Como reconstruir quando você só destrói? Falando sobre a busca
da felicidade de um homem, o jovem cineasta islandês Rúnar Rúnarsson – em seu
primeiro longa-metragem - transforma um
conflito pessoal em uma obra de arte. Vulcão é o tipo de filme que você
nunca ouviu falar mas que certamente vai querer debater sobre ele.
Na trama, conhecemos Hannes (Theodór Júlíusson) um rabugento
fumante de idade avançada que leva a vida de maneira triste e sem novos grandes
objetivos. Faz questão de ser a pessoa mais inconveniente dos lugares onde
passa, sendo assim, visto por todos como um infeliz que não gosta de ninguém. Certo
dia, após retornar de uma falha tentativa de suicídio, uma certa conversa que
escuta desperta nele um sentimento de mudanças.
O que mais chama a atenção no longa é a descontrução do
personagem - absurdamente bem feita. A lentidão apresentada neste trabalho -característica
de alguns filmes de arte europeus - é extremamente necessária para captar todos
os elementos que caracterizam o universo familiar que o protagonista vive. Méritos
total do diretor, que também escreveu o roteiro.
Theodór Júlíusson – o ator que interpreta o protagonista da
história - tem uma atuação fabulosa. Não perde um segundo o foco de seu difícil
personagem, o que facilita a exposição dos conflitos para o espectador. Toda a dor, angústia, aflição, insegurança e
desespero são mostrados com uma verdade que impressiona. A todo instante, o
público interage com a trama e sai do cinema sem saber se Hannes é o vilão ou o
mocinho dos fatos.
A cena mais importante da película, a do travesseiro, expõe
o tão longe do seu limite emocional o protagonista ja se encontrava. A dor dá
lugar à compaixão, podemos interpretar não como uma despedida mais um ato de
socorro de quem quer recomeçar mais escolheu muito tarde essa opção. É uma
parte tocante, uma espécie de clímax desta dramática história.
O filme é de 2011 e infelizmente deve estar jogado nas
locadoras que ainda restam, atrás dos blockbusters que são lançados a cada
minuto pela indústria mais forte por trás do cinema. Esse belíssimo filme de
arte precisa de pessoas como eu e você para ganhar força e ser usado como
ferramenta de estudo dos campos da sociologia e do direito, principalmente.
Diretamente das lindas paisagens geladas da Islândia uma
pérola cinematográfica brota. Vejam, não há como se arrepender. Fabuloso.
Bravo!