19/08/2018

Crítica do filme: 'Te Peguei!'


Lembram daquela brincadeira de ‘pique pega’ que muitos de nós brincávamos quando criança? Então, Te Peguei! explora o universo de uma brincadeira infantil ainda mantida por anos, em prol da amizade, por adultos, em sua maioria bem sucedidos. Dirigido por Jeff Tomsic, debutando na direção de longas-metragens para cinema, baseado em fatos reais, a comédia tem cara de besteirol mas tenta criar paralelos, que não conseguem adentrar a superfície, para falar sobre amizade. O elenco é de rostos bastante conhecidos, Ed Helms (Se Beber não Case), Jon Hamm (Mad Men), Isla Fisher (Truque de Mestre), Jeremy Renner (o Gavião Arqueiro da Saga os Vingadores), Leslie Bibb (Popular) e Lil Rel Howery (Corra!).

Com estreia marcada para dia 23 de agosto no circuito exibidor brasileiro, o filme conta uma história para lá de inusitada de um grupo de amigos já na fase adulta de suas vidas que durante o mês de maio pregam inusitadas situações para brincar de ‘pega a pega’. Apenas um deles nunca perdeu nessa brincadeira (nunca conseguiu ser ‘pego’), Jerry (Jeremy Renner), que vai se casar exatamente no mês da brincadeira, o que faz com que seus amigos bolem diversos planos mirabolantes para tentar enfim pegar o melhor jogador do grupo de amigos. A brincadeira chama a atenção de Rebecca (Annabelle Wallis), jornalista de um famoso jornal, que passa a acompanhar a saga dos amigos em busca da vitória.

A manutenção da amizade, ou pelo menos o espírito mais puro dela, é uma das âncoras do filme mas que explora isso de maneira escrachada, muitas vezes ambíguas, pois, nunca sabemos quando estão falando a verdade ou criando situações para conseguir vencer no jogo. Os planos criados pelos ‘jogadores’ são para lá de peculiares. Situações cômicas ou relatos constrangedores são comentados e/ou vistos. As filmagens também devem ter sido intensas já que, por exemplo, Jeremy Renner quebrou o cotovelo direito e o pulso esquerdo durante uma cena.

Puxado muito mais para a comédia do que para qualquer outro gênero, o filme começa a inclinar para o drama quando um plot twist aparece já no arco final, preenchendo algumas lacunas na gincana de hiperatividade que é vista ao longo dos 100 minutos de projeção. Entre exageros e levando em conta uma certa licença poética, mesmo em doses não equilibradas, Te Peguei! cumpre seu papel em fazer rir.


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Crítica do filme: 'Vidas à Deriva'


Volta e meia, filmes sobre problemas em alto mar são trazidos por Hollywood e geralmente vindos de relatos reais, livros que fazem relativo sucesso sobre as experiências vividas. Dirigido pelo bom cineasta islandês Baltasar Kormákur (do ótimo Sobrevivente, lançado em 2012 no Brasil – também um filme sobre problemas no meio do mar), Adrift, no original, segue pelo mesmo caminho e conta com uma atuação esforçada e competente da atriz, já conhecida pelo público brasileiro, Shailene Woodley. Baseado no livro Red Sky in Mourning: The True Story of a Woman's Courage and Survival at Sea escrito por Tami Oldham Ashcraft (a protagonista do filme), o projeto promete e cumpre muitas emoções para o lado de cá da telona.

Na trama, conhecemos a nômade, corajosa e adepta da meditação Tami (Shailene Woodley), uma jovem norte americana que viaja sem rumo buscando encontrar sua felicidade pelos lugares que busca explorar. Certo dia, já trabalhando com barcos, conhece o velejador solitário Richard (Sam Claflin) e logo os pombinhos se apaixonam perdidamente. Assim, entre uma viagem e outra no barco de Richard, recebem uma proposta de levar um barco por um percurso grandioso, em alto mar, onde infelizmente uma inesperada tempestade vai de encontro ao casal. Lutando pela sobrevivência, Tami precisará usar toda sua força e coragem para buscar soluções para o casal completamente perdidos no meio do oceano.

