Escrito e dirigido pelo mundialmente conhecido cineasta
espanhol Pedro Almodóvar (A Pele que
Habito), Os Amantes Passageiros é
um drama puxado para a comédia exagerada. As peculiaridades de Almodóvar são
expostas na telona sem nenhum filtro. O roteiro flutua nos sobejos sobre
sexualidade e situações que fogem do possível. É praticamente um delírio
cinematográfico descompromissado com a realidade.
Nessa história, que encosta na loucura e no absurdo a quase
todo instante, conhecemos algumas pessoas que estão presas em um avião sem
conseguir aterrissar por conta de uma falha no trem de pouso. Aos poucos vamos
conhecendo melhor a cada uma das pessoas, seus dramas e conflitos e assim uma
série de situações inusitadas acontecem.
A comédia é inteligente (não há como negar), provoca risos
intensos na platéia. Algumas inserções de atualidade, como um funcionário do
aeroporto que adora twittar, diálogos afiados tendendo aos papos sobre
sexualidade e as conturbadas vidas particulares de cada uma das pessoas à bordo
vão moldando o roteiro que pode ser visto como genial por alguns e chato por
outros.
Antonio Banderas e Penélope Cruz (que nunca haviam
trabalhado juntos em um filme de Almodóvar), aparecem pouquíssimos segundos em
cena. Os artistas conhecidos do grande público dão lugar a rostos novos e
deveras competentes. Joserra é um personagem excelente, dita o ritmo das
confusões naquele avião. Mais uma atuação fantástica do experiente Javier
Cámera (Fale com Ela). Vale o
destaque também para os nem tanto conhecidos Carlos Areces e Raúl Arévalo que
participam da maior parte das cenas.
Qualquer filme de Pedro Almodóvar podemos previamente
classificar como polêmico. Esse não foge à esse raciocínio. A única certeza que
temos sobre Os Amantes Passageiros é
a de que dividirá opiniões do público que vai correr para os cinemas e assistir
a esse aguardado novo trabalho do sempre polêmico Pedro Almodóvar.