Em seu oitavo trabalho, o cineasta norte-americano Quentin Tarantino
volta às telonas mais uma vez com o gênero faroeste, de pano de fundo, para
contar uma história repleta de entrelinhas sobre o pós-guerra civil
norte-americana. Os Oito Odiados,
com estreia garantida no dia 07 de janeiro do próximo ano, é um filme grande (2
horas e 47 de projeção), com arcos bem longos e uma história muito interessante
que insinua uma representação de cada personagem no contexto da passagem
histórica já mencionada. Para brindar os cinéfilos, a genial trilha sonora é
assinada pelo mestre Ennio Morricone.
Alguns anos após a Guerra Civil Americana, conhecemos o
caçador de recompensas John Ruth (Kurt Russell), conhecido como ‘o enforcador’.
John está indo para o vilarejo de Red Rock onde entregará a criminosa Daisy
Domergue (Jennifer Jason Leigh) para a justiça e ficará com a recompensa de 10
mil dólares. No caminho, encontra o misterioso Major Marquis Warren (Samuel L.
Jackson), um ex-soldado que adora contar uma história, e também Chris Mannix
(Walton Goggins), um homem que está indo assumir o posto de xerife da cidade de
Red Rock. Após enfrentarem uma forte nevasca, eles buscam abrigo em um lugar
conhecido pelo Major mas chegando lá, fortes surpresas os aguardarão.
Esse novo trabalho do cinéfilo Tarantino parece uma peça de
teatro aberta ao público. Nos sentimos na plateia vendo e ouvindo o desenrolar
de uma trama cheio de entrelinhas em praticamente um cenário, com muitos e
ótimos atores em cena. Falando em atuações, Bruce Dern (do excelente Nebraska) dá um show e toma as atenções durante boa parte
do projeção. Samuel L. Jackson e seu debochado personagem, também está ótimo no
papel do cruel Major Marquis Warren. Jennifer Jason Leigh, muito especulada
para disputas de prêmios importantes na próxima temporada de premiações,
interpreta com profundidade sua difícil personagem.
Em certos momentos, percebemos que estamos em uma trama ao
melhor estilo Agatha Christie onde temos que adivinhar quais as verdadeiras
intenções de cada intrigante personagem que vão surgindo conforme o filme
avança em seu inteligente roteiro. Nesse instante, o oitavo longa-metragem do
diretor de Pulp Fiction, alcança a
atenção do público e o roteiro (assinado pelo próprio Tarantino) brilha com
diálogos instigantes. Os Oito Odiados,
que teve um orçamento por volta de 60 milhões de dólares, tem o mérito de ser
muito bem explicado, até um narrador aparece mais forte nos desenrolares dos
fatos, e a não linearidade da trama ajuda no suspense.
O filme estreia em breve e não temos dúvidas que é um bom
trabalho. Mas não podemos dizer que é o melhor filme de Tarantino. O arco
introdutório um pouco longo acaba freando um pouco as expectativas mas o
brilhantismo do roteiro, o entrosamento do elenco e as associações dos
personagens com a guerra civil americana são espetaculares. Tarantino é assim
mesmo, um diretor que volta ao passado para ser sempre um cineasta a frente de
seu tempo.