Estimado em 35 milhões de dólares, o longa metragem entrou no circuito brasileiro semanas atrás, bastante ofuscado por ótimos filmes que também entraram nas salas no mesmo período. Antes de assistir, mesmo sabendo pouco sobre o longa, já se deduz que Vidas à Deriva é aquele tipo de filme que já traz emoção na sinopse e vamos nos preparando para essas emoções ao longo do seu percurso. O roteiro, baseado nos relatos da protagonista possui, com toda certeza, uma ou outra ‘licença poética’ para dar certo ritmo cinematográfico ao que entendemos como narrativa. O vai e vem nas linhas temporais buscam a explicação e razões deles estarem naquela posição completamente vulneráveis no mar. Na verdade, o maior interessante chega nas informações do passado, longe do mar.

A direção de Kormákur é segura e busca as qualidades de filmagens anteriores do diretor em outros filmes que a história se desenvolve no campo da solidão em alto mar. O lado psicológico dos personagens é pouco explorado, desce poucas camadas além da superfície, dando mais ênfase nas ações que precisam tomar para buscar a sobrevivência. Para quem gosta de se emocionar, com histórias de amor e busca por redenções após tragédias, filmes que se renovam do tipo no circuito, prepare o lenço e vai assistir.


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Crítica do filme: 'American Animals'


‘Em um mundo tão belo, eu queria ser especial. Mas eu sou insignificante. Eu sou um esquisitão. Que diabos estou fazendo aqui?’ Creep da extraordinária banda Radiohead, encaixa muito bem quando pensamos em American Animals. Um dos mais comentados filmes do último Festival de Sundance desse ano, tem em seu roteiro criativo seu enorme pilar para apresentar ao público uma história real, com diversos pontos de vista e uma auto avaliação dos verdadeiros autores desse curioso roubo que ocorreu nos Estados Unidos alguns anos atrás. Escrito e dirigido pelo excelente Bart Layton (do ótimo O Impostor), o projeto é uma espécie de ação/ficção com documentário. Envolvente do primeiro ao último minuto, é, com toda certeza, um dos grandes filmes do ano.

Na trama, conhecemos Spencer (Barry Keoghan), um estudante de arte bastante introspectivo que dorme e acorda pensando em encontrar algum sentido para sua vida. Certo dia, durante uma visita à biblioteca da universidade que estuda, descobre alguns livros raros que ficam em uma sala especial protegidos por uma bibliotecária. Assim, junto com seu amigo Warren (Evan Peters), e mais outros dois, começa a bolar um plano mirabolante para roubar as raridades. Para dar mais ingredientes à trama, realidade e ficção se unificam durante as quase duas horas de projeção, transformando um simples filme de roubo em algo muito interessante e esclarecedor.

Qual o sentido da vida? Viver o sonho americano nunca é fácil. Aos olhos dos dois maiores protagonistas da trama, conseguimos enxergar motivos e razões para entendermos seus atos. A troca entre realidade e ficção, dita o ritmo do roteiro, com pontos de vistas entrelaçados e diferentes sobre determinados detalhes. Um trabalho primoroso de Layton. Indo mais a fundo nas palavras e contextos desse roteiro, se pensarmos em um protagonista, Spencer se encaixa, onde nossos olhos mais se concentram pois é o personagem que se constrói e desconstrói com uma rapidez gigante, divide as atenções com o excêntrico Warren, o motor do filme, o explosivo, dúbio, grande incentivador do roubo e inconsequente em seus atos.

Qual a razão dos jovens realizarem algo tão audacioso? Uma das grandes perguntas do filme, é respondida a toda a instante, pelos personagens reais que aparecem relatando seus pontos de vista. Não só os que participaram do roubo mas também familiares e envolvidos no caso que marcou época na história recente norte-americana. American Animals é muito mais que um simples retrato sobre o panorama jovem norte americano, é um crítica social profunda, repleta de camadas, onde cada um de nós, do lado de cá da tela, recebemos diversos argumentos para chegarmos ao nosso próprio final sobre todas as interrogações que o filme entrega.


