Como curar um sofrimento provocado por duas pessoas casadas?
Praga,
o trabalho do diretor dinamarquês Ole Christian Madsen (Flammen & Citronen) é
o retrato sobre um casamento em ruínas onde nenhuma das partes envolvidas é
inocente. A direção é competente tentando encontrar formas diferentes de
mostrar essa situação. O roteiro atrapalha a harmonia e cansa o espectador,
transformando lindas imagens em um sonífero dos mais poderosos.
Na trama, acompanhamos o casal interpretado pelo astro
dinamarquês Mads Mikkelsen e a atriz Stine Stengade (Flamen & Citronem) que
viajam rumo a uma terra desconhecida por ambos, a princípio, para cuidar da
papelada e resgatar o corpo do pai de um deles. Aos poucos vamos descobrindo
segredos sobre esse tumultuado relacionamento, fato que leva os personagens a
um clima de dor e desespero.
O sofrimento e a vontade de se torturar do personagem Christoffer
(Mikkelsen) são escancarados na telona, provocando muita dor e angústia
inflamados pelos diálogos calorosos com sua companheira Maja (Stengade). Os
personagens vão ao limite de suas emoções, fica claro para o espectador. Porém,
os atores que os interpretam parecem estar perdidos no meio da inconsequência
emocional que se instaura. A tentativa de recriar a realidade vai por água
abaixo quando há um descontrole dos atores sob os seus respectivos papéis.
O roteiro é o grande problema dessa película dinamarquesa. O
objetivo dos personagens é perdido quando acontece a mudança de foco. A ida
para Praga não era somente para buscar o corpo do pai, era para provocar um
grande ultimato em um relacionamento doloroso que foi se construindo ao longos
dos anos que passaram juntos. O filme explica essa mudança de maneira confusa o
que dificulta a relação do espectador com a história.
Se encararmos como uma peça de teatro, o formato se
encaixaria bem melhor. Dois atores em cena, diálogos intrigantes que chegam ao
limite, poucos cenários e uma boa direção. No formato cinema, outros elementos
são necessários e nesse caso, toda essa sustenção cinematográfica é terrivelmente
executada. Uma pena.