Sonhos entre medos, uma realidade de todos nós. Em tempos de
Copa do Mundo no Brasil, os cinéfilos brasileiros são premiados com um
excelente longa-metragem que fala sobre futebol com autoridade, sem esquecer de
mostrar uma dura realidade que ocorre em diversos países latino-americanos.
Dirigido por Marcel Rasquin e diretamente da eterna terra de Hugo Chavez, Hermano promete conquistar muitos fãs
por aqui e no mundo.
Na trama, somos apresentados a Daniel (Fernando Moreno), um jovem
que foi abandonado ainda bebê e criado por uma família amorosa e muito
especial. Sua vida gira em torno do sonho de ser um grande, rico e famoso
jogador de futebol. Esse sonho ele deseja que seja compartilhado com seu irmão
de criação Julio (Eliú Armas). Ambos moram em uma favela, em Caracas, e o
cotidiano dos jovens passa por enfrentar as dificuldades desse traiçoeiro
lugar. Certo dia, um olheiro de um grande time de futebol dá a chance da vida
deles, uma oportunidade para serem testados no maior clube de futebol da Venezuela.
Essa chance chega ao mesmo tempo com uma tragédia e o forte envolvimento de
Julio com a bandidagem local.
Utilizando o Futebol como pano de fundo, o longa-metragem
explora muito mais do que esse sonho de muitos jovens de comunidades carentes.
A dura realidade das favelas na Venezuela (muito parecida com os problemas aqui
do Brasil), a luta da família em arranjar criativas soluções para os obstáculos
do cotidiano, o amor proibido, as consequências da compaixão, o valor da
amizade na vida dos personagens principais, são alguns dos pontos em que o
filme se aprofunda de maneira certeira. A lente inteligente de Rasquin consegue
passar uma verdade comovente sobre essa realidade enfrentada pelos personagens.
Após o sucesso do filme Pelo
Malo, nós cinéfilos começamos a respeitar mais o cinema venezuelano, antes,
praticamente desconhecido por muitos de nós. O engraçado é que a dinâmica do
desfecho de Hermano, lembra muito a
de outro recente lançamento latino-americano, 7 Caixas (filme paraguaio que fez tremendo sucesso no Brasil). Lançado
em 2010 na Venezuela (e só agora chegando aos cinemas brasileiros), o filme de
maior bilheteria da história do cinema venezuelano consegue unir a paixão pelo
futebol, um roteiro maravilhoso e uma direção exemplar. É um golaço! Você não
pode perder essa história!