Li essa frase em algum lugar recentemente: ‘A ganância
insaciável é um dos tristes fenômenos que apressam a autodestruição do homem.’,
não sei de quem é mas ela ilustra muito bem o que assistimos no ótimo
longa-metragem produzido pela HBO, Bad
Education. Lançado a poucos dias no Brasil, o projeto busca recriar um dos
maiores escândalo envolvendo roubos quando falamos na ajuda que o governo
norte-americano oferece as escolas públicas. Reunindo uma série de situações
que mostram toda a ganância e princípios evidentes de sociopatia dos envolvidos,
o filme além de bombástico do ponto de vista humano é um espetáculo de boas
atuações do ponto de vista cinematográfico. Hugh Jackman, na pele do protagonista, mostra que como herói ele foi
muito bom ator mas como vilão é muito melhor.
Com direção de Cory
Finley (em seu segundo longa-metragem) e roteiro assinado pelo nova
iorquino Mike Makowsky (baseado no
artigo de Robert Kolker para a New York Magazine), Bad Education, conta a história de duas
pessoas amadas pela comunidade de Roslyn (Nova Iorque), nos Estados Unidos, Pam
Gluckin (Allison Janney) e Frank
Tassone (Hugh Jackman). A primeira é
uma espécie de chefe do financeiro e o segundo o chefe da administração da escola.
Dois exemplares funcionários que conseguiram levar, junto com o resto da
equipe, a escola pública de Roslyn até a quarta posição no ranking nacional de
escolas públicas. O problema é que após um deslize e uma investigação amadora
feita por uma aluna que faz estágio no jornal da escola, colocam em xeque a
personalidade e caráter dessas duas figuras.
Os absurdos do roubo que acontece é vista muito pela ótica
de Tassone, um homem respeitado pela comunidade, cheio de manias, metrossexual
e que parece ter o mundo em suas mãos. Quando seu castelo de cartas começa a
desmoronar, principalmente quando Pam é ‘condenada’ pelo conselho que achou
suas falcatruas, o personagem entra em uma grande transformação, ou melhor,
aquela parede que não nos permitia enxergar quem ele realmente é, cai por terra
levando-o a uma série de cinismos e um relacionamento extraconjugal mais
prolongado. O mais chocante disso tudo é que ninguém desconfiava de nada, pois,
a escola era uma das referências na região, fazendo inclusive aumentarem os
próximos dos imóveis que a cercavam.
O roteiro, que possui arcos muito bem definidos, alterna
ótimos diálogos com cenas impactantes de como a ganância deixa uma pessoa
completamente cega e que no final do dia vale mais a pena ver chorar a outra
família do que a sua, pelo menos para os envolvidos nesse roubo que ocorreu de
verdade em 2004 (inclusive, o roteirista Mike
Makowsky era aluno do high school numa região próxima ao ocorrido.).
Um ótimo filme, profundo, impactante e que mostra verdades
chocantes de um escândalo que abalou as estruturas do ensino norte-americano.