Será que existe algum dilema entre a vida humana e uma obra
de arte? O novo trabalho do polivalente George Clooney fala sobre o universo
peculiar de Rembrandt, Picasso e Renoir, com um adicional cenário do conflito
mundial que mais matou gente neste planeta. Caçadores de Obras-Primas é uma
espécie de Onze homens e um Segredo misturado com qualquer filminho
chatinho desses que fazem sátiras da Segunda grande guerra. Muito pouco para
convencer o público que ficará incomodado com personagens engessados e uma trama
sem ritmo nenhum.
Nesse blockbuster, acompanhamos um grupo de especialistas em
obras de arte que são recrutados como soldados, já no final da segunda guerra
mundial, para salvar peças de arte históricas que estavam sob o domínio dos
nazistas. Percorrendo a Europa de cabo a rabo, enfrentam difíceis obstáculos
com um certo, e esquisito, bom humor, sempre liderados pelo sargento Frank
Stokes (George Clooney).
O filme aborda a questão central que é a de se arriscar em
meio a um conflito extremamente perigoso para salvar um objeto. Pena que o
roteiro não se aprofunda nisso, nem vemos qualquer emoção ou carisma nos
personagens, deixando essa discussão sem fundamento. Só resta a nós meros
mortais escutarmos mais de cinco vezes a mesma pergunta: “Uma vida vale mais
que uma obra de arte?”. Uma chatice que só assistindo para sentir. A vontade
que temos é perguntar: “Quanto vale o ingresso desse filme mesmo?”.
Personagens travados são vistos o tempo todo. Fala de
desenvolvimento cênico torna qualquer diálogo, qualquer sequência uma experiência
superficial. John Goodman, o grande Bill Murray, o apagado Matt Damon, a linda
Blanchett e o diretor/ator George Clooney, e os demais, sem exceção, são
intérpretes de personagens sem um pingo de emoção. Esse fato é o mais alarmante
dessa produção que tinha grande potencial caso houvesse algum tipo de
entrosamento entre os papéis em cena.
Caçadores de Obras-Primas
marca a pior direção da carreira vitoriosa do ex- E.R George Clooney. O
roteiro assinado pelo diretor e por Grant Heslov (Tudo pelo Poder), baseado
na obra homônima de Robert M. Edsel e
Bret Witter, é sonolento, tornando o filme uma ótima opção para quem sofre de
insônia. Com tantas estrelas de Hollywood competentes reunidas era obrigatório o
filme ter no mínimo bons momentos mas a constelação insiste em ficar apagada
durante intermináveis 118 minutos de projeção.