O outro lado da moeda. Dirigido pelo excepcional cineasta
sul coreano Kim Ki-duk (Primavera,
Verão, Outono, Inverno... E Primavera, Casa Vazia, Pieta), Geumul, no original, é um retrato
atual de um conflito de anos. Os conflitos entre as duas coréias, suas visões
diferentes de enxergar o planeta, o modo como a população de cada região vivem,
os costumes, o consumo, tudo isso é pano de fundo para a trama desse belo
projeto de um dos diretores mais corajosos do planeta, sempre com filmes
importantes e debatendo assuntos da atualidade. Interpretando o protagonista, o
ótimo ator Seung-bum Ryoo merece destaque.
Na trama, conhecemos um humilde pescador norte coreano
chamado Nam Chul-woo (Seung-bum Ryoo), um homem que vive em uma casa super
humilde e acorda cedo em busca do seu ganha pão. Certo dia, após o motor de seu
barco (único patrimônio que possui e que demorou cerca de dez anos para
conseguir) falhar no meio da fronteira com a Coreia do Sul, acaba indo parar do
outro lado, na outra coréia e acaba sendo alvo de uma investigação criteriosa
pelo lado sul coreano que quer saber se ele é algum espião enviado pelo outro
lado. Sem saber direito como lidar com a situação, o pescador precisa agüentar a
todo tipo de ameaça para conseguir impor a sua verdade.
Há muitas dúvidas deixadas no ar. Será o protagonista um espião?
Como será a recepção do pescador quando e se voltar a sua Coreia? Quem está
mentindo nessa história? O filme consegue ficar na linha tênue e complicada da
imparcialidade. Como o fato narrado, outras histórias parecidas devem ter
acontecido ao longo desses anos de divisão coreana. Como todos sabemos, na Coreia
do Norte tudo é muito restrito, o filme navega nessa linha e a devoção do
protagonista com sua bandeira é algo que notamos logo na chegada dele do outro
lado. As diferenças de cultura, sentimos nas reações dele ao, por um breve
período, conhecer de perto como as coisas são em um dos países mais
desenvolvidos do planeta.
Recentemente fora vista que as duas coréias irão disputar
uma modalidade olímpica juntas, um avanço nas relações desses dois países,
completamente diferente mas que podem futuramente representar um só povo.