora e nunca foi lançada comercialmente.

Com cenas de ação a todo instante, muitos tiros e explosões o enredo acaba colocando o espectador com a sensação de estar dentro de um trailer interativo de um novo console. As cenas de luta são muito bem dirigidas, melhores que as cenas de tiroteio e explosões. O duelo de espadas no alto de uma montanha é muito bem filmada, se tornando um dos grandes destaques do longa.

Com muitos momentos cômicos G.I. Joe 2: Retaliação terá uma bilheteria positiva no mercado brasileiro mas será que é um bom filme? Veja e tire suas próprias conclusões.

  
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01/04/2013

Crítica do filme: 'Jack - O Caçador de Gigantes'

Quantos feijões são necessários para fazer uma boa feijoada? Com um time experiente em mãos, que vai de nomes como Stanley Tucci ao eterno Trainspotting Ewan McGregor,  o cineasta responsável pela nova roupagem da trilogia dos X-Men, Bryan Singer,merece aplausos pois consegue tirar um grande sumo de uma história limitada, adaptada do famoso conto de João e o Pé de Feijão. Estamos falando da nova aventura em 3D, Jack - O Caçador de Gigantes.

Nesse novo filme produzido pela Warner Bros, conhecemos um jovem e atrapalhado lavrador chamado Jack (Nicholas Hoult) que logo em sua primeira aparição em cena, após uma negociação  ruim, salva uma linda moça das garras de uns baderneiros. A jovem em questão era a princesa Isabelle (Eleanor Tomlinson) que junto de Jack acende uma antiga guerra entre humanos e uma raça de gigantes, abrindo um portal entre os dois mundos. Quando Isabelle é levada pelo pé de feijão para o mundo novo e secreto, Jack e os cavalheiros mais valentes do Rei terão apenas uma oportunidade para salvar a donzela em perigo. 

A nova aventura 3D que chegou aos cinemas brasileiros é uma história muito bem dirigida, com personagens que conseguem dar dinamismo às quase duas horas de duração. O roteiro surpreende pela simplicidade, chega até a ser boba a história, mas o diretor americano Bryan Singer  (Os Suspeitos) consegue brilhantemente aproveitar cada elemento que tem em mãos e criar um universo de fantasia que interage com quem está na poltrona do cinema. 

Orçado em U$$ 195 Milhões o longa é todo programado para ser visto em 3D. As cenas de batalha deixam claro essa intenção, com objetos voando em perpendicular e uma câmera frenética introduzindo o público em cada sequência. O espectador é brindado com uma qualidade elevada nesses efeitos especiais, por exemplo, a terra mística dos gigantes, seus atalhos e armadilhas são deveras bem construídos pelos animadores.   

Mesmo não sendo muito profundo na história clássica dos personagens, Jack - O Caçador de Gigantes e sua simples premissa consegue entreter o público. Não percam, vale a pena conferir a saga do jovem Jack lutando contra os gigantes oriundos da terra que só se chega com certos feijões!


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31/03/2013

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Crítica do filme: 'Kon Tiki'

Até onde vai a coragem e o sonho de homem? Os cineasta noruegueses Joachim Rønning e Espen Sandberg (Bandidas) chegam aos cinemas brasileiros contando uma história real sobre uma aventura inacreditável que o explorador  Thor Heyerdahl viveu na década de 40  à bordo de um barco frágil enfrentando os perigos do mar. Com imagens belíssimas e um roteiro atraente e voltado aos conflitos pessoais, a produção escandinava conseguiu a proeza de estar na lista final que concorreu ao Oscar deste ano (lista que não teve o sucesso popstar Os Intocáveis), merecidamente diga-se de passagem.

Em Kon Tiki (filme que leva o nome do barco da missão) conhecemos mais de perto a história do lendário explorador de sociedades Thor Heyerdal que após muitas pesquisas, reunidas em um trabalho de quase uma década, resolve convencer seus patrocinadores a investirem em uma travessia de 4.300 milhas para dentro do oceano Pacífico navegando em uma jangada de madeira obsoleta, no ano de 1947, para provar sua teoria de que era possível para os sul-americanos, navegar e chegar na Polinésia pela América do Sul em tempos pré-colombianos.

