Para falar sobre a classe média e as malandragens de uma
família deveras peculiar, a diretora Betse de Paula (Celeste & Estrela) reuniu
um elenco conhecido do grande público – tornando o filme mais popular possível –
jogou dentro de uma casa antiga e tentou contar uma história sobre situações
que giram em torno de uma venda, a falta de dinheiro e os vícios que todo consumidor
descontrolado corre o risco de sofrer. Pena que nada encaixou com nada.
Nessa nova e premiada produção nacional - levou 12 prêmios
no último Festival de Cinema de Pernambuco – uma família repleta de gerações – Bisavó,
avó, mãe e filha moram em uma gigantesca casa no pé de uma perigosa favela que
está sendo ocupada pela polícia para ser pacificada, por isso não conseguem vender
nem lugar o terreno encontrando-se em grandes dificuldades financeiras. Mesmo
assim, aparecem alguns possíveis compradores, como: um gringo excêntrico,
veteranas jogadoras de pôquer e um pastor bem suspeito.
É um humor sociológico, que preza pelo desespero financeiro
e o descontrole emocional. O gênero comédia se encaixa em qualquer tema:
brincar, fazer piadas, diálogos com falas soltas e debochadas fazem parte. Em Vendo
ou Alugo há um exagero neste sentido. Em quanto a diretora tenta captar
o melhor enquadramento e condução das sequências – a direção é sem dúvidas a
melhor coisa do filme -, os atores se descontrolam em ações desordenadas o que
acaba justificando a confusão que conferimos na telona.
O foco em quatro protagonistas é muito mal definido no
roteiro, assinado por cinco pessoas: Maria Lucia Dahl, Júlia de Abreu, Betse De
Paula, Adriana Falcão, José Roberto Toreiro. Há críticas neste quesito também.
Será necessário tanta gente para escrever uma história? Os pontos de vista
diferentes derrubam a interação com o público. Sobra apenas o carisma dos
personagens, muito pouco para agradar o público.
A atitude e a coragem de sair da mesmice das comédias
nacionais é um mérito que o filme merece receber. Mas isso não quer dizer que o
filme seja nem ao menos bom. As pessoas ligadas ao nosso cinema, precisam de
uma vez por todas entender de que boas idéias o inferno está cheio. O certo era
vender ou alugar essa ideia para algum seriado de canal aberto.