21/06/2014

Crítica do filme: 'O Amor é um Crime Perfeito'


A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai. Dirigido pela dupla Arnaud Larrieu e Jean-Marie Larrieu, o novo filme protagonizado pelo conhecido ator francês Mathieu Amalric, O Amor é um Crime Perfeito, é um thriller que às vezes chega a ser cômico, trazendo à luz de maneira nua e crua como o ser humano pode interagir com o incrível desejo da novidade. A necessidade dos diretores de mostrar as verdades dos personagens de maneira impactante geram sequências calientes com muitos corpos nus e uma cena emblemática, a La Adriane Galisteu, da atriz Karin Viard.

Na trama, passada em uma região gelada na França atual, conhecemos Marc (Mathieu Amalric) um professor universitário de literatura, metido a Don Juan, que adora paquerar suas alunas. Sem largar o seu cigarrinho de mão, as curiosas brigas com sua irmã Marienne (Karin Viard), as perseguições de uma aluna que tem um pai mafioso e a implicância com um outro professor (Denis Podalydès), é envolvido no desaparecimento de sua mais brilhante aluna, Barbara (Marion Duval). Quando tudo caminha para o caos na vida de Marc, ele encontra o amor e o desejo de revigorar sua vida na madrasta dessa aluna desaparecida, Anna (Maïwenn).

O universo do personagem principal é muito bem detalhado na trama. Prestes a perder o emprego na Universidade que leciona, não para de se relacionar com diferentes mulheres, cada uma mais misteriosa que a outra. Além disso, possui um eterno sonambulismo inexplicável, fato que o faz não ter certeza de alguns de seus atos. Outra questão curiosa, é a relação bipolar e incestuosa que possui com sua irmã Marienne, explorada de maneira misteriosa pelo excelente roteiro.


O Amor é um Crime Perfeito é um filme que te deixa com um leque de opções para entender os destinos dos personagens. Conforme as verdades, em meio a muitas mentiras, vão aparecendo cada sequência se torna parte do ótimo clímax que acontece no desfecho da ótima história. Esse longa-metragem estreia em julho aqui no Brasil e promete agradar a muitos cinéfilos. 
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Crítica do filme: 'Era Uma Vez em Nova York'

O que fazer quando a vida perde o total sentido? O novo trabalho do competente diretor James Gray é uma jornada nas profundezas da alma e no caráter do ser humano. Com mais uma atuação espetacular da francesa Marion Cotillard, A Imigrante é um filme que toca bem fundo no nosso coração, trazendo a tona graves problemas de nossa sociedade e de nossa cruel e primitiva maneira de pensar o mundo.

Na trama, acompanhamos a triste e melancólica história de Ewa Cybulska (a eterna Piaf, Marion Cotillard) uma imigrante que chega aos Estados Unidos de navio e por um golpe do destino é separada de sua irmã. Tendo que viver sozinha, sem dinheiro em um lugar totalmente novo, acaba sendo seduzida pela falsa bondade de Bruno Weiss (Joaquin Phoenix) e rapidamente vai parar no tenebroso mundo da prostituição. As coisas mudam um pouco de figura quando entra em cena o ilusionista Emil (Jeremy Renner).

O Longa-metragem navega em águas emocionais para trazer luz aos problemas do caráter humano. Os excelentes coadjuvantes, totalmente instáveis em qualquer bom senso que se preze, elucidam bem a amargura que a protagonista é enviada. Joaquin Phoenix e Jeremy Renner participam com louvor de ótimas sequências ao longo deste belo trabalho que teve sua primeira exibição em terras cariocas no último Festival do Rio de Cinema.


Um paradigma interessante entre o viver e o amar é superficialmente aceito pela sofrida Ewa. A imigrante é um daqueles trabalhos que o espectador torce pelo final feliz dos personagens que são identificados como os “bonzinhos”. A graça nisso tudo é que vilões e mocinhos serão escolhas diferenciadas do público que merece demais conferir esta grande produção.
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Crítica do filme: 'Hermano'

Sonhos entre medos, uma realidade de todos nós. Em tempos de Copa do Mundo no Brasil, os cinéfilos brasileiros são premiados com um excelente longa-metragem que fala sobre futebol com autoridade, sem esquecer de mostrar uma dura realidade que ocorre em diversos países latino-americanos. Dirigido por Marcel Rasquin e diretamente da eterna terra de Hugo Chavez, Hermano promete conquistar muitos fãs por aqui e no mundo. 

