A coragem em atos simples justifica as escolhas daqueles que
possuem esse mérito. E chega diretamente da Turquia uma das grandes surpresas
deste ótimo Festival do RJ 2014, O
Cordeiro. Dirigido pelo cineasta Kutlug Ataman, o filme é quase uma fábula
dramática com personagens cativantes, principalmente o protagonista Mert,
interpretado brilhantemente pelo ator mirim Mert Tastan. Esse é um daqueles
filmes que quando acaba, abrimos um lindo sorriso e pensamos: vimos uma pequena
obra prima!
Na trama, conhecemos Mert e sua humilde família que vivem em
uma aldeia no interior da Turquia. De acordo com as tradições da tribo, há um
evento de comemoração para a Circuncisão das crianças jovens onde o pai deve
dar uma festa e fazer o sacrifício de um cordeiro. Só que o pai de Mert não tem
dinheiro e a irmã dele começa a criar ilusões macabras na mente do menino,
dizendo que se não conseguirem um cordeiro, quem vai ser sacrificado é ele.
Assim Mert embarca em uma busca bastante peculiar atrás de um cordeiro para a
festa.
Em 87 minutos, o público presencia uma história muito bem
contada e com ótimas atuações. Conseguimos enxergar o filme sob a ótica de
todos os personagens. A visão do protagonista é de longe a mais carismática e
mostra, pela lente inteligente do diretor como a simplicidade nas ações
consegue criar momentos divertidos para o espectador.
O Cordeiro é mais
um desses filmes de Festivais que só por um milagre cinéfilo conseguirá chegar
ao circuito comercial brasileiro. Os filmes de arte, ou considerados cinemas de
arte, enfrentam um engessado funil para serem distribuídos na terra do
carnaval. Se as distribuidoras, de todos os tamanhos, acreditassem mais na
qualidade dos filmes que compram, O
Cordeiro seria bastante disputado.