A guerra é feita para que os mais fortes vivam, e os mais
fracos lutem pela sobrevivência. Indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro
pela Jordânia, O Lobo do Deserto é
um filme com uma fotografia belíssima, uma direção determinada e atuações
concentradas. A sutileza envolta de situações extremas é a assinatura de Naji
Abu Nowar que marca sua estreia na direção de longa-metragem. Mas, mesmo com
ótimas qualidades técnicas, é necessário dizer que é um filme deveras difícil e
para alguns será facilmente esquecido.
Na trama, ambientada em parte do período da primeira guerra
mundial, conhecemos o jovem Theeb (Jacir Eid Al-Hwietat) um menino, muito
apegado com seu irmão, que vive com sua família na província otomana de Hijaz.
Certo dia, um soldado do exército britânico aparece buscando ajudando para
encontrar um lugar. Assim, em meio a um deserto cheio de perigos, Theeb e seu
irmão vão ajudar o soldado e acabam encontrando uma aventura que fará Theeb
amadurecer bem mais rápido que qualquer outro menino de sua idade.
Com diálogos amadurecidos, personagens convincentes e
excelente tecnicamente, O Lobo de
Deserto, instiga no espectador uma profundidade ampla sobre o contexto para
definir as ações e reações da trama. A descoberta de várias coisas ao mesmo
tempo, um precoce amadurecimento evidente e um espírito indomável do jovem
protagonista são algumas das marcas desta história forte sobre o cotidiano de
uma região em tempos de guerra. O filme não veste o rótulo de comercial, longe
disso, prefere detalhar sua ambientação e conta muito com a força dos poucos
personagens que vemos em cena.
Vencedor do prêmio de Melhor Diretor na conceituada mostra
Horizontes do Festival de Veneza 2014, Naji Abu Nowar brinda o público com uma
aula de como fazer cinema em alto nível usando muita habilidade para
contextualizar complexas situações ambientadas em um passado conturbado de uma
região muitas vezes esquecida por todos nós.