O sol é para as flores o que a magia é para a humanidade. Dirigido
pelo ótimo cineasta britânico David Yates (que dirigiu alguns filmes da
franquia Harry Potter) chega aos cinemas de todo o Brasil amanhã, dia 17 de
novembro, um dos blockbusters mais aguardados do ano, Animais Fantásticos e Onde Habitam. O longa é repleto de efeitos
especiais de primeira linha, possui personagens carismáticos e um roteiro pra
lá de empolgante. Ao longo dos intensos 133 minutos de projeção – que mal vemos
passar - vamos acompanhando uma aventura sobre magia que conversa com o público
da mesma forma entusiasmada que fora toda a franquia do bruxinho de óculos mais
famoso da história do cinema. Ambientado cerca de 70 anos antes da famosa
história também criada por J.K. Rowling, Animais
Fantásticos e Onde Habitam é uma
extensão do mundo da magia que vimos com Harry e companhia.
Na trama, que conta com a primeira incursão de famosa
escritora J.K. Rowling como roteirista, conhecemos o aventureiro Newt Scamander
(Eddie Redmayne), uma espécie de Indiana Jones da Magia, um jovem que sai da
Inglaterra rumo à Nova Iorque em busca de um objetivo muito incomum portando
apenas uma maleta muito especial onde guarda diversos animais poderosos. Para
cumprir seu objetivo e conseguir futuramente escrever um manuscrito, contará
com a ajuda de Porpentina Goldstein (Katherine Waterston) e sua irmã que lê
pensamentos Alison Sudol (Queenie Goldstein), além do hilário Jacob Kowalski (Dan
Fogler), o único trouxa (pessoa que nasceu em uma família não-mágica e é
incapaz de fazer magia) do grupo.
Um dos fatores que mais chama atenção na trama é a forma
como lidam com o sentimento da amizade. A construção desse sentimento é
bastante profunda e muito detalhada em cada progressão e desenvolvimento do
elenco principal entre uma aventura e outra. As lacunas para continuações são bastante
óbvias mas feitas de forma bem delicada e madura. E aí que vem a grande lição
do filme, entre brigas de varinhas, magia e animais fantásticos, o que chama a
atenção é o ser humano comum que nunca soube nada sobre esse universo. Assim, o
grande destaque individual não vai para o protagonista mas sim para um
coadjuvante de luxo, Jacob Kowalski , responsável pelo tom cômico da trama. O
ator Dan Fogler que dá vida ao personagem simplesmente dá um show em cena, são
os olhos do público a todo instante, toda vez que ele parece em alguma
sequência aos olhos atentos do público parece que saltam em direção a tela. Ele
vale o ingresso.
Mas o filme é muito mais que personagens bem escritos. Existem
alguns debates argumentativos, como: magia usar ou não usar; confiar em quem em
mundo de poderes ilimitados? Uma amizade vale mais que se safar de uma dada
situação? Como enfrentar vilões terríveis e não perder a humanidade que há em
todos os trouxas ou não touxas? A direção quase impecável de Yates, que usou e
abusou de sua maturidade e no seu vasto conhecimento em J.K. Rowling e no
universo Potteriano, aliada ao ótimo roteiro feito pela já citada criadora
desse universo, transformam essas linhas de pensamentos em poderosos valores que
se transformam em lição a todos que abrirem os olhos para essas questões.
Animais Fantásticos e Onde Habitam vai ter uma série de sequências
e poderemos acompanhar mais aventuras desse seleto grupo de personagens em um
universo onde o inusitado reina. Então é isso, varinha na mão e ouvidos atentos
ao Magizoologista mais conhecido do mundo. O universo da magia tem muito a nos
ensinar.