O destino é uma fábula quando não se encontra uma saída para
sua própria sobrevivência. Um dos filmes indicados ao Oscar de melhor filme
estrangeiro do ano passado, é um retrato marcante e emocionante sobre um tema
atemporal que causa dor e sofrimento ano após ano. Omar é muito mais que uma história de amor, é muito mais que um
conflito sobre raízes, é um filme sobre traição que mostra que alguns destinos
já estão traçados. Dirigido por Hany Abu-Assad e com uma atuação inspirada do
ator Adam Bakri, o projeto foi o primeiro filme palestino a ser indicado ao
Oscar.
Na trama, acompanhamos a vida de Omar (Adam Bakri), um
padeiro que vive com a família na Cisjordânia, ocupada. O protagonista e seus
dois amigos de infância, fazem parte de um movimento de libertação e lutam à
sua maneira pela liberdade de seu povo. Omar é apaixonado por Nadia, irmã de um
desses amigos, e isso sempre o coloca em dúvida de como seguir lutando. Quando
uma traição ocorre nesse grupo revolucionário, Omar é preso e precisa decidir
de qual lado ele está nesse grande conflito.
O filme navega em temas polêmicos que giram em torno do conflito
milenar entre Israel e Palestina. A violência a todo instante, os julgamentos
premeditados da comunidade, as traições que ocorrem a todo instante, a detenção
e o tratamento desumano, torturas e rebeliões por uma causa. Ninguém é inocente
nessa história. Por lutarem pelas convicções que acham as corretas, não há como
ter um dia de paz nesses lugares.
A grande sacada do filme é o desdobramento da história de
amor que lhe é embutida. Mas vocês pensam que isso deixa a história mais leve?
Bonitinha? Nada disso. Não há clichês, percebemos novas verdades cruéis a cada
sequência. Omar é um sobrevivente em um mundo de dor e violência, como milhões
de pessoas que sofrem por conta desse imbecil conflito entre Israel e
Palestina.
Já em seu desfecho (que final espetacular, emblemático!),
com os créditos aparecendo na tela sem nenhuma trilha sonora, começamos a
raciocinar e abrir os olhos de que o filme terminou mas o conflito infelizmente
continua e cada vez mais sem finais felizes.