Na trama, somos apresentados a Daniel (Fernando Moreno), um jovem que foi abandonado ainda bebê e criado por uma família amorosa e muito especial. Sua vida gira em torno do sonho de ser um grande, rico e famoso jogador de futebol. Esse sonho ele deseja que seja compartilhado com seu irmão de criação Julio (Eliú Armas). Ambos moram em uma favela, em Caracas, e o cotidiano dos jovens passa por enfrentar as dificuldades desse traiçoeiro lugar. Certo dia, um olheiro de um grande time de futebol dá a chance da vida deles, uma oportunidade para serem testados no maior clube de futebol da Venezuela. Essa chance chega ao mesmo tempo com uma tragédia e o forte envolvimento de Julio com a bandidagem local.

Utilizando o Futebol como pano de fundo, o longa-metragem explora muito mais do que esse sonho de muitos jovens de comunidades carentes. A dura realidade das favelas na Venezuela (muito parecida com os problemas aqui do Brasil), a luta da família em arranjar criativas soluções para os obstáculos do cotidiano, o amor proibido, as consequências da compaixão, o valor da amizade na vida dos personagens principais, são alguns dos pontos em que o filme se aprofunda de maneira certeira. A lente inteligente de Rasquin consegue passar uma verdade comovente sobre essa realidade enfrentada pelos personagens.


Após o sucesso do filme Pelo Malo, nós cinéfilos começamos a respeitar mais o cinema venezuelano, antes, praticamente desconhecido por muitos de nós. O engraçado é que a dinâmica do desfecho de Hermano, lembra muito a de outro recente lançamento latino-americano, 7 Caixas (filme paraguaio que fez tremendo sucesso no Brasil). Lançado em 2010 na Venezuela (e só agora chegando aos cinemas brasileiros), o filme de maior bilheteria da história do cinema venezuelano consegue unir a paixão pelo futebol, um roteiro maravilhoso e uma direção exemplar. É um golaço! Você não pode perder essa história!
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Crítica do filme: 'Uma Longa Viagem'

Dois, três, quatro...valete, rainha, rei, Às. Depois do elogiado filme Burning Man, o cineasta Jonathan Teplitzky volta as telonas para dirigir dois grandes artistas em uma história de amor, guerra e traumas do passados.  Uma Longa Viagem é um daqueles filmes que de tão profundos, fica difícil de se esquecer.  De uma grande história de amor, o longa-metragem passa a ser um drama comovente sobre um homem preso ao seu passado, quando estivera em uma das grandes guerras. Essa virada na trama, provoca uma reviravolta interessante, e assim, o público é transportado para todo o trauma vivido pelo protagonista.

Na trama, acompanhamos a história de amor entre um engenheiro chamado Eric Lomax (Colin Firth) e uma ex-enfermeira, chamada Patti (Nicole Kidman). Os pombinhos iam bem e seguiam felizes, até que um lado escondido do engenheiro aposentado aparece, desencadeando sofrimentos para ambos. Sem saber ao certo como ajudar seu marido, Patti parte em busca do misterioso passado dele e descobre histórias do tempo em que ele viveu como refém dos japoneses na última grande guerra. A jornada de Patti ,acaba deixando Lomax novamente de frente com seu passado.

Uma voz embaralhada, cabelos despenteados, seu fascínio por ferrovias, um sujeito que faz tudo com perfeição. Lomax é um personagem profundo que nas mãos de Teplitzky cresce mais em cada cena. O espectador não consegue tirar os olhos de frente da telona, os mistérios do protagonista e a força da personagem feminina conseguem criar um laço de afinidade com o público. Cenas memoráveis compõem esse belíssimo trabalho. O diálogo final entre torturado e torturador é digno dos grandes filmes. A honra, a coragem e o medo se unem dentro do personagem principal, deixando sequelas para toda uma vida. Colin Firth emociona o público do início ao fim, mais uma atuação de gala desse genial artista britânico.