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10/08/2018

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Crítica do filme: 'LBJ'


O ontem não é nosso para recuperar, mas o amanhã é nosso para ganhar ou perder. Dirigido pelo cineasta nova iorquino Rob Reiner (História de Nós Dois, Antes de Partir) e com roteiro do novato em longas metragens Joey Hartstone, LBJ é um dos recentes projetos que falam sobre uma parte importante da vida profissional do 36º presidente dos Estados Unidos, Lyndon Johnson (só a cargo de curiosidade, o outro filme é Até o Fim - 2016). No papel principal, o veterano Woody Harrelson com uma maquiagem que chama a atenção, o ator teve que passar por duas horas de aplicação a cada manhã, e uma hora para a remoção do mesmo no final de cada sessão.


Exibido no Festival Internacional de Toronto em 2016, LBJ conta como o líder do senado norte-americano Lyndon B. Johnson (Woody Harrelson) assume o maior cargo norte-americano de comando após o trágico assassinato do presidente Kennedy no início da década de 60. Sempre bem articulado nas manobras políticas, Johnson precisará lidar com os obstáculos colocados por Bobby Kennedy (Michael Stahl-David) e lutar para aprovação do Ato dos Direitos Civis, mesmo se isso o colocar contra seus fiéis aliados sulistas.


Nesse retrato amistoso do ex-presidente mencionado, uma das quatro pessoas que atuaram como presidente e vice-presidente nos Estados Unidos, o roteiro foca sem muita profundidade nas prévias eleitorais norte-americanas, na qual é vencida por Kennedy e o surpreendente pedido para Johnson ser o seu vice. Durante toda a projeção, o lado emocional de Johnson aflora, tendo que lidar com sua preocupação com a rejeição, seu ciúmes do carinho que as pessoas tinham por Kennedy e inúmeras batalhas vencidas e perdidas para controlar as ações à sua maneira. Completamente esquecida pelo roteiro, Lady Bird (Jennifer Jason Leigh), esposa de Johnson possui apenas um papel bem menor do que deveria para entendermos melhor essa figura histórica norte americana.


Longe de ser a biografia oficial, sem muito brilho e buscando certo entendimento no ato de preencher as lacunas mais evidentes sobre as atos governamentais polêmicas (Vietnã, por exemplo), LBJ foi direto para os canais de streaming sem ter chances no disputado circuito exibidor.


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09/08/2018

Crítica do filme: 'The Rider'


Sabemos o que somos, mas não sabemos o que poderemos ser. A difícil decisão de desistir dos próprios sonhos por motivo de força maior. Escrito e dirigido pela cineasta chinesa Chloé Zhao, The Rider é uma fábula moderna, muito real, sobre a arte do se reinventar mesmo que isso vá contra tudo o que sempre conquistou. Falando sobre amizade, família e sonhos, o projeto foi organizado a partir do encontro entre e diretora Chloé Zhao e Brady Jandreau durante a pesquisa da primeira para seu filme anterior, Songs My Brothers Taught Me (2015).

Com um personagem baseado na vida do artista que o interpreta, The Rider conta a história de Brady Blackburn (Brady Jandreau) um jovem com um futuro brilhante no mundo dos rodeios até que após um grave acidente em um evento precisa se limitar a determinadas atividades e nunca mais poder realizar seu grande sonho. Tendo que se reinventar como pessoa, descobre na força dos amigos e da família novos motivos para se tornar uma pessoa de bem.

Colorindo nosso olhar com uma bela fotografia, The Rider é uma trama envolvente, que busca na profundidade de seu protagonista razões para entendermos melhor o louco mundo em que vivemos. Mesmo a cultura country sendo um pouco distante da maior parte das realidades brasileiras, o projeto projeta o tema como plano de fundo dando exata dimensão do quão fascinante é esse mundo. Abordando sonhos e as conseqüências das dificuldades que enfrenta o protagonista, nos identificamos a todo instante. Mesmo sendo lapidado com uma melancolia permanente, The Rider é capaz de encantar pela sutileza e as nítidas verdades do olhar do personagem, elo com o público.

