Se a sua vida for a melhor coisa que já te aconteceu,
acredite, você tem mais sorte do que pode imaginar. Baseado em uma
inacreditável história real, o novo trabalho do bom diretor Baltasar Kormákur, Sobrevivente, é a jornada de um homem em
busca de sobrevivência em uma situação deveras extrema. Mas se vocês pensam que
o filme se resume a um homem jogado ao mar pela força da natureza, estão
enganados! Na verdade o grande clímax do filme acontece quando ele sai das
águas geladas e enfrentam o conturbado mundo da ciência.
Na trama, acompanhamos o tímido e querido pescador Gulli (interpretado
pelo inspirado ator Ólafur Darri Ólafsson), um homem que durante o inverno de
1984 na Islândia se vê em uma situação delicada quando o barco onde estava
naufraga nas águas do atlântico norte. Após nadar por inacreditáveis seis horas
e enfrentar vários percalços nessa desumana trajetória pela sobrevivência, consegue
chegar são e salvo em casa. Mais a dor de Gulli não termina por aí, agora
precisa enfrentar a dor da perda dos amigos nesse acidente e a curiosidade de
cientistas que insistem em fazer testes para descobrir como foi possível um ser
humano viver 6 horas nas águas mais geladas do mundo.
O que mais impressiona neste belo trabalho, é a impecável
direção de Kormakúr. As cenas do naufrágio são pensadas de maneira inteligente.
Nessas tensas sequências, o espectador praticamente é transportado para dentro
do atlântico norte e acompanha as dores do protagonista. Tudo foi filmado de
maneira tão real que impressiona. Mesmo tendo um consequente spoiler no seu
título, Sobrevivente ganha o coração do cinéfilo quando chega ao seu clímax
quando, passado pela situação extrema, seu personagem principal enfrenta o
insensível mundo da ciência que praticamente quer fazer de Gulli uma cobaia.
Nesse momento o ator Ólafur Darri Ólafsson toma conta da tela e nos mostra uma
viagem de autoconhecimento inspiradora.
O filme, que se passa na década de 80, consegue fazer um
retrato fiel ao que eram as condições que os tripulantes dos navios de pescas
daquela região, praticamente esquecida pelo planeta, viviam. Talvez por isso,
ao final do longa, juntamente com depoimentos do verdadeiro Gulli, uma bela
dedicação a esses bravos trabalhadores é colocada em aberto ao público.
Indicado ao Oscar pela Islândia no ano passado, Sobrevivente é um filme que você precisa conferir.