10/12/2013

Crítica do filme: 'Até que a Sorte nos Separe 2'

Fica difícil saber por onde começar a falar dessa nova comédia com cara, pescoço e pernas de global. Com um orçamento na casa dos R$ 6,5 milhões, Até que a Sorte nos Separe 2 deve chegar aos cinemas brasileiros na próxima sexta-feira com mais de 700 cópias. Se o número for esse mesmo, provavelmente baterá alguns recordes e se tornará o filme de maior lançamento da história do cinema nacional. A questão é: aonde foi parar a qualidade nesses 6 milhões gastos? O roteiro é pífio, as atuações arrastadas e a direção completamente perdida. Mais uma enorme decepção nacional do gênero comédia.

Gravado no Rio de Janeiro e em Las Vegas, nos Estados Unidos, Até que a Sorte nos Separe 2 volta a apresentar ao público as confusões do tijucano Tino e sua família. Dessa vez, o personagem mais sortudo do cinema nacional é salvo de uma eminente falência pela surpreendente herança deixada por um tio de sua esposa. Com R$ 50 Milhões no bolso e com a simples missão de jogar as cinzas do falecido tio meio do Grand Canyon, viaja com sua mulher Jane (Camila Morgado) e seus filhos para Las Vegas onde, novamente, se mete em diversas confusões no cassino do hotel onde está hospedado.  

O roteiro é terrível. Bobagens gigantescas, toscas, se misturam com diálogos sem o mínimo de veracidade e repletos de exageros. A overdose de besteiras que vemos nas telonas chega ao seu ápice nas sequências de MMA que só servem mesmo para promover esse esporte - nada violento (sarcasmo) - que por acaso tem preciosos minutos reservados em uma famosa emissora de televisão, que por acaso mais ainda tem uma certa influência neste filme. Por que será?  

A petropolitana Camila Morgado (a eterna Olga) tem a fácil missão de substituir a atriz Danielle Winits que por algum motivo não pode reviver a personagem que interpretou no primeiro filme. Isso é o que chamamos de desperdício de talento. Morgado faz de tudo para dar algum oásis à terrível história, porém, não consegue. O personagem de Leandro Hassum (Se Puder... Dirija!), Tino, é um dos mais caricatos e chatos da história do cinema nacional. A atuação do comediante é de dar pena, completamente perdido em cena, exagera de maneira impressionante em sua atuação. Uma boa seria Hassum voltar ao teatro, onde realmente é um dos grandes talentos brasileiros. Fazer cinema não é tão fácil assim e nós cinéfilos não somos pacóvios!

A única coisa de interessante, e rezo para que não tenha sido usado muito dos seis milhões nisso, é a participação especial (bem rápida) de Jerry Lewis. O comediante norte-americano de 89 anos, que ficou famoso já na década de 40 quando formou uma dupla espetacular com Dean Martin, interpreta uma espécie de mensagem de hotel, talvez uma homenagem a um de seus filmes mais famosos, O Mensageiro Trapalhão (1960). E saibam que filme Até que a Sorte nos Separe 2  só não ganhou nota zero por conta dessa homenagem.


Lançado ano passado, o primeiro filme levou mais de 3 milhões de espectadores aos cinemas. Essa sequência baterá esse número facilmente. Mas será que é esse tipo de filme que o público quer assistir? Precisamos desligar nossa inteligência durante o pouco mais de 90 minutos de fita e rir de qualquer coisa que apresentam para nós? É justo com quem ama cinema e ainda acredita nas produções nacionais? Com R$ 6,5 Milhões, em vez de bobagens, poderiam dar a chance para dezenas de projetos mais interessantes que certamente existem e estão espalhados pelo nosso país.