A imigração é uma grande queda de braços dentro de um
labirinto social. Escrito e dirigido pela cineasta, roteirista e atriz alemã Maggie
Peren, A Cor do Oceano, Die Farbe des Ozeans no original, é uma
co-produção alemã/espanhola que traz uma forte luz sobre a situações dos
imigrantes no mundo. A produção do ano de 2011, e inédito no circuito exibidor
brasileiro, é um filme forte que provoca um abalo sísmico emocional principalmente
se nossos olhos e corações associarem aos dias de hoje, principalmente na
Europa.
Na trama, conhecemos a jovem Nathalie (Sabine Timoteo), uma
turista alemã aproveitando dias de férias nas ilhas canárias (arquipélago
espanhol no Oceano Atlântico). Durante uma ida à praia, é surpreendida com a
chegada de um barco vindo de algum lugar do mundo trazendo imigrantes
clandestinos. Logo que chegam a praia, são resgatados por policiais de
fronteira, liderados pelo impiedoso Jose (Álex González). Não conseguindo se
desfazer das imagens do ocorrido, Nathalie acaba se aproximando de um dos
ocupantes do barco que se encontra em uma nova terra com seu filho pequeno, sem
conhecer ninguém.
Longe de ser uma inverdade da vida real, o roteiro do filme
nos leva a uma viagem rumo as mais tristes posições políticas, claramente
representado pelo cético Jose, que entra em confronto com uma visão bem mais
humanitária da turista alemã Nathalie. Os dois pontos de vistas são
destrinchados ao longo dos 90 minutos de pura objetividade no roteiro assinado
pela própria diretora.
Do primeiro para o segundo arco, já no preenchimento de
lacunas dos personagens, vemos as consequências e mais porquês das tristes e
nada humanitárias ações do guarda José, muitos impulsos provocados por uma ira
sem tamanho que tem contra si mesmo por conta de não conseguir ajudar sua irmã
drogada a se recuperar. Em alguns momentos o filme parece que corre um pouco
com a transparência desse personagem de tão complexo que se torna. O outro lado
da história, Nathalie é confrontada por seu noivo que tem uma visão totalmente
protetora e nada amistosa sobre as ações que ela toma em suas decisões de
ajudar ou não uma pessoa que nunca viu mas que está passando por sérias
dificuldades.
A Cor do Oceano é
um daqueles filmes reflexivos, importantes para debates que contam uma história
que se ligarmos a televisão veremos a vida imitando a arte.