Indicado para mais de 16 premiações em todo o mundo, incluindo o prêmio do C.I.C.A.E. Award no Festival de Cannes em 2017, além de indicações ao prestigiado Spirit Awards desse ano, The Rider não deixa de ser a realização de um sonho, uma singela e bonita homenagem de Zhao a seu protagonista. Um sonho sonhado sozinho é um sonho. Um sonho sonhado junto é realidade.

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05/08/2018

Crítica do filme: 'Tal Pai, Tal Filha'


Os caminhos e aprendizados entre o destino e o ato de perdoar. Primeiro longa-metragem da carreira de diretora da artista Lauren Miller Rogen (esposa de Seth Rogen – que também faz uma participação no filme), Tal Pai, Tal Filha , filme exclusivo no streaming Netflix, é uma tragicomédia melancólica que busca no espírito do perdão chegar aos corações dos espectadores.  Como protagonistas, a dupla conhecida do mundo dos seriados Kristen Bell (Veronica Mars) e Kelsey Grammer (Frasier), no papel de filha e pai, respectivamente, acertam na sintonia e no clímax das variações de drama e comédia. O roteiro é bastante previsível mas a história não deixa de emocionar.

Na trama conhecemos Rachel (Kristen Bell), uma jovem, workaholic, que vem crescendo rapidamente na empresa onde trabalha. Sua vida é 90% trabalho e isso acaba por terminar seu noivado no dia da cerimônia de casamento, evento que seu pai Harry (Kelsey Grammer) apareceu de surpresa. Sem entender direito a sucessão de fatos que acontecem nesse dia direito, Rachel, resolve à noite, sair, para uma bebedeira com Garry, que não vê a mais de duas décadas e acabam acordando em um cruzeiro onde seria sua lua de mel. Assim, ao longo de curtos dias, os dois precisarão enfrentar os dramas do passado e tentar construir uma ponte para um entendimento melhor para o futuro.

Um dos pontos positivos da trama é focar no drama mas do que na comédia. Isso transforma os diálogos mais impactantes, aproximando o público da história. Há uma carga emocional bastante grande envolvida, vamos adentrar além da superfície nas características de ambos protagonistas, entendendo melhor os seus porquês do passado e também o fato da dedicação exagerada no trabalho de Rachel no presente. Aliás, os diálogos entre filha e pai são ótimos, repletos de lições, uma ótima sintonia em cena de Bell e Grammer.

A previsibilidade do roteiro chega na forma mais vista em filmes hollywoodianos, um excesso de situações óbvias. Mas por incrível que pareça não atrapalha tanto o andamento do filme, os clichês vistos na trajetória são para dar um certo ritmo e sair da melancolia que o filme se aprofunda em alguns momentos.  Tal Pai, Tal Filha está em cartaz no Netflix, longe de ser um filme inesquecível mas emociona de uma forma bastante simpática.

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04/08/2018

Crítica do filme: 'Jurassic World: Reino Ameaçado'


Dirigido pelo cineasta espanhol J.A. Bayona (dos excelentes Sete Minutos Depois da Meia-Noite e O Orfanato), voltou às telonas de todo o mundo, semanas atrás, o mais novo capítulo da saga criada por Michael Crichton no início da década de 90. Focando na ganância dos humanos e toda uma problemática para se definir o destino dos ex-extintos animais, o projeto é guiado pela trilha sonora sempre impecável além de cenas de ação muito bem produzidas. Só que, dessa vez, o filme não se torna tão empolgante quanto outros filmes da saga.