O filme se sustenta nas crises pessoais de cada um dos integrantes dessa aventura, que são muito bem apresentados, principalmente seu protagonista, durante toda a história. A saudade, a esperança, a dúvida, o foco e o medo são elementos marcantes que vão consumindo os personagens nos momentos de tensão. Entre belas imagens e diálogos calorosos, o público é praticamente colocado dentro daquele barco de expedição não desgrudando o olho da telona.

Com um orçamento que passou dos U$$ 16 Milhões o filme demorou para ser realizado. O produtor executivo, Jeremy Thomas, queria fazer o longa desde 1996 mas só foi concedido o direito de contar essa história, pelo próprio Sr. Heyerdahl, pouco antes de sua morte, em 2002. O interessante disso tudo é que a tecnologia, utilizada para melhorias no mundo do cinema, teve inúmeras melhorias durante esse período e dezenas de recursos que antes não eram possíveis agora conseguem aproximar cada vez mais o espectador do que acontece nas telonas.

Muito bem produzido, Kon Tiki deve levar muitos amantes do gênero aventura aos cinemas, afinal, quem não gosta de se emocionar com uma história de conquista de um homem que sonhou e realizou?
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26/03/2013

Crítica do filme: 'O Último Elvis'


Festas para uns, vida para outros. A subida lenta pela escada, logo no início do filme mostrava que muitos detalhes seriam mostrados durante os poucos mais de 90 minutos do ótimo drama argentino O Último Elvis. Dirigido pelo cineasta Armando Bo, o longa personifica o drama em torno de um pai de família que busca uma vida melhor, paralela ao sonho que sempre teve. A maneira comovente que é apresentada essa história aproxima o público na série de fatos que preenchem aos poucos a telona.

Nesse drama existencial, acompanhamos a trajetória de Gutierrez, metalúrgico uniformizado durante o dia, Elvis Presley Cover com calça de boca de sino durante a noite. O protagonista personifica a figura de Elvis, não só nos palcos mas em todo o seu dia-a-dia. A dupla jornada do protagonista nunca é quebrada mesmo quando problemas com sua ex-mulher colocam em risco seus objetivos.O mundo dos covers é apresentado de maneira verdadeira e não se escondendo nada. As dificuldades dos artistas que vivem no anonimato, imitando os grandes astros é escancarada de maneira dura. Entre belas canções, roupas e expressões de uma época toma conta da telona. A direção é muito inteligente, molda as sequências apresentando todos os detalhes e principalmente colocando o espectador dentro das cenas.

O filme, em determinado momento, foca na relação pai e filha. Essas sequências apresentam um choque quando as irresponsabilidades entram em confronto com as responsabilidades fazendo o protagonista refletir até certo ponto. O personagem, amargurado por não conseguir com seu sonho se vê em torno do famoso dilema shakespeariano: Ser ou não ser, eis a questão.

O roteiro muitas vezes parece sem pretensão ou propósito mas o protagonista, excêntrico por si só, gera ótimas sequências guiando o público para um desfecho emblemático. Quando sobe ao palco, o jeito pacato e triste se modifica, transformando-se em alegria e carisma aos olhos do público. A voz é idêntica, só faltam o dinheiro e o glamour. As canções são arrepiantes, o ator John Mc Inerny tem uma atuação muito convincente.

A inconsequente busca de um sonho nem sempre é uma história feliz. A sessão nostalgia e as canções que nunca sairão da memória são detalhes muito bem aproveitados pela história. Afinal, quem inventou o rock and roll nunca sai de moda!
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24/03/2013

Crítica do filme: 'A Caça'


O que começa em novembro e não termina nunca mais. Discussões em familiares, bebedeiras e caça entre amigos, o novo trabalho do aclamado diretor, criador do movimento Dogma 95, Thomas Vinterberg (Submarino) é um daqueles filmes inesquecíveis onde sentimos do lado de cá da telona toda a angústia e injustiça que ocorre nas sequências desse que até o momento é, disparado, o melhor filme do ano.

