Como acontece em Hollywood desde sua criação, centenas de
comédias avançam cinemas a dentro em busca do riso fácil, reunindo gente famosa,
da nova e velha guarda, e simplesmente deixando de lado qualidade no roteiro,
direção. Os Parças, nova comédia
nacional, que estreia na última quinta-feira desse mês de novembro, busca, através de personagens estereotipados,
resgatar histórias de um Brasil largado na malandragem. Dirigido pelo cineasta Halder
Gomes (do interessante Cine Holliúdy)
e protagonizado por Tom Cavalcanti, Bruno de Luca, Tirulipa e Whindersson Nunes,
atores e comediantes de diversas plataformas, o filme se transborda nos clichês
a cada cena não conseguindo criar a tão sonhada fórmula do sucesso que alia
qualidade dos atores a regras básicas cinematográficas.
Na trama, ambientada em uma São Paulo dos dias atuais, conhecemos
dois trambiqueiros que trabalham no centro de São Paulo, um faz tudo de
informática que trabalha em uma empresa fake que produz casamentos e um
malandro locutor de loja que foge pelas ruas pois descobrem que ele estava de
namoro com a mulher do chefe. Essas quatro almas se reúnem inusitadamente e são
colocadas em uma situação incomum, terão que organizar e planejar o casamento
da filha de um bandido de alto escalão da cidade. Sem nenhuma experiência no
ramo mas tendo a malandragem a seu alcance, o grupo passará por diversas
situações em busca de seus objetivos.
Camuflada em deboches, esquecendo atuações, o projeto navega
em um assunto recorrente no Brasil de hoje (e de ontem), a vinda de pessoas de
outras regiões do país para um grande centro, em busca do sonho de se
estabelecer (financeiramente, principalmente) e trabalhando na clandestinidade
das ruas, matando, da sua forma, um leão a cada dia. Chegar nesse conceito e
realizar um filme decente parece fácil, mas não é. Em Os Parças, situações são jogadas na tela, falta tratamento no
roteiro, a direção beira ao desastroso,
os atores não possuem harmonia em cena, muitas piadas soltas simplesmente não
funcionam. É muito mais do mesmo para um filme só.
Há um choque em relação a fazer comédia quando pensamos nas
gerações de distancias entre Tom e o restante do elenco. O eterno Ribamar de
Sai de Baixo, busca nas imitações e suas fantásticas sacadas de voz (que vem
das suas origens na rádio) um lugar seguro para seu personagem. Já Whindersson
Nunes, jovem youtuber, sensação na internet, parece não acertar seu tempo de
comédia à tela grande. No cinema, nada acontece de maneira instantânea,
precisa-se de estruturação na criação de um enredo senão absolutamente nada
funciona.