22/11/2017

Crítica do filme: 'Os Parças'

Como acontece em Hollywood desde sua criação, centenas de comédias avançam cinemas a dentro em busca do riso fácil, reunindo gente famosa, da nova e velha guarda, e simplesmente deixando de lado qualidade no roteiro, direção. Os Parças, nova comédia nacional, que estreia na última quinta-feira desse mês de novembro,  busca, através de personagens estereotipados, resgatar histórias de um Brasil largado na malandragem. Dirigido pelo cineasta Halder Gomes (do interessante Cine Holliúdy) e protagonizado por Tom Cavalcanti, Bruno de Luca, Tirulipa e Whindersson Nunes, atores e comediantes de diversas plataformas, o filme se transborda nos clichês a cada cena não conseguindo criar a tão sonhada fórmula do sucesso que alia qualidade dos atores a regras básicas cinematográficas.

Na trama, ambientada em uma São Paulo dos dias atuais, conhecemos dois trambiqueiros que trabalham no centro de São Paulo, um faz tudo de informática que trabalha em uma empresa fake que produz casamentos e um malandro locutor de loja que foge pelas ruas pois descobrem que ele estava de namoro com a mulher do chefe. Essas quatro almas se reúnem inusitadamente e são colocadas em uma situação incomum, terão que organizar e planejar o casamento da filha de um bandido de alto escalão da cidade. Sem nenhuma experiência no ramo mas tendo a malandragem a seu alcance, o grupo passará por diversas situações em busca de seus objetivos.

Camuflada em deboches, esquecendo atuações, o projeto navega em um assunto recorrente no Brasil de hoje (e de ontem), a vinda de pessoas de outras regiões do país para um grande centro, em busca do sonho de se estabelecer (financeiramente, principalmente) e trabalhando na clandestinidade das ruas, matando, da sua forma, um leão a cada dia. Chegar nesse conceito e realizar um filme decente parece fácil, mas não é. Em Os Parças, situações são jogadas na tela, falta tratamento no roteiro,  a direção beira ao desastroso, os atores não possuem harmonia em cena, muitas piadas soltas simplesmente não funcionam. É muito mais do mesmo para um filme só.


Há um choque em relação a fazer comédia quando pensamos nas gerações de distancias entre Tom e o restante do elenco. O eterno Ribamar de Sai de Baixo, busca nas imitações e suas fantásticas sacadas de voz (que vem das suas origens na rádio) um lugar seguro para seu personagem. Já Whindersson Nunes, jovem youtuber, sensação na internet, parece não acertar seu tempo de comédia à tela grande. No cinema, nada acontece de maneira instantânea, precisa-se de estruturação na criação de um enredo senão absolutamente nada funciona.