Em A Caça, conhecemos um professor alto astral, de bem com a vida, que é muito querido por toda a comunidade em que vive. Certo dia, uma acusação de uma de suas alunas (filha de seu melhor amigo) deixa o professor exposto em um caso de pedofilia. Ao seu lado, somente sua nova namorada, seu filho e um dos seus inúmeros amigos. A agonia e aflição do protagonista é algo que chega de maneira intensa ao espectador. A dor, o medo, as incertezas são moldadas genialmente pelo intérprete do personagem. Mads Mikkelsen (O Amante da Rainha) tem uma atuação magnífica, impactante. Um dos melhores atores desse planeta, não tenham dúvida disso.

A construção dos personagens dentro do contexto, especialidade de Vinterberg é o grande pilar desse drama comovente que gera uma comoção do público. Poucas vezes assistimos um filme e já pensamos nos debates que podem acontecer.  O absurdo maior fica com as atitudes da dona do colégio e como a mesma guia suas terríveis suspeitas. Acaba virando uma vilã inconsequente aos olhos de quem sofre junto com o personagem injustiçado. Cruel e demonstrando uma total inexperiência na função de diretora, gera indignação de todos na sala de cinema.

A desconfiança, a busca pelos seus direitos, a destruição de uma vida. Na segunda metade do longa, vemos as consequências dos acontecimentos que abalam de vez aquela pacata cidade e principalmente a vida do homem marcado por uma denúncia imatura de um certo porão imaginário. Vinterberg sabe como poucos explorar histórias conflituosas, como essa. O desfecho é emblemático, a licença para a caça do filho de alguém que sempre terá um olhar desconfiado dos seus próprios amigos.

A culpa, o perdão, a indignação. Sentimentos que andam em conjunto destruindo emocionalmente os personagens e brindando o público com uma verdadeira obra de arte. Cinema bom é assim mesmo, faz o público refletir. Bravo!


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17/03/2013

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Crítica do filme: 'Os Croods'


Não se esconda, viva! Siga o sol, chegue até o amanhã! A nova animação da Dreamworks, Os Croods, chega para conquistar o coração dos pequenos cinéfilos (e dos papais também) com muito humor, um ótimo roteiro e personagens cativantes. Dirigido pelos criadores de Space Chimps (Kirk De Micco) e Como Treinar Seu Dragão (Chris Sanders), a aventura com ar épico é a primeira animação da DreamWorks distribuída pela Fox.  Parece que será a primeira de muitas, o filme é uma delícia! Recheada de elementos que transformam a ida ao cinema em uma grande diversão para todas as idades!

Vivendo em um mundo onde ter medo é igual à sobrevivência, conhecemos uma grande família, Os Croods. Morando em uma caverna, todo dia é uma aventura. Cheios de regras para não correrem riscos, conflitos familiares (desde a idade da pedra) ocorrem o tempo todo principalmente entre o pai e a filha mais velha, que possui um certo ar de liberdade. A força dessa família é a união para conseguir superar os obstáculos. Após ficarem desabrigados, ganham um novo amigo que usa o fogo como aliado, assim são guiados para um mundo novo, cheio de novas criaturas e muita luz.

Colocando os primeiros sapatos, criando uma inusitada maneira de brincar de jogo da velha, fazendo sem querer pipocas gigantes, surfando nas pedras, o primeiro encontro com a chuva, as diferenças entre o viver e o sobreviver é a grande lição que todos vão aprendendo. Adoram contar e ouvir histórias, o que aproximam ainda mais a criançada dos simpáticos personagens que aparecem ao longo da projeção. A importância da ideia, a descoberta do abraço, os shows de marionetes, todos os personagens são especiais, passando ao público todo um carisma que impressiona.