Em Jurassic World: Reino Ameaçado , que se passa cerca de quatro anos após o colapso no novo parque criado em Jurassic World – O Mundo dos Dinossauros (filme que arrecadou mais de um bilhão e meio em bilheteria pelo planeta), o mundo se envolve uma grande polêmica para saber se os dinossauros devem ser extintos novamente ou se merecem estar libertos em um lugar isolado e assim dar novo início ao ciclo de reprodução das espécies geneticamente criadas. Os personagens Owen (Chris Pratt) e Claire (Bryce Dallas Howard) voltam para ajudar os incríveis animais.

Muito bem produzido, como sempre na excelência dessa saga, o filme nos leva a mais uma aventura cheia de sustos, cenas engraçadas e personagens que clamam por carisma. O roteiro navega pelas águas complicadas do veredito de sim ou não pela extinção, tentando apresentar argumentos para ambos os lados. Nesse aspecto o filme não consegue o ritmo necessário, sendo bastante superficial nesses argumentos e deixando o público tirar suas próprias conclusões através das ações dos animais e dos humanos ao longo dos não tão empolgantes 228 minutos de projeção.

Mas como todo grande franquia de sucesso, Jurassic World: Reino Ameaçado gera o interesse por conta de todo o passado, com o primeiro filme sendo lançado em 1993 e passando de geração em geração adiante. Vale pela diversão e porque não dizer pelas boas memórias dos filmes anteriores.

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Crítica do filme: 'The Catcher Was a Spy'


A velha história da espionagem de tempos atrás. Sabe aquele filme que parece reunir todos os elementos para ser muito bom e acaba fracassando em coisas básicas para uma história interessante? The Catcher Was a Spy, dirigido pelo cineasta polonês Ben Lewin, do recente Tudo que Quero (2017) e do ótimo As Sessões (2012), conta uma história real sobre o universo da espionagem onde um astro do baseball vira um espião por conta de suas habilidades e inteligência. O roteiro naufraga do início ao fim, falta ritmo ao filme e a direção é talvez o único bom fator que podemos mencionar. O elenco é estrelar: Guy Pearce, Connie Nielsen, Mark Strong, Sienna Miller, Paul Giamatti, Jeff Daniels, Tom Wilkinson, Giancarlo Giannini são alguns dos ótimos nomes que aparecem no filme.

Todo filmado em White Plains (Nova Iorque), The Catcher Was a Spy nos apresenta Moe Berg (Paul Rudd) um famoso jogador de baseball da MLB (liga norte americana profissional), fluente em muitas línguas, que acaba indo trabalhar como uma espécie de agente secreto de uma agência norte americana participando de uma missão importante, saber quais as intenções de um cientista famoso que presta serviço aos nazistas.

Os primeiros arcos do roteiro até são satisfatórios, focando na vida e personalidade contida do esportista Moe Berg. Sua relação com a mulher de sua vida, os primórdios de sua iniciação como agente secreto e todas as escolhas que precisa fazer seguindo as convicções do que acha que é o correto para o momento. Quando a parte da espionagem entra na história, as coisas começam a se complicar. Nada é muito simples em filmes do tipo, mas The Catcher Was a Spy consegue criar dezenas de dúvidas sobre como determinadas ações aconteciam. As licenças poéticas de transformar em filme fatos reais, que foram narrados no livro The Catcher Was A Spy: The Mysterious Life of Moe Berg, de Nicholas Dawidoff, distanciam o interesse.Ótimos nomes aparecem apenas como coadjuvantes ao lado do fraco protagonista interpretado pelo intérprete do vingador Homem Formiga.

Exibido no início desse ano no famoso Festival de Sundance, The Catcher Was a Spy é apenas um filme morno, sonolento em alguns momentos, que se perde em seu roteiro.

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Crítica do filme: 'Custódia'


A angústia de uma separação. Ainda em cartaz em alguns cinemas brasileiros, o longa-metragem francês Custódia aborda todo um processo de separação, desde o viés jurídico, com um plano em sequência extremamente bem feito logo em seu abre alas, até as consequências dramáticas da decisão. É um filme forte, repleto de tensão, onde aos poucos vamos conhecendo as facetas dos personagens. Destaque para os excelentes Léa Drucker e Denis Ménochet que dão um grande show em cena.

