O famoso Carl Gustav Jung dizia: “O sofrimento precisa ser
superado, e o único meio de superá-lo é suportando-o”. Será, Jung? E vem da
Grécia, um dos filmes mais chocantes que entrarão em circuito neste ano aqui no
Brasil, Miss Violence. Vencedor de
alguns prêmios no último Festival de Veneza, a história impactante dirigida por
Alexandros Avranas (que também assina o roteiro) fala sobre a violência absurda
embutida em uma família grega de classe média cheia de regras e punições. Esse
é um daqueles trabalhos que deixarão o público assustado.
Na trama, sem nenhum tipo de introdução, somos guiados para
dentro do dia do aniversário de 11 anos da jovem Angeliki, que de repente e sem
ninguém entender, se joga da janela da casa onde mora com sua mãe, seus irmãos
e avós. A polícia e o serviço social são chamados e tentam a todo custo descobrir
a razão desse suicídio. Assim, somos guiados para o cotidiano tenebroso dessa
estranha família que tem na figura do avô (interpretado de maneira brilhante
pelo ator Themis Panou) a razão de seu mistério.
Miss Violence é um filme muito forte que vai causar indignação de
grande parte do público. Coloca em questão assuntos polêmicos, como: a
prostituição infantil, a violência doméstica e o suicídio. É um trabalho de
direção muito interessante de Avranas que praticamente coloca os olhos do
espectador dentro do dia a dia dessa família. Talvez por isso, seja tão
chocante. A passividade do restante da família em relação as ações absurdas do
Avô, causam espanto de todos.
Os cineastas gregos, volta e meia, chegam com filmes
impactantes, que incomodam. Lembram do tenebroso Dente Canino? Miss Violence
com certeza terá uma classificação de 18 anos, realmente as cenas são fortes,
chocantes. Esperamos que esse detalhe da classificação não atrapalhe alguns
cinemas de exibir esse grande filme aqui no Brasil. Por mais fortes que esses
filmes sejam, não há como negar a qualidade no cinema deste país. Esses dois
trabalhos, que muito se assemelham, são uma brilhante crítica social.