Expectativas são sempre angustiantes, mas a realidade pode
corresponder à nossa fantasia, às vezes. Baseado no livro O Orfanato da Srta. Peregrine, de Ransom Riggs. o novo trabalho do
mago da peculiaridade Tim Burton chegou aos cinemas brasileiros em setembro
desse ano com a promessa de conquistar uma legião de fãs do famoso cineasta. O Lar das Crianças Peculiares é um
trabalho que mostra a marca desse incrível diretor e sua arte de dar vida a
seres inusitados que exalam carisma em cada cena.
Na trama, conhecemos o jovem Jacob (Asa Butterfield), um
adolescente que após uma impactante tragédia ocorrida com seu avô em barca em
uma aventura para descobrir as respostas de alguns mistérios cheios de lacunas.
Assim, embarca com o pai até uma região remota do País de Gales à procura do
desconhecido Orfanato da Srta. Peregrine para crianças Peculiares. O que ele
não esperava era encontrar um incrível universo cheio de poderes especiais,
fendas que estabilizam o tempo e personagens inesquecíveis.
A arte de trabalhar com o sobrenatural e as ramificações
oriundas da leveza do ser humano é uma das marcas desse incrível projeto.
Burton se supera mais uma vez, preenche os elementos técnicos do filme com
muita sabedoria, dá voz a alma de todos os personagens, impressionante como
conseguimos nos conectar com a trama a cada segundo. Os movimentos inusitados
que o roteiro feito por Jane Goldman (que participou das equipes de dois filmes
da franquia X-Men) aborda se tornam
um grande canal de conexão com o espectador.
Ao longo dos 127 minutos de projeção, nos sentimos em um
grande jogo de RPG, onde cada rodada novos personagens ficam mais fortes e
surpresas pelo caminho são eminentes. O
Lar das Crianças Peculiares não é o melhor filme de Tim Burton mas é uma
aventura que entra para a galeria de personagens incríveis que só um diretor
como Burton consegue dar vida sempre em torno de uma poesia melodramática dark
que se torna sempre diferente de tudo que já vimos.