O filme é muito mais que mais uma produção sobre a Segunda Guerra Mundial, é uma linda e comovente história de amor. As palavras os aproximaram, os envolveriam e os fizeram construir uma ponte entre o passado e o futuro. Não percam essa grande história, baseada em fatos reais, sobre um homem comum que despertou dos seus traumas quando o amor o encontrou.
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17/06/2014

Crítica do filme: 'Coração de Leão - O Amor não tem tamanho'

Um grande amor não se encontra em toda esquina. Partindo deste princípio básico do manual do homem romântico moderno, o diretor argentino Marcos Carnevale (do maravilhoso Elsa & Fred, e do chatíssimo Viúvas) volta as telas do cinema para falar sobre o amor. Coração de Leão – O Amor não tem Tamanho é um filme água com açúcar, divertido como os bons longas de humor argentino, deve fazer muito sucesso nos nossos cinemas. Julieta Díaz e Guillermo Francella, ambos muito inspirados, formam um simpático e atraente par romântico que deve tirar muitos risos da plateia.  

Na trama, conhecemos a história de Ivana (Julieta Díaz), uma advogada divorciada que após perder seu celular em um ataque de fúria com seu ex-marido, conhece o arquiteto galanteador León (Guillermo Francella) que com sua lábia preponderante aos poucos vai conquistando por completo o coração da bela morena. A questão é que esse homem encantador tem apenas 1,36 de altura o que acaba gerando incertezas, medo e preconceito dentro e fora deste relacionamento inusitado. Ele entra como uma flecha certeira no coração de Ivana mas será que ambos conseguirão suportar as críticas a esse amor ?

Os pombinhos hermanos saltam de paraquedas, dançam salsa, viajando deliciosamente rumo aos limites do amor. O grave obstáculo é a grande tensão entre os dois quando estão em público, assim as incertezas deste romance são colocadas à prova. O ex-marido ciumento, a mãe da protagonista que a princípio não entender esse relacionamento, as opiniões defensivas do filho de León, a secretaria fofoqueira e tendenciosa, aos poucos percebemos uma crítica social que gera uma reflexão: Todos nós temos frases e pensamentos que encostam na hipocrisia.

A relação pai e filho, entre León e seu único herdeiro (Diego), é muito bem encaixada dentro da trama. Seu maior confidente, o filho de León parece ser o maior alicerce para seus receios e medos. Ambos produzem ótimas cenas, sem perder aquela pitada generosa de humor. Quando Ivana chega na vida de seu pai, Diego a princípio pensa em protegê-lo de uma possível mágoa mas aos poucos se rende a felicidade que é gerada quando León e Ivana estão juntos.


A maturidade e a elegância com que o assunto da diferença de altura é tratado eleva a qualidade da trama. O longa-metragem é uma deliciosa viagem aos caminhos de amor. Sensível e romântico, o filme promete inspirar muitos corações perdidos que buscam um recomeço na arte do amar. Uma lição fica: encontrar alguém de verdade é algo que acontece poucas vezes na vida. Não é verdade? Não se feche para um grande amor e com certeza não perca esse belo filme.
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Crítica do filme: 'Avanti Popolo'

Na linha tênue entre ser um média ou um longa-metragem, chegou aos cinemas na semana passada o peculiar trabalho do cineasta Michael Wahrmann, Avanti Popolo. Lento como Barrichello, chato como o Bruno Mazzeo, entediante como Nicolas Cage, o projeto, infelizmente, é o verdadeiro encontro entre nada e coisa nenhuma. O áudio abafado, as faltas de contextos, sequências amarradas de maneira estranha transformam o filme em uma experiência até certo ponto sensível mas completamente maçante.