Escrito e dirigido por Xavier Legrand, em seu primeiro trabalho na direção de uma longa-metragem o projeto conta a história de Myriam (Léa Drucker) que tem seu casamento encerrado por conta dos problemas com violência com seu ex-marido Antoine (Denis Ménochet). Agora, a preocupação de Myriam é sobre a guarda de seu filho Julien (Thomas Gioria). E assim, dá o início a uma batalha dolorosa pela custódia do jovem.

Intenso, angustiante e com cenas emblemáticas. Disparado um dos melhores filmes que entraram em cartaz esse ano no circuito brasileiro, Custódia apresenta um contexto intenso, com diversas visões sobre uma separação e principalmente sobre a guarda de um dos filhos do casal recém separado. Aos olhos de Myriam, o pensamento de proteger sua família e o medo do ex-marido, desencadeando uma troca de endereço quase secreta, a dificuldade no avanço de relacionamento com outros pretendentes e as dificuldades diárias de ser uma mãe de dois jovens de idades diferentes e em momentos diferentes da vida. O clima de tensão é enorme, todos tem medo de Antoine e aos poucos o público vai sabendo o porquê.

Os filhos tem papel importante na história, Josephine (Mathilde Auneveux) está na passagem da adolescência para a fase adulta e pode escolher seus próprios caminhos, se distancia levemente de toda a problemática da separação dos pais. Já Julien, está no epicentro da disputa, reflete um medo constante pelo pai e a vontade de ficar somente com a mãe. Os abalos psicológicos que os personagens passam são duros de assistir, a cena de desfecho então gera uma angústia tremenda.

Escolhido pela crítica o Melhor Filme Internacional da Mostra de Cinema de São Paulo 2017 e selecionado para o Festival Varilux desse ano, Custódia é um retrato de muitos lares mundo a fora e se torna um grande símbolo para debates sobre a violência doméstica.  

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Crítica do filme: 'Where Is Kyra?'


O desespero nos leva a atitudes impensadas. Buscando explorar uma tensão psicológica de uma indecifrável personagem, o competente cineasta Andrew Dosunmu usa e abusa de ótimas técnicas cinematográficas para apresentar toda a transformação de uma mulher perdida no seu ato de viver. Exibido no Festival de Sundance em 2017, Where Is Kyra? é uma viagem dramática, de ritmo bastante contido com destaque para a atuação profunda de Michelle Pfeiffer.

Na trama, conhecemos Kyra (Michelle Pfeiffer), uma mulher de meia idade, bastante sofrida que vive para cuidar de sua mãe com graves problemas de saúde. Quando sua mãe falece, Kyra se vê perdida, desempregada, separada, completamente sozinha no mundo. Buscando emprego em qualquer lugar, e sempre sendo rejeitada, resolve agir pelo inusitado: começa a descontar os cheques de aposentadoria de sua mãe vestida da mesma. A farsa dá certo no início e a sofrida personagem até encontra o amor nos braços do delicado Doug (Kiefer Sutherland) mas logo os problemas voltam com maior intensidade e Kyra precisará fazer escolhas.

A direção é interessante e deixa sua marca. Planos longos, deixando o sofrimento prevalecer em atmosfera delicada. A personagem principal é bastante sofrida e se sente deslocada da sociedade em todos os momentos. Não preparada para viver nas circunstâncias que a vida apresentou, tem um momento de racionalidade vinda de um amor improvável de um homem também em busca de novos caminhos. Com ritmo bastante lento, se sustenta na boa atuação de Pfeiffer.

O roteiro explora a problemática mundial do desempregado e quais as opções que temos para sobreviver, o certo e o errado tem várias portas quando pensamos na ética básica de sobrevivência. O desespero é focado no psicológico de Kyra, completamente afetado pela situação que vive. O grande desafio é como entregar um ritmo satisfatório para chegarmos ao fim dessa longa jornada infernal que vive a conturbada protagonista.

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