27/07/2014

Crítica do filme: 'Miss Violence'



O famoso Carl Gustav Jung dizia: “O sofrimento precisa ser superado, e o único meio de superá-lo é suportando-o”. Será, Jung? E vem da Grécia, um dos filmes mais chocantes que entrarão em circuito neste ano aqui no Brasil, Miss Violence. Vencedor de alguns prêmios no último Festival de Veneza, a história impactante dirigida por Alexandros Avranas (que também assina o roteiro) fala sobre a violência absurda embutida em uma família grega de classe média cheia de regras e punições. Esse é um daqueles trabalhos que deixarão o público assustado.

Na trama, sem nenhum tipo de introdução, somos guiados para dentro do dia do aniversário de 11 anos da jovem Angeliki, que de repente e sem ninguém entender, se joga da janela da casa onde mora com sua mãe, seus irmãos e avós. A polícia e o serviço social são chamados e tentam a todo custo descobrir a razão desse suicídio. Assim, somos guiados para o cotidiano tenebroso dessa estranha família que tem na figura do avô (interpretado de maneira brilhante pelo ator Themis Panou) a razão de seu mistério.

Miss Violence é um filme muito forte que vai causar indignação de grande parte do público. Coloca em questão assuntos polêmicos, como: a prostituição infantil, a violência doméstica e o suicídio. É um trabalho de direção muito interessante de Avranas que praticamente coloca os olhos do espectador dentro do dia a dia dessa família. Talvez por isso, seja tão chocante. A passividade do restante da família em relação as ações absurdas do Avô, causam espanto de todos.  

Os cineastas gregos, volta e meia, chegam com filmes impactantes, que incomodam. Lembram do tenebroso Dente Canino? Miss Violence com certeza terá uma classificação de 18 anos, realmente as cenas são fortes, chocantes. Esperamos que esse detalhe da classificação não atrapalhe alguns cinemas de exibir esse grande filme aqui no Brasil. Por mais fortes que esses filmes sejam, não há como negar a qualidade no cinema deste país. Esses dois trabalhos, que muito se assemelham, são uma brilhante crítica social.