Na trama, acompanhamos uma história entre pai e filho, seus problemas, suas distâncias, suas lembranças. Por meio do resgate de imagens capturadas na antiga e famosa Super-8 captadas pelo seu irmão nos anos 70, André (André Gatti) tenta se conectar com seu pai (Carlos Reichenbach), que há 30 anos espera seu filho desaparecido durante a ditadura militar.

É um tipo de cinema diferente, nada comercial. Sente-se essência, alma mas não consegue transmitir o carisma necessário para boas interações com o espectador. Nos sentimos em uma história jogada, particular, sem nenhum vínculo de ajuda para entendermos melhor os breves mas profundos diálogos. Avanti Popolo é um daqueles filmes que precisamos fazer uso da sinopse oficial para entendermos a história.


Algumas imagens de arquivo, as relíquias encontradas dentro da casa, o inusitado fato de não poder subir as escadas da casa, esses e outros elementos interessantes deveriam ter sido melhor utilizados pelas lentes de Wahrmann. O maior exemplo, fica na curiosa câmera posicionada imóvel sobre alguma mesa, na sala de estar da casa, dando um ar estilo Big Brother nostálgico as sequências, muitas dessas dizem nada com coisa nenhuma. Sem ter muito mais a dizer, Avanti Popolo é um filme feito para alguém específico, menos para o público. 
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09/06/2014

Crítica do filme: 'RioCorrente'

Você já viu um filme feito para não ser entendido? Chegou aos cinemas brasileiros nesta última semana o esquisito longa-metragem de Paulo Sacramento, RioCorrente. Mostrando o cotidiano de três personagens peculiares cada qual no seu qual, o filme persegue a curiosidade do espectador a todo instante criando arcos dramáticos sem desenvolvimento no seu ponto de intercessão. O público se pergunta a toda hora o porquê de não entender absolutamente nada do que o filme quer dizer.

Na trama, uma das mais loucas dos últimos anos quando falamos de cinema nacional, conta a história de um homem desiludido e ex-ladrão de carros chamado Carlos (Lee Taylor), um jornalista de prestígio chamado Marcelo (Roberto Audio) e uma mulher chamada Renata (Simone Iliescu) que se relaciona ao mesmo tempo com esses dois personagens citados. Ao longo dos dias, o descontrole dos três vai chegando ao limite e o destino deles acaba se aproximando mais ainda.

O projeto tem a ambição de ser incompreendido. Possui traços de críticas sociais profundas mas muito mal elaboradas. A montagem e a edição deste filme parecem ter sido feita às pressas, deixando a desejar no desenvolvimento de suas personagens. Renata, por exemplo, o elo de intercessão entre todos na história, não tem sua verdade descascada para o espectador tornando o longa-metragem uma experiência chata e maçante.

Cinema experimental? Uma viagem absurda ao incompreensível? RioCorrente, por sua sinopse, possuía elementos que poderiam gerar um filme bom mas tudo isso vira de ponta cabeça bem antes do meio da história. É o tipo de filme que assusta o público. Com tantos títulos brasileiros ótimos recentemente lançados no cinema (como: Gata Velha Ainda Mia e O Lobo Atrás da Porta), esse trabalho de Paulo Sacramento chega como uma ducha fria. Tentar ser David Lynch (o rei do incompreensível genial) não é o caminho.
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08/06/2014

Crítica do filme: 'Vizinhos'

Depois do ótimo Cinco Anos de Noivado, o diretor Nicholas Stoller volta aos cinemas, dessa vez, para estragar toda a simpatia dos cinéfilos que curtiram seu último trabalho. Seu novo trabalho, Vizinhos, é um show de futilidades, bizarrices e cenas impossíveis, do início ao fim. O roteiro é fraquíssimo e as atuações beiram ao ridículo. Surpreende a excelente atriz Rose Byrne fazer parte de um projeto tão tosco como esse, já que as escolhas de Seth Rogen e Zac Efron são compreensivas.

