De repente do riso fez-se o pranto. Marcando a estreia do
ator Paul Dano como roteirista e
diretor, Vida Selvagem é um retrato
meticuloso e detalhista sobre uma família que conhece o início, o meio e o fim
de uma relação e de que forma o único filho de um casal reage a todas essas
mudanças. Filme de abertura da Semana da Crítica do Festival de Cannes em 2018,
o projeto é baseado no livro Wildlife,
de Richard Ford.
Na trama conhecemos Jerry (Jake Gyllenhaal) e sua esposa Jeanette (Carey Mulligan), um casal de classe média baixa que mora em uma
cidadezinha de Montana em meados dos anos 60. O Casal possui um único filho,
Joe (Ed Oxenbould), e muito pela
ótica desse personagem que vamos acompanhando o casamento dos pais ir do céu ao
inferno, culminando em uma separação dolorosa onde mudanças acontecerão para
marcar a vida de todos os envolvidos.
O raio-x do casal é a chave para entendermos tudo que se
desenrola e as escolhas que são tomadas ao longo da projeção. Jerry é um
ajudante em um campo de golf, deveras acomodado, que após ser demitido entra em
uma espécie de depressão egoísta não lutando por um novo emprego e resolvendo
se juntar a uma brigada de homens que estão tentando apagar um incêndio
florestal, abandonando por um período sua família. Jeanette, interpretada pela
