Festas para
uns, vida para outros. A subida lenta pela escada, logo no início do filme
mostrava que muitos detalhes seriam mostrados durante os poucos mais de 90
minutos do ótimo drama argentino O Último Elvis. Dirigido pelo
cineasta Armando Bo, o longa personifica o drama em torno de um pai de família
que busca uma vida melhor, paralela ao sonho que sempre teve. A maneira
comovente que é apresentada essa história aproxima o público na série de fatos
que preenchem aos poucos a telona.
Nesse drama
existencial, acompanhamos a trajetória de Gutierrez, metalúrgico uniformizado durante
o dia, Elvis Presley Cover com calça de boca de sino durante a noite. O
protagonista personifica a figura de Elvis, não só nos palcos mas em todo o seu
dia-a-dia. A dupla jornada do protagonista nunca é quebrada mesmo quando
problemas com sua ex-mulher colocam em risco seus objetivos.O mundo dos covers
é apresentado de maneira verdadeira e não se escondendo nada. As dificuldades
dos artistas que vivem no anonimato, imitando os grandes astros é escancarada
de maneira dura. Entre belas canções, roupas e expressões de uma época toma
conta da telona. A direção é muito inteligente, molda as sequências
apresentando todos os detalhes e principalmente colocando o espectador dentro
das cenas.
O filme, em
determinado momento, foca na relação pai e filha. Essas sequências apresentam
um choque quando as irresponsabilidades entram em confronto com as
responsabilidades fazendo o protagonista refletir até certo ponto. O
personagem, amargurado por não conseguir com seu sonho se vê em torno do famoso
dilema shakespeariano: Ser ou não ser,
eis a questão.
O roteiro
muitas vezes parece sem pretensão ou propósito mas o protagonista, excêntrico
por si só, gera ótimas sequências guiando o público para um desfecho
emblemático. Quando sobe ao palco, o jeito pacato e triste se modifica, transformando-se
em alegria e carisma aos olhos do público. A voz é idêntica, só faltam o
dinheiro e o glamour. As canções são arrepiantes, o ator John Mc Inerny tem uma
atuação muito convincente.
A inconsequente
busca de um sonho nem sempre é uma história feliz. A sessão nostalgia e as
canções que nunca sairão da memória são detalhes muito bem aproveitados pela
história. Afinal, quem inventou o rock and roll nunca sai de moda!