O grande barato é a questão filosófica que é abordada na história do filme. Quando a família resolve mudar as regras que os mantinham na escuridão, somos guiados a uma analogia maravilhosa ao Mito das Cavernas, aquele mesmo narrado pelo famoso pensador no livro VII do clássico A República.  Cada cena mostra claramente que através do conhecimento, é possível captar a existência do mundo sensível e do mundo inteligível. Platão para a criançada, um máximo! Louvável!

Há muito tempo não vale tanto a pena ir ao cinema com a criançada. Até os adultos se divertem! Umas das melhoras animações dos últimos tempos, inteligente e emocionante. Bravo!
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15/03/2013

Crítica do filme: 'Vai que Dá Certo'


Com uma abertura no melhor estilo Detona Ralph, o novo filme do cineasta Maurício Farias (Verônica) chega aos cinemas tentando convencer o público de que possui um diferencial em relação a outras comédias lançadas recentemente. Filmado em Campinas (SP), Vai que Dá Certo é a junção de sketches transformada em um longa metragem, onde, flatulências e piadas sem graça ganham espaço, tornando a história previsível e boba.

Na trama somos apresentados a um grupo de amigos que estão passando por sérias dificuldades financeiras. Certo dia, após uma oportunidade bater a porta, resolvem bolar um plano para roubar um carro forte. Demonstrando total inexperiência e arranjando confusão a todo instante o grupo de amigos terá que achar uma solução para todos os problemas que se multiplicam a cada cena.

Os personagens são completamente estereotipados. O que acaba ocasionando um exagero na maneira de passar essa peculiaridade ao público. É tudo muito exagerado onde uns personagens acabam brilhando bem mais que outros. Os coadjuvantes praticamente não existem, não ajudam de maneira alguma a dar algum tipo de qualidade na interação entre o que acontece em tela e o público. Gregório Duvivier (Não se Preocupe, nada vai dar certo) é o melhor em cena. Seu personagem, extremamente imaturo, rende boas risadas com seu leque de analogias entre o mundo dos desenhos com os dos filmes. Discussões sobre a boemia do Batman e o histórico de mulherengo de James Bond estão entre os melhores diálogos do filme.

O filme tem partes engraçadas mas novamente, como em outras produções recentes do gênero, cai na mesmice não conseguindo transmitir nenhum diferencial. Sequestradores com Ak-47, roupas de seriados americanos dos anos 90, simulações de danças em Pole Dance, os artistas fazem de tudo um pouco para tentar agradar o público. Parece um show de Stand Up Comedy, cada um tem seu minuto e juntos tentam compor uma história de quase 90 minutos. O roteiro praticamente não existe, o que sustenta o espectador em sua poltrona são algumas boas sequências de palhaçadas, fruto da experiência de alguns dos atores no teatro.

Cervejinha, futebol e muito piada. Para tentar conquistar o público essas são as armas usadas. Vai que dá certo...
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12/03/2013

Crítica do filme 'A Fuga'


Depois do ótimo longa Os Falsários, o cineasta austríaco Stefan Ruzowitzky chega aos cinemas brasileiros apostando no suspense A Fuga. Protagonizado por Eric Bana (Hanna) e Olivia Wilde (As Palavras), o filme é uma verdadeira confusão. Nada se encaixa, tudo se repete. É tanto clichê que o público começa a fazer analogias com outras produções, nada é original. Há muitos personagens para pouca história. Os problemas são inúmeros: atuações ruins, personagens mal escritos e uma trama que se perde entre as muitas histórias que são apresentadas em 95 minutos de projeção.

Rodado no Canadá e estimado em U$$ 12 Milhões de Dólares, o suspense segue dois irmãos (Bana e Wilde) que sempre cuidaram um do outro em diversos golpes por diferentes cidades. Até que um dia, na sequência de um assalto mal sucedido a um cassino, os dois se separam e vão parar em uma cidade gelada. O irmão, indo pelo caminho mais complicado atravessa impiedosamente a todos que vê pelo caminho, já a irmã se apaixona no meio da estrada por um jovem que acabou de sair da prisão. O reencontro improvável entre ambos vai ocorrer durante a celebração de uma família no meio da comemoração do Dia de Ação de Graças.

