Para a primeira tentativa nacional de gravar em live action
usando tecnologia 3D, a história escolhida não poderia ser pior. Dirigido pelo
cineasta Paulo Fontenelle (Intruso), a nova comédia brasileira Se
Puder... Dirija! é uma experiência terrível para quem espera uma
história inteligente e longe de bobeiras – típicas nos últimos filmes do gênero
feitos no Brasil. Os personagens interagem de maneira superficial, o roteiro
não se encontra e logomarcas de patrocinadores recebem mais atenção que a
história. Resumindo, uma experiência sonolenta.
Distribuído pela Disney e pela Buena Vista, Se
Puder... Dirija! conta a história de João (Luis Fernando Guimarães) um manobrista
que vive deprimido por estar longe de sua família após o divórcio. Certo dia,
após reflexões em um frustrado aniversário, resolve se tornar um pai mais presente
e convida seu filho Quinho para passar o dia com ele. Atrasado para esse
compromisso, pega emprestado o carro de uma cliente – a médica Márcia (Bárbara
Paz), e parte para uma série de imprevistos no que era para ser um dia de
diversão entre pai e filho.
O principal erro do filme tem haver com o roteiro.
Personagens sem objetivos circulam pela trama como se estivessem em um desfile
de moda. Situações forçadas – que dificilmente iriam acontecer no mundo real – são
despejadas na tela transformando o enredo em uma grande confusão que é
apresentada ao espectador. O personagem principal, interpretado pelo comediante
Luis Fernando Guimarães (Os Normais 2) também é um pobre
coitado perdido em cena. Sem objetivo fixo, fica vagando entre as toscas
sequências captadas pelas lentes do diretor.
Uma das coisas que mais incomodam é a exposição – algumas desnecessárias
– de logomarcas patrocinadoras nas cenas. O protagonista trabalha como
manobrista e para surpresa geral, quase todos os carros são de uma marca famosa
francesa (que patrocina o filme). Isso destrói qualquer tipo de veracidade. Outro
fator irritante no filme é a interação de Reynaldo Gianecchini e Lívia de Bueno,
os efeitos no cabelo da personagem feminina e um charme forçado do outro
personagem fazem o público ficar atônitos com tamanha bobagem.
A experiência em 3D não muda em nada a interação com público,
a expectativa gerada cai por terra quando a história não é boa. A única coisa
que muda realmente é que o público vai pagar mais caro na bilheteria dos
cinemas. E o que não muda é que o espectador vai comprar seu ticket para ver um
filme nacional e – a maioria – se arrependerá.