Nossas vidas são definidas por momentos. Principalmente
aqueles que nos pegam de surpresa. Debutando em um longa-metragem, o cineasta Dan
Trachtenberg resolve aceitar um projeto que tem sua essência no pânico
psicológico e nas arrepiantes linhas fortes do roteiro. Rua Cloverfield, 10 tinha tudo para ser bem comum mas conforme os
minutos vão passando (e nem vamos percebendo), a trama começa a ganhar uma
consistência impressionante deixando os olhos do público vidrados em cada
detalhe deste criativo quebra-cabeça com resoluções para lá de surpreendentes.
O filme deve agradar não só quem curte filmes de mistério, mas filmes de terror
e ação também.
Na trama, conhecemos rapidamente a bela Michelle (Mary
Elizabeth Winstead) que dirige meio que sem destino por uma via expressa
norte-americana, até que uma caminhonete bate na traseira do carro dela causando
um acidente. Horas depois a protagonista está presa em um quarto e logo é
surpreendida por Howard (John Goodman) um ex-militar que avisa Michelle que o
mundo está dominado por forças extraterrestres e que é para ela nunca sair
dali. Completamente perturbada com tantas situações e informações chocantes,
Michelle terá que ter muita confiança para tomar as decisões corretas.
O roteiro, também assinado pelo indicado ao Oscar Damien
Chazelle (Whiplash), é alma do
filme. O primeiro ato é bastante sombrio e muitas vezes parece que estamos
entrando em uma das experiências de Jigsaw (Jogos Mortais), os personagens
estão frios mas delicadamente deixam algumas pontas soltas para a resolução no
ato seguinte. Já no segundo ato, algumas surpresas são apresentadas e o roteiro
opta em apresentar argumentos para os dois caminhos que a trama deve seguir e
fica girando em torno da questão: ‘Howard está mentindo?’, com brilhantismo e
muita força em cena os atores crescem muito o clima de tensão da história. O
último ato, que chamo de terceiro, preenche todas as respostas que a
protagonista tinha e vai surpreender demais o público.
O que mais surpreendente no filme, além do terceiro ato que
é simplesmente sensacional, é a forma como os atores compõem seus personagens
sempre deixando uma margem para dúvida no espectador. John Goodman está
impecável na pele do intrigante Howard, completamente sério e misterioso, bem
distante do Goodman de papéis que sempre vemos em muitas comédias. A
protagonista Mary Elizabeth Winstead também consegue passar toda a angústia que
sua personagem sofre, tanto fisicamente quanto psicologicamente. A dupla é uma
das grandes responsáveis pelo excelente desenvolvimento da trama.
Rua Cloverfield, 10 passou
um pouco desapercebido pelo circuito mas não deixem de acreditar, é um belo
filme que vai surpreender demais você.