Em um relacionamento, as pessoas se somam ou se
complementam? Para falar de amor a um nível intenso, cheio de dramas e
conflitos, o diretor Ira Sachs (Vida de Casado) aborda todas essas
variáveis aplicadas a um relacionamento homossexual no excelente drama Deixe
a Luz Acesa. Além da direção
primorosa, o longa conta com uma atuação espetacular de seu protagonista, o
dinamarquês Thure Lindhardt (Velozes e Furiosos 6).
Na trama, acompanhamos o cineasta Erik (Lindhardt), um
documentarista morador de Manhattan, homossexual, que gosta de conhecer pessoas
pelo telefone. Em uma dessas ligações, conhece o enrustido advogado Paul. O
relacionamento dos dois se torna cada vez mais excessivo, alimentado por altos
e baixos e comportamentos fora do normal. A luta de ambos é na verdade uma
grande negociação dos limites que ambos ultrapassam a cada nova ação
inconsequente.
A falta de maturidade é a grande questão abordada do
magnificente roteiro. O relacionamento dos protagonistas se torna descontrolado,
há amor, paixão e amizade mas ambos não conseguem dosar suas atitudes, vícios
de drogas e sumiços sem explicações. Traições se tornam frequentes, levando
ambos para o fundo do poço. Um dos personagens ainda consegue desafogar suas
mágoas no excelente núcleo familiar comandado pela carismática e querida pelos
cinéfilos Paprika Steen (Amor é Tudo o Que Você Precisa).
O filme não é em nenhum momento vulgar e não possui cenas
desnecessárias de nudez e sexo. Tudo é muito bem dosado nos excelentes planos e
enquadramentos de Sachs. Há um grande preconceito contra filmes que falam de
maneira aberta e clara sobre relacionamentos homossexuais. Esse drama é uma
aula de cinema, há pureza e poesia nesta história que vai marcar quem a
conferir.
A entrega dos atores que mais circulam pelas lentes de Sachs
é um ponto importante para criar a mais possível veracidade da história. Thure
Lindhardt e Zachary Booth (Um Novo Despertar) dão um verdadeiro
show em cena. Como o filme é repleto de altos e baixos, contando a saga deste
conturbado relacionamento, os artistas precisam ser fiéis a seus personagens,
rindo e chorando ao limite. Um esforço que vemos do primeiro ao último minuto.
Merece ser conferido! Bravo!