O roteiro é o grande problema deste filme. É muito difícil amarrar um roteiro com tantas histórias paralelas. Irmãos unidos pelo crime e desunidos pelas características distintas que possuem. Paralelo a isso vemos um ex-boxeador que acaba de sair da prisão e tem que conviver com o desdém do seu pai. Uma terceira história, a de uma jovem policial que acaba de passar na prova do FBI acaba aparecendo, trocando o foco da premissa, deixando a história cada vez mais confusa aos olhos do público.

As subtramas são muito mal aproveitadas. O desenvolvimento de um dos personagens, o homem da esquerda mortal, o ex-boxeador é muito mal explorada. A história de amor que nasce, de repente, é muito acelerada, em uma sequência estão se conhecendo, 5 minutos depois já viraram almas gêmeas. Uma perseguição é instaurada pelo irmão de 9 dedos  mas os envolvidos não tem um objetivo específico levando-os a um acaso que só em filmes mesmo para existir.

Com tantos pontos negativos levantados, não precisa nem de nota. Se é para dormir na cadeira do cinema, melhor fazer isso no conforto de nossa casa.

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Crítica do filme: 'Pieta'


Até aonde a falta de amor materno é importante para a formação do caráter de um homem? O vencedor do Leão de Ouro de melhor filme no Festival de Veneza 2012, Pieta é um filme bruto, nu, cu e nada delicado. Escrito e dirigido pelo cineasta sul-coreano Kim Ki-duk (Casa Vazia), o longa apresenta cenas muito fortes que deixarão alguns cinéfilos incomodados. É um filme difícil de digerir. Nessa complexa trama, os rostos dos personagens são expressivos. Uma agonia muito transparente fica estagnada em tela. A plateia sai do cinema raciocinando sobre todos os eventos que acompanhou durante os minutos, tensos, de projeção.

Na história, conhecemos Mi-Son um cobrador de dívidas que é conhecido como um decepador de membros dos que não cumprem seus acordos. Assim entramos pelas histórias desses trabalhadores coadjuvantes, sempre pelos olhos depressivos do protagonista, um homem frio, avesso à irresponsabilidade, insano, maldoso, cruel que adota muitas vezes humilhações (como, por exemplo, uma surra com um sutiã) como arma contra os devedores. O feitiço vira contra o feiticeiro quando uma misteriosa mulher chega em sua casa dizendo ser sua mãe que o abandonou a 30 anos. A partir desse fato, o inescrupuloso homem passa a ter medo de prováveis vinganças de todos aqueles que um dia foram atingidos, de alguma forma, por ele.

Nesse filme extremamente polêmico, o público se pergunta: Será que o personagem principal sofre de síndrome do abandono? Uma relação de mãe e filho, neste caso, que começa com ódio e vai se desenvolvendo, carregada de rancor e sofrimento pelo triste passado sozinho do protagonista. Uma dependência de ambas as partes é notoriamente observada, fato que leva os personagens a difíceis decisões já no desfecho da história. Há um carinho embutido em cada sequência, mesmo as mais fortes, que é fruto dessa relação de duas pessoas que não se conheciam.

Quando revelações bombásticas são feitas, durante o decorrer da história, muitos amantes do cinema lembrarão rapidamente de outro longa oriental, Oldboy. O vai e vem do roteiro deixa o clima de suspense no ar. Não sabemos ao certo para onde a história nos levará, então, se o espectador conseguir ser envolvido e passar confiante pelas cenas de mutilação, receberá um desfecho impactante de um filme que começa muito gelado e termina de maneira arrasadora.

Os gritos antes dos créditos finais aliviam aos que queriam que terminasse logo todo aquele sofrimento. Para outros pode fechar com chave de ouro o desfecho emblemático, cheio de simbolismo, clássico dos filmes orientais.  
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