Nada é o que parece. Primeira vez dirigindo um longa-metragem
roteirizado pelos irmãos Coen, o astro e ganhador do Oscar George Clooney
chegou aos cinemas recentemente com o projeto intitulado Suburbicon - Bem-Vindos ao Paraíso. Reunindo uma descarada mistura
de Fargo com outros filmes de Coen, que reúne situações extremas e até certo
modo surpreendentes, personagens longe da normalidade, um desfecho que busca o
emblemático sempre deixando migalhas nas entrelinhas, Suburbicon acaba se
tornando uma sonolenta comédia misturada com suspense de 105 minutos de
projeção.
Na trama, conhecemos a curiosa cidade de Suburbicon, onde a
imensa maioria dos moradores são de classe média e brancos. Gardner (Matt
Damon) tem uma rotina monótona e vive em uma boa casa com a mulher, a cunhada e
seu filho. Certo dia, quase paralelamente a chegada de novos vizinhos, sua casa
é invadida por dois homens extremamente violentos que transformam em terror
algumas horas dessa noite, que leva ao falecimento de sua esposa (interpretada
pela sempre competente Julianne Moore). Mas nem tudo é o que parece em Suburbicon
e começamos a entender melhor essa história pela ótica do filho de Gardner que
presencia situações estranhas envolvendo seu pai.
A atmosfera familiar de outros filmes de Coen, deixam
Suburbicon à beira de Deja Vú. Isso porque falta carisma nos personagens, ou desenvolvimentos
no roteiro relevantes para transformar esse projeto em algo único. O tom do
enredo, buscando formas de interação com o público via tensão, provocando o
suspense pelo olhar do filho, funciona até um certo momento mas fica com falta
de conexão quando entendemos melhor a resolução dos fatos e os motivos para
ações que vemos. A situação que vive os novos vizinhos, que são negros, e os
absurdos preconceitos da vizinhança ficam em segundo plano.
Suburbicon -
Bem-Vindos ao Paraíso procura mostrar
as fragilidades humanas, repletas de egos, preconceitos, ganância e egoísmo,
principalmente na sociedade norte-americana. Como filme, funciona em partes,
deixando o sono chegar em muitos instantes.