12/10/2013

Crítica do filme: 'Minutos Atrás'

Despejando pensamentos na telona, Minutos Atrás é uma produção nacional diferente de muitas obras made in Brasil que você já viu por aí. Dirigido por Caio Sóh e com apenas três personagens em cena, o filme é quase uma canção declamada e sem nenhuma obrigação cinematográfica. O roteiro se sustenta em um cavalo, um personagem pensador e seu discípulo, ou meramente um fã daquelas palavras jogadas. Vladimir Brichta, Otavio Muller e o inusitado ruminante Paulinho Moska compõem o elenco desse filme feito para pensar.

Na curiosa história – roteirizado pelo próprio diretor – acompanhamos dois amigos seguindo sem direção em uma estrada abandonada. Tendo apenas uma carroça cheia de bugigangas, pensamentos argumentativos sobre a sociedade, os sonhos, a vida e o destino, a dupla corre contra o tempo pois não sabem onde esse caminho os levarão. Assim, o público é envolvido em raciocínios oriundo da vivência dos dois, fato que os fazem refletir sobre sua própria existência no planeta.

Alonso (Brichta) e Nildo (Muller), os personagens principais desta curiosa saga, podem ser comparados a um mestre e seu aprendiz, mais ou menos a relação conflituosa que vimos no último filme de Paul Thomas Anderson, O Mestre (2012). Os pensamentos são descarregados um atrás do outro e um terceiro elemento, Ruminante (Moska) – um cavalo - é a figura prostrada que serve de auxílio para os desabafos, virando também uma zona de conforto para essas duas almas perdidas. Se o público não se identificar com as palavras jogadas ao vento não curtirá essa viagem, caso contrário pode sair do cinema cheio de assunto para discutir na mesa de bar mais próxima.


Não deixa de ser um filme corajoso – como peça de teatro funcionaria bem melhor. Caio Soh despeja seus pensamentos e ideias inusitadas tendo como base a poesia e a música. O ar poético com que são declamadas as palavras transformam essa jornada em um grande experimento que deve gerar reações diversas nas nossas salas de cinema. A dica, é se deixar levar e tentar contra argumentar, sempre nas loucuras estão presas raios de brilhantismo e ideias geniais. É só querer acreditar. Viva essa experiência.