Na trama, conhecemos o casal Mac (Seth Rogen) e Kelly (Rose Byrne) que vivem tranquilamente com sua filhinha em um simpático bairro no subúrbio dos Estados Unidos. Certo dia, o grupo de uma fraternidade aluga a casa ao lado da deles, desencadeando uma série brigas e confusões em meio a festas de grandes proporções.

Ereções expositivas, duelos de mijos e muito mais bobagens. Até quando teremos que suportar essas historinhas infinitamente já batidas?  O filme não parecer navegar em uma lineariedade plausível em nenhum instante, o cúmulo de absurdos e os desfechos sem noção (fruto de muitos improvisos dos atores em cena) atrapalham qualquer nota favorável à produção. O diretor parece que reuniu um grupo de amigos, ligou a câmera e gravou o que acontecia, sem se preocupar se havia qualidade naquilo. É mais um blockbuster, boboca, norte-americano.


Vizinhos, é um pipocão sem qualidade. Falta talento, criatividade, maturidade, bom senso, sal... Você tem duas opções: assistir e desligar os neurônios durante 96 minutos ou assistir a algum outro filme que realmente faça seu tempo e investimento valer a pena, já que os cinemas brasileiros estão cada vez mais caros. Ah! Se seu vizinho for um mala, mande-o assistir a esse filme.
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Crítica do filme: 'Uma Noite'

Mambo e ChaChaChá mas também lágrimas que enchem o mar. E vem diretamente da famosa ilha de Fidel uma das grandes surpresas do último Festival do RJ de cinema, o destemido longa-metragem de Lucy Mulloy, Uma Noite. Baseado em fatos reais, o filme conta, de forma poética, a vida de personagens carismáticos, recheados de sonhos, incertezas e desilusões. Em pouco mais de 90 minutos, sem clichês e sem a obrigação de encher lingüiça, a direção (absolutamente maravilhosa), encontra seu brilho nas lindas capturas da alegria cubana em meio a tristeza de uma terra muitas vezes esquecida.

Na trama, acompanhamos a história de Raul (Dariel Arrechaga) e Elio (Javier Núñez Florián), que por sofrerem muitos traumas em uma terra sem oportunidades, decidem bolar um plano para fugir de vez do país em que nasceram rumo a uma terra nova, com infinitas possibilidades. O plano é conseguir montar um barco que ande o suficiente até o outro continente. Mas às vésperas do dia mais importante de suas vidas, a irmã de um deles, Lila (Anailín de la Rúa de la Torre) fica sabendo do audacioso destino dos jovens e as coisas tomam um rumo novo.

Os pés descalços andando de bicicleta, a dor da humilhação, as consequências de atos não pensados são alguns dos elementos que cercam a vida dos personagens principais. Aos olhos de Lila, que narra a história do início ao fim, somos testemunhas de uma história rica em detalhes e que deve emocionar grande parte do público. A naturalidade e maturidade dos artistas na frente das câmeras é o reflexo de tantos prêmios que o filme já ganhou mundo à fora. Além de tudo, esse trabalho não deixa de ser uma crítica social a um governo que limita muito o destino e a possibilidade do sonhar.


Entendemos melhor como é a vida nos subúrbios de Havana. A dureza da realidade é muito bem encaixada nas ações dos personagens. Só por conta disso, além de ter muito mais elementos interessantes, já se coloca como um trabalho corajoso de Lucy Mulloy. Esse trabalho é sem dúvidas um dos melhores filmes latino-americanos dos últimos tempos e todos os amantes desta tão deliciosa sétima arte devem assistir a essa grande joia rara cubana. Bravo!
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31/05/2014

Crítica do filme: 'Anna'



E se você pudesse entrar nas memórias de outra pessoa? Dirigido pelo espanhol Jorge Dorado – um grande participante de produção dos filmes de Almodóvar – Anna é um daqueles filmes de suspense que tenta fazer o público passar todo o tempo tentando decifrar seus esquisitos mistérios. A fórmula dá certa no arco inicial apenas. Uma pena que o longa-metragem encarna o espírito “Lost” e seu desfecho é apenas trivial demais sem responder a todas as respostas que queremos. Se Nolan visse esse filme, se identificaria em partes – levando em conta suas devidas proporções – com sua obra-prima, A Origem.

Na trama, que não é no futuro, acompanhamos o detetive de memórias John (Mark Strong). Após sofrer um trauma terrível mal explicado, começa a se desestruturar emocionalmente, perdendo seu emprego e sua família. Certo dia, consegue a chance de um recomeço aceitando o caso da misteriosa Anna, uma jovem que vive trancada dentro de casa pelos pais. Conforme o tempo passa, o detetive começa a buscar explicações para situações assustadoras no passado da menina.

O protagonista é muito bem interpretado pelo bom ator Mark Strong. Às vezes parece que o filme se resume a isso. O roteiro tenta ser brilhante mas apresenta falhas a todo instante (que ficam mais evidente ao término do longa). A direção, responsável por tentar criar sequências de tensão, opta por sustos imbecis camuflados de estruturas fantasmagóricas. A famosa premissa de pensar certo e executar totalmente errado.

O público não sente medo, não chora, não ri. Se sente como uma árvore. Torce para terminar as sucessões de clichês de outros filmes do gênero. Um filme de suspense precisa te surpreender de uma maneira tão marcante que te deixar louco para conferir a próxima sequência, isso acontece apenas no início do filme. Somos reféns de uma boa interpretação que infelizmente não consegue segurar o filme como um todo. Dos mesmos produtores do ótimo “A Orfã”, “Anna” deverá seguir o caminho triste para produções que não agradam nem as distribuidoras, a prateleira empoeirada das locadoras que ainda existem.
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28/05/2014

Crítica do filme: 'A Culpa é das Estrelas'

Pense na beleza de tudo a seu redor... e seja feliz. Para alegria de Milhares de leitores mundo a fora, chega aos cinemas o filme A Culpa é das Estrelas, baseado no Best-seller homônimo de John Green. Com direção de Josh Boone (do ótimo Ligados pelo Amor) e com jovens rostos, da nova geração de atores hollywoodianos, o aguardado longa-metragem é uma grande aula carismática de como combater as tristezas. Os atores doam-se ao máximo para manter o carisma dos personagens das folhas do livro tão famoso de Green. A emoção toma conta a todo instante do ambiente, é um filme forte, praticamente sem saída para um final feliz.

Na trama, conhecemos uma simpática jovem chamada Hazel Grace (Shailene Woodley) , uma universitária que tem câncer em estágio avançado. Hazel resolve freqüentar um grupo de apoio à doença e nessa reunião de jovens com problemas parecidos, conhece Augustus Waters (Ansel Elgort). O entrosamento logo de cara é maravilhoso, ambos se apaixonam perdidamente e juntos precisam enfrentar as tristezas e armadilhas do destino.

O mundo não é uma fábrica de desejos, tristezas farão parte de toda nossa trajetória. A história é muito profunda quando aborda esses desalentos. Assistindo Alien ou Buffy – A Caça Vampiros, entendendo melhor a relação dos pais dos protagonistas, conhecendo outros personagens fascinantes, uma enxurrada de particulares emoções é transmitida ao público de maneira simples sem ser em nenhum momento indelicado ou exagerado. Quando acaba a sessão, a vontade de ler o livro de novo, ou pela primeira vez, será imensa.

A produção do filme é inteligente quando consegue explorar todo tipo de assunto em uma história tão popular como essa. A maneira como é desenvolvida essa linda fábula sobre o amor e amizade pode até ter muitos elementos necessários em filmes do gênero mas percebemos um grande esforço de todos os envolvidos em recriar o máximo do que acontece no livro nas telonas. Com certeza John Green deve estar orgulhoso de todo o trabalho feito por Boone, Woodley e Elgort, principalmente.


A amizade levou ao amor. O amor os levou a uma eternidade, algo como um pequeno infinito. Quem não vai se emocionar com algo assim tão profundo e bonito? Preparem os lenços a história tem uma alta capacidade de enternecer. O filme não vai ganhar o Oscar, nem Cannes, nem Berlim. Ele vai ganhar seu coração! Não percam. O.K?
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