O que traz a vantagem de a gente poder estar só e ao mesmo
tempo acompanhado? Após ter feito muitos filmes “Made for Tv” e ser
praticamente um desconhecido no cenário cinéfilo mundial, o diretor Brian
Percival topou o enorme desafio de transformar uma obra, que só no Brasil vendeu
mais de dois milhões de exemplares, em um longa-metragem digno, pelo menos, de
emoção. Com a ajuda de um trio de atores iluminados em seus respectivos papéis
(Sophie Nélisse, Geoffrey Rush e Emily Watson), o diretor não só consegue realizar
uma pequena grande obra como também faz o espectador sair da sessão de cinema
direto para as livrarias para comprar, ou ler de novo sobre essa mágica
história.
Com a fantástica trilha sonora criada pelo gênio John
Williams, A Menina que Roubava Livros conta a história, narrada por uma
voz sombria, de Liesel que precisa ir morar com uma nova família na Alemanha da
Segunda Guerra após sua mãe ser acusada de comunismo. Aprende a cada dia a amar
e ser amada, vive de seus sonhos e da vivência dos que tem ao seu redor. Uma
longa lista de vidas se misturam com a dela e, desafiando quem já viu as
maiores barbáries do planeta e trabalhou para os mais diversos vilões da
história mundial, contagia, mostrando que a vida pode, deve e merece ser vivida
dia após dia.
O livro é infinitamente mais detalhista, tanto em relação à
história dos personagens quanto a todo o contexto mundial, tendo os nazistas em
evidência. Mas isso não quer dizer que esse trabalho deixa muito a desejar. A
Menina que Roubava Livros é um belo filme, onde a tática do feijão com
arroz adotada deu certo. O diretor seguiu o máximo que pôde todas as linhas e idéias
de Markus Zusak e transportou para as telonas, principalmente, a emoção o que amarra
a história e prende a atenção do espectador do começo ao fim.
Depois de seu magnífico e emocionante trabalho no filme O que
Traz Boas Novas, a jovem Sophie Nélisse ganhou um dos papéis mais concorridos
dos últimos anos. Com uma sensibilidade de gente grande, transforma cada olhar
em palavra conduzindo o público brilhantemente para as profundezas da razão e
emoção contidos em cada parágrafo dessa bela história.
Todo livro é um mestre que fala mas que não responde. Partindo
dessa verdade grega, a destemida Liesel encara a dura vida de maneira criativa
e diversas vezes recheada de alegrias por conta da mágica que acontece quando
acaba de desfrutar um livro. Com a ajuda de seu novo pai Hans (interpretado de
forma brilhante pelo eterno Shine, Geoffrey Rush) e os amigos
que faz durante toda a história, a menina rouba livros e devolve em emoção ao
espectador. Você merece conferir essa
história.