Se quiser sobreviver e ser feliz, você precisa treinar,
trabalhar e viver em equipe. Contando uma história real que ocorreu na segunda
grande guerra, o ator e diretor mexicano Mario Van Peebles traz para as telonas
um filme bastante água com açúcar, que possui apenas algumas boas partes e se
prejudica com os excessos de clichês que obviamente atrapalham demais o
andamento da história. Protagonizado pelo ator Nicolas Cage (um dos
recordistas, ano pós ano, de atuações em filmes medianos para ruim), podemos
dizer até que Nick dessa vez não atrapalha, Homens de Coragem (USS Indianapolis: Men of Courage) poderia ser um
filme melhor do que é, tinha um bom potencial.
Na trama, baseada em fatos reais, ambientada durante a
Segunda Guerra Mundial, por volta de meados de 1945, conhecemos o capitão da
marinha Charles Butler McVay (Nicolas Cage), o grande comandante do imenso
navio de guerra USS Indianapolis. Quando Mcvay recebe uma ordem irrecusável do
alto comando da marinha norte americana, transportar componentes de uma bomba
nuclear sem escolta, sua enorme tripulação acaba sendo um alvo fácil para os
temidos submarinos japoneses no mar das Filipinas. E não acontece diferente, um
torpedo japonês atinge em cheio o USS Indianapolis e toda a tripulação que
sobrevive ao ataque precisará de muita força, sorte e coragem para esperar o
resgate em um mar repleto de tubarões. Dos 1196 tripulantes do USS
Indianapolis, 300 morreram no ataque e apenas 317 pessoas se salvaram.
Um dos pontos negativos da trama é a falta de profundidade
dos personagens, principalmente de seu protagonista. A trama é um pouco
acelerada e vários pontos passam sem muita explicação, o que dificulta o
público a entender melhor o seu contexto histórico. O filme ganha contornos
emocionantes quando passa a focar nas batalhas de pensamento que acontecem
quando a tripulação, totalmente dividida, está em alto mar flutuando em boates
minúsculos e com grande medo dos ataques dos tubarões. O filme cresce nesse
momento.
A honra é, objetivamente, a opinião dos outros acerca do
nosso valor, e, subjetivamente, o nosso medo dessa opinião. Seguindo na linha
desse pensamento do filósofo alemão Arthur Schopenhauer, o longa metragem em
questão acaba mostrando um paralelo sobre a honra bem definido no encontro
final entre o militar japonês que abateu o grande navio norte americano e o
capitão McVay já na corte jurídica imposta para analisar o conflito durante a
guerra. De longe a parte mais profunda e bem definida da trama.
Sem previsão de estreia nos cinemas brasileiros, fato que
deve ser muito difícil de acontecer, Homens
de Coragem (USS Indianapolis: Men of Courage) possui seus méritos mas no
final das contas, e comparando com outras grandes obras do gênero, acaba sendo
mais um filme que será esquecido, rapidamente, sobre a Segunda Guerra Mundial.