Os velhos acreditam em tudo, as pessoas de meia idade
suspeitam de tudo, os jovens sabem tudo. O novo trabalho do cineasta alemão Dominik
Moll (O Monge) é antes de tudo um
filme que dita suas regras nas entrelinhas da loucura de uma mente reclusa e
exausta dos seus caminhos iguais dia após dia. Explorando bastante seu caricato
protagonista, Moll transporta para tela, de maneira bem leve (e muitas vezes
bem estranha), as dezenas de possibilidades que o ser humano tem todo dia de
acordar e sair da rotina estressante.
Na trama, somos apresentados a Philippe (François Damiens),
um analista de sistemas que vive uma vida certinha, cheia de regras e pacata em
uma cidade francesa. Perto de fazer quase 50 anos sua ex-mulher, uma repórter
famosa de uma emissora francesa, decide
de uma hora para outra se mudar para a Bruxelas, deixando os dois filhos
adolescentes para ele cuidar. Só isso já seria impactante em sua rotina mas para
deixar mais maluca essa história, Philippe começa a enfrentar problemas no seu
trabalho, tendo que trabalhar com um funcionário que vai alterar de vez os
rumos dessa história.
É preciso paciência e colocar nossas células cinzentas para
buscar as associações que o roteiro também escrito pelo diretor busca explorar.
Obviamente, a crise de meia idade é o ponto de start para que o fechado
protagonista comece a navegar em sua controlada loucura que afeta (e ele também
é afetado) a todos que o cercam, desde os novos ‘amigos’ de trabalho, a ira de
um supervisor escandaloso, sua relação com os dois filhos, a distância de sua
ex-esposa e o aparecimento em tons fantasmagóricos hilários de seus pais.
Exibido no Festival de Berlim em 2016, esse curioso projeto,
que tem como protagonista o excelente e versátil ator belga François Damiens
(que está absolutamente fantástico no sensacional Os Cowboys) finalmente chegará ao circuito exibidor brasileiro na
próxima semana (18).