Dirigido pela cineasta australiana Cate Shortland (Somersault),
o drama sobre a segunda guerra mundial Lore é uma troca de perspectiva
sobre a ótica do Holocausto. A família dos vilões desses tempos violentos e
desumanos também sofrem e isso é mostrado friamente, com muitos detalhes, neste
excelente trabalho. A atriz Saskia Rosendahl dá um verdadeiro show na pele da
protagonista que dá título à trama, com apenas quatro trabalhos no mundo do
cinema, a artista alemã de 20 anos será um rosto freqüente no cinema europeu
nos próximos anos, podem anotar!
Lore é baseado na obra The
Dark Room, de Rachel Seiffert e conta a história de uma irmã que leva seus
irmãos em uma viagem os expondo a verdade das crenças ensinadas por seus pais. Durante
o caminho, um encontro com um refugiado misterioso, faz a protagonista aprender
a confiar em alguém que toda a vida foi ensinada a desprezar. Ao mesmo tempo, vai
descobrindo a verdade sobre a família e o regime onde foi educada. Segura e com
novas convicções para seu futuro ruma para um destino cheio de surpresas.
O roteiro é muito bem escrito por Robin Mukherjee. Consegue
recriar o cenário imaginado de tristeza, dor e sofrimento que a história pede. A
emoção é constante, dosada na medida certa para comover, gerar indignações e
argumentações – essas últimas no pós-filme. Não chega a ser uma lição de vida
mas demonstra que a vida é uma grande caixa de surpresas e o futuro é um lugar
indeterminado.
A co-produção Alemanha-Austrália consegue se diferenciar dos
outros inúmeros filmes que abordam esse mesmo assunto. Neste drama, somos
surpreendidos por uma visão diferente dos fatos, mais ou menos como ocorre no
comovente O Menino do Pijama Listrado (2008). As descobertas dos irmãos
sobre todas as atrocidades feitas durante anos por pessoas perto deles
desconstroem e transformam todos esses personagens. O público é guiado
brilhantemente pelas ótimas sequências captadas por Cate Shortland. A grande
lição que fica da história é triste mas não deixa de ser uma verdade global:
ame o impossível, porque é o único que te não pode decepcionar.