Você pode sobreviver, mas sobrevivência não é vida. De volta
aos sets de filmagens para recriar ou até mesmo repaginar sua própria criação,
o espetacular cineasta australiano George Miller, depois de uma passagem
curiosa como diretor da animação Happy
Feet: O Pinguim, juntamente com um elenco para lá de competente, consegue
realizar a façanha de melhorar sua grande obra-prima. Mad Max: A Estrada da Fúria é uma daquelas mágicas cinematográficas
que não deixam nossas mentes pararem de se exercitar.
Na trama, conhecemos o solitário Max (Tom Hardy), um homem
com traumas de seu passado que vive em um mundo recheado de maldade onde todas
as pessoas fazem de tudo sobreviver. Certo dia, é capturado por um grupo
terrível que controla uma região e feito prisioneiro. Quando estava perdendo o
último fio de esperança que brotava em seu coração, consegue uma única
oportunidade de escapar e fugir daquela loucura. Assim, conhece a Imperatriz
Furiosa (Charlize Theron), uma mulher que luta para fugir da ira de um tirano
cruel e o intrigante Nux (uma atuação espetacular do britânico Nicholas Hoult).
Enxergamos esse novo mundo pelos olhos do personagem
principal. A natureza humana e o desespero pela não extinção são expostos à
flor da pele. No contexto da trama, a terra estava estéril. Brigas diárias por
petróleo, água ou qualquer tipo de riqueza que nosso planeta possui eram
constantes. Essa personificação do desespero que vivia a população é o reflexo
das atitudes impiedosas do personagem mais sinistro do ano, Immortan Joe
(atuação impactante do ator indiano Hugh Keays-Byrne).
Max (mais uma atuação exemplar do sempre ótimo Tom Hardy) é
um homem reduzido aos fiapos que possui do seu instinto de sobrevivência. Assombrado
por um passado que não conseguiu proteger e vivendo em um mundo selvagem, com
as pessoas beirando à loucura, e onde a racionalidade perde a vez, cada novo
dia é uma experiência com altas cargas de emoção. Max nos faz conseguir traçar
paralelos e criar analogias criativas quando pensamos em analisar a situação do
mundo hoje e essa experiência (apocalíptica), que não deixa de ser uma teoria
inteligente e uma crítica ao mundo em que vivemos hoje.
Com alta carga de adrenalina, a ação é constante ao longo
dos 120 minutos de projeção, o público sai da sala de cinema e parece que
correu uma maratona de São Silvestre. Nossos olhos absorvem tanta informação
que parece que estamos dentro daquela história, tudo dentro do magistral
roteiro assinado por George Miller, Brendan McCarthy e Nick Lathouris, é
interessante. O cinema que faz pensar
tem esse poder de nos fazer sonhar e refletir sobre nossa própria existência.