Tentando transformar a sala
de cinema em um verdadeiro templo angustiante e de muito drama, o cineasta
mexicano Alfonso Cuarón (Filhos da Esperança) chega –
finalmente – aos nossos cinemas com o seu aguardado longa-metragem Gravidade.
Com poucos personagens, muita tensão e efeitos especiais muito bem executados a
esperança do veterano diretor era encontrar uma atriz que conseguisse passar
sozinha toda a verdade da sensação de estar em uma situação desesperadora. A
escolha não poderia ter sido melhor, Sandra Bullock tem o melhor desempenho de
sua vida. Porém, o filme é apenas bom. Os exageros e a criação de uma heroína
hollywoodiana não convencem e tornam o longa-metragem apelativo em seu final.
Na fantástica aventura
acompanhamos o veterano astronauta Matt Kowalski (George Clooney) e a
engenheira médica Ryan Stone (Sandra Bullock) em um dia tumultuado no espaço.
Enquanto estão consertando alguns probleminhas em uma estação espacial, são
surpreendidos por uma chuva de meteoritos que atingem uma outra estação
espacial, caminhando rapidamente na direção deles. Do lado de fora da nave, com
pouco oxigênio e quase entrando em desespero, precisam unir forças para tentar
sobreviver a essa eminente catástrofe.
O filme é angustiante (muitas
pessoas vão ter algum tipo de desconforto), eletrizante, mas apenas bom. A única
coisa espetacular é a atuação da Sandra Bullock (As Bem-Armadas). Choramos,
pensamos e nos identificamos com sua personagem. Esse – sem dúvidas nenhuma – é
o melhor trabalho da vida dessa artista norte-americana de trabalhos deveras
contestados ao longo de sua carreira. O filme se torna uma grande redenção tanto
para a personagem quanto para a artista. O espectador torce pela doutora Ryan
Stone o tempo todo. Sandrinha tem mais carisma q o Lula, podem apostar. Ela
vale o ingresso e se ganhar o Oscar ano que vem, dessa vez será merecido!
O roteiro possui os méritos
de criar uma personagem com um passado trágico o que acaba se conectando com
aquela situação desesperadora, virando força e justificando a luta pela
sobrevivência da protagonista. Todo esse leque de emoções: passado, presente,
lembranças, medo, angustia é muito bem distribuído e notamos isso nas ações da
personagem a cada minuto. Ao longo dos 91 minutos de fita, é impossível tirar
os olhos da tela mesmo que os últimos 20 minutos de filme deixem um pouco a
desejar no quesito exageros da heroína. Os últimos 5 minutos são totalmente
descartados mas muita gente vai gostar.
Como dizia o poeta sueco Vilhelm
Ekelund: “A origem de toda a angústia é a de ter perdido o contato com a
verdade”, Gravidade pode ter cometido algumas falhas reais dentre as
fábulas físicas criadas para a aventura dar certo. Somando-se a isso – e caminhando
com cuidado para não soltar nenhum spoiler indelicado – o desfecho vai gerar
sérios conflitos entre os que conseguiram achar esse filme um espetáculo e aos
que assim como eu acharam desnecessário esse final, além da exagerada louvação
hollywoodiana.