Despejando pensamentos na
telona, Minutos Atrás é uma produção nacional diferente de muitas obras
made in Brasil que você já viu por aí. Dirigido por Caio Sóh e com apenas três
personagens em cena, o filme é quase uma canção declamada e sem nenhuma obrigação
cinematográfica. O roteiro se sustenta em um cavalo, um personagem pensador e
seu discípulo, ou meramente um fã daquelas palavras jogadas. Vladimir Brichta,
Otavio Muller e o inusitado ruminante Paulinho Moska compõem o elenco desse
filme feito para pensar.
Na curiosa história –
roteirizado pelo próprio diretor – acompanhamos dois amigos seguindo sem
direção em uma estrada abandonada. Tendo apenas uma carroça cheia de
bugigangas, pensamentos argumentativos sobre a sociedade, os sonhos, a vida e o
destino, a dupla corre contra o tempo pois não sabem onde esse caminho os
levarão. Assim, o público é envolvido em raciocínios oriundo da vivência dos
dois, fato que os fazem refletir sobre sua própria existência no planeta.
Alonso (Brichta) e Nildo
(Muller), os personagens principais desta curiosa saga, podem ser comparados a
um mestre e seu aprendiz, mais ou menos a relação conflituosa que vimos no
último filme de Paul Thomas Anderson, O Mestre (2012). Os pensamentos são
descarregados um atrás do outro e um terceiro elemento, Ruminante (Moska) – um cavalo
- é a figura prostrada que serve de auxílio para os desabafos, virando também
uma zona de conforto para essas duas almas perdidas. Se o público não se
identificar com as palavras jogadas ao vento não curtirá essa viagem, caso
contrário pode sair do cinema cheio de assunto para discutir na mesa de bar
mais próxima.
Não deixa de ser um filme
corajoso – como peça de teatro funcionaria bem melhor. Caio Soh despeja seus
pensamentos e ideias inusitadas tendo como base a poesia e a música. O ar
poético com que são declamadas as palavras transformam essa jornada em um
grande experimento que deve gerar reações diversas nas nossas salas de cinema. A
dica, é se deixar levar e tentar contra argumentar, sempre nas loucuras estão presas
raios de brilhantismo e ideias geniais. É só querer acreditar. Viva essa
experiência.