O que é mais importante do que a segurança do povo?
Resgatando com grande genialidade um super-herói esquecido de todos nós
cinéfilos, o diretor brasileiro José Padilha surpreende o mundo do cinema no
seu novo trabalho Robocop. Criando um remake infinitamente superior ao original
do cineasta holandês Paul Verhoeven, Padilha utilizou os U$$ 130 milhoes que
teve de orçamento de maneira inteligente focando nos fervorosos embates
políticos sobre máquinas como forma de segurança mas sem esquecer as espetaculares
cenas de acao que sao necessárias nesse tipo de filme. Utilizando toda sua
experiência no cinema e utilizando recursos tecnológicos avançados transformam
Robocop, sem dúvidas, em um trabalho de primeira linha desse nosso grande
diretor.
Na trama, ambientada
em 2028 na cidade de Detroit, conhecemos o incorruptível detetive Alex Murphy (Joel
Kinnaman) que diariamente luta contra os
criminosos da cidade, além de colegas de corporação extremamente corruptos.
Certo dia, após chegar em casa depois de mais um dia cansativo, sofre um
atentado na porta de casa ficando em estado grave, à beira da morte. Sua sorte é que a equipe do Dr. Dennett Norton
(Gary Oldman) estava procurando exatamente um ex-policial que sofrera algum
tipo de acidente para criar um robô de combate ao crime, financiado pelo
bilionário Raymond Sellars (Michael Keaton). Alex então vira Robocop, um super
policial, sem se esquecer de sua mulher e seu filho. Assim, luta contra o crime
e busca sua verdadeira personalidade em meio ao caos político que se instaura
em sua cidade.
Uma importante contextualização no início do filme é uma das
grandes sacadas do roteiro para que o público se sinta muito próximo das ações
dos personagens. As vezes tratado como fantoche pelo magnata que o constrói, Alex
Murphy / RoboCop é muito mais do que uma maquina contra o crime. A
sensibilidade, a alma, o coração de Alex é muito bem conduzida pelas lentes
certeiras de padilha. Sentimos e entendemos as reações do personagem como se
ele fosse um velho conhecido nosso. A questão
da família também se torna importante, fazendo com que o personagem se
descontrua e se construa com brilhantismo.
Um dos motivos que faz esse remake superar o original
homônimo é o fato de que sabe como explorar a relação pessoal do ex-detetive de
maneira nua e crua, além de dar grande destaque
a mídia exibicionista, comandada pelo inspirado Samuel L. Jackson que dá
um show sempre que aparece em cena na pele de Pat Novak, sem esquecer em nenhum momento que trata-se de
um filme de acao e por isso muitos tiros e cenas espetaculares recheiam inúmeras
sequencias.
Um debate interessante sobre a ilusão do livre arbítrio em
que o personagem título é exposto vai gerar opnioes diversas entre o público, o
que claramente era uma das intenções do filme, jogar o público para dentro dos
debates que ocorrem na trama. Com direito a dedilhadas robóticas no violão, a
participação especial de Frank Sinatra cantando “Fly me to the Moon” para o restabelecimento de boas memórias e um
Samuel L. Jackson inspirado, Robocop crava de vez o nome de Jose Padilha como
um dos grandes diretores de filmes de acao do momento atual do cinema mundial.
Orgulho tupiniquim na terra do Tio Sam. Bravo!