Os únicos limites das nossas realizações de amanhã são as
nossas dúvidas e hesitações de hoje. Baseado na obra homônima de Laura
Kasischke, Pássaro Branco na Nevasca é
um drama com uma narrativa lenta que possui leves pitadas de suspense. O
diretor Gregg Araki, que também assina o roteiro adaptado, tem méritos por
reunir um bom elenco mas o roteiro deixa a desejar, tornando o filme em algumas
partes bem maçante.
Na trama, conhecemos um pouco melhor a história de Katrina (Shailene
Woodley), uma jovem que vive no final dos anos 80 com os pais em um bairro de
classe média no interior dos Estados Unidos. Kat tem inúmeras barreiras
provocadas pela difícil relação com os pais. Quando sua mãe desaparece sua vida
e a de todos ao seu redor, anos se passam e Kat ainda se vê envolvida por esse
misterioso sumiço. É uma atuação forte e corajosa de Shailene Woodley. Muitas
cenas envolvendo sexo são vistas, onde o diretor Gregg Araki faz um excelente
trabalho nessas sequências, mostrando a sensualidade sem ser ofensivo em nenhum
momento.
O filme se molda como uma confissão de uma adolescente
provocada pelos estragos emocionais de sua família problemática e nada
convencional. Kat expõe o que pensa e vive, principalmente suas aventuras
sexuais com o namorado e um homem mais velho. Muitas dessas confissões são feitas
durante sessões de terapia e nos inúmeros e longos bate papos com seus amigos
mais próximos.
A relação de Kat com sua mãe era desgastante. A insanidade
da figura materna levava a protagonista pra dentro de diálogos fervorosos. Eve,
mãe de Kat (interpretada pela bela Eva Green), parece ter inveja da filha que
vira seu principal alvo nos surtos depressivos que passa ao longo do tempo. Já
a relação entre Kat e seu pai Brock (interpretado pelo ótimo Christopher Meloni)
é muito carinhosa mas vai se tornando muito esquisita por conta de uma mistério
que ronda a família.
Apesar das boas atuações que vemos ao longo dos 95 minutos
de fita, a fórmula de misturar a lentidão das cenas dramáticas com um ritmo
mais acelerado quando há um mistério a ser resolvido, deixa o trabalho sem
identidade, não chegando a envolver o público como deveria, apesar do arco
final surpreendente. Pássaro Branco na
Nevasca é o tipo de filme mais ou menos que logo sairá da memória dos
cinéfilos.