Os dias frios quando a tristeza não é passageira. Chega da Coréia
do Sul um dos mais delicados filmes feitos no oriente dos últimos anos. Canola é um desabrochar da solidão,
causada pela perda de um convívio profundo, uma relação de amor e carinho entre
uma avó e sua neta. Dirigido pelo cineasta Hong-Seung
Yoon, o projeto é mais um daqueles filmes que nunca viram as telonas
brasileiras.
Na trama, conhecemos uma carismática vovó (interpretada
brilhantemente pela atriz Yuh Jung Youn)
que vive seus dias de inverno frio ao lado de sua neta pequena em um pequeno
vilarejo no interior da Coréia do Sul. Durante um passeio a uma feira, a
netinha se perde da vovó, deixando essa última com uma profunda tristeza. Após
mais de uma década, uma jovem reaparece dizendo ser a neta perdida da vovó.
Assim, como se voltassem no tempo, as duas vão tendo uma relação de afeto e
esperança.
Os arcos bem definidos, fato comum em filmes orientais, são
preponderantes para o sucesso da trama. Existe uma certa complexidade na protagonista,
que conta com uma atuação de gala de Yuh
Jung Youn. O papel dos coadjuvantes, muitos moradores, vizinhos da vovó,
são fundamentais para preencherem lacunas soltas de algumas reviravoltas que
acontecem. Os diálogos entre vovó e neta são de cortar o coração, profundos e
coerentes. Sem deixar de mostrar a força
nas tradições da cultura sul coreana, navegamos pela humilde mas feliz vida
dessa vovó e seus pensamentos distantes, principalmente nos anos de distância
da neta, conseguimos entender melhor toda a situação proposta pelo roteiro e
todos os pontos de vista envolvidos.
Impossível não se emocionar com essa história. A delicadeza
na direção, envolvida em um roteiro cheio de portas abertas e algumas
reviravoltas, transformam esse belo trabalho em um projeto inesquecível,
repleto de variáveis e assuntos para debate.