Eu quero ver se tu é homem, mané...Do jeito que eu fui e que
eu sou. Dirigido pela dupla Johnny
Araújo e Gustavo Bonafé (esse
último com outro filme em cartaz, O
Doutrinador) chegou aos circuito brasileiro de exibição semanas atrás, meio
timidamente, o filme Legalize Já. Com
uma estética toda em preto e branco, que dão um grande charme ao projeto, ao
longo de menos de duas horas de projeção somos testemunhas de um encontro entre
sonhadores que mudou para sempre não só a história deles mas toda uma geração
musical da década de 90. Pode-se dizer que é uma cinebiografia da famosa banda
Planet Hemp mas o filme é muito mais que isso, é um contemplar à amizade e os
obstáculos enfrentados por jovens mentes criativas da cultural popular
brasileira.
Na trama, conhecemos Marcelo (Renato Góes, longe de estar parecido com D2 mas com boa atuação) um
camelô de blusas de rock and roll que trabalha no centro do RJ que vê sua vida
mudar por alguns acontecimentos: a gravidez de sua namorada e o encontro
inusitado com um engajado e viciado em música chamado Skunk (Ícaro Silva, em grande atuação). Aos
poucos, se conhecendo melhor, entre brigas e vindas, resolvem investir tempo e
criatividade no que viria a se tornar a inesquecível banda Planet Hemp.
Uma mistura de emoções contemplam as interseções entre os
arcos aumentando a força da curiosidade sobre todos os temas explorados. Tudo
que vemos é baseado em uma história real, todos (ou pelo menos a maioria de
nós) conhece ou já ouviu falar de Marcelo D2. Mas e Skunk? Praticamente como
uma grande homenagem a esse guerreiro sonhador, que descobre o mortal vírus
daquela década e acaba não aproveitando as glórias de tudo que criou com D2,
antes Marcelo, Legalize Já passa longe de falar somente sobre drogas ou
qualquer pré-conceito que você possa estabelecer, conta a saga de dois amigos
com um dom de por meio das palavras cantadas passar a todos um pouco do que
viveram no seu dia a dia até chegarem até ali.
Eleito o Melhor Filme Brasileiro de Ficção na Mostra de
Cinema de São Paulo 2017, Legalize Já vem
passando desapercebido pelo circuito mas não se enganem, é um dos melhores e
mais intensos filmes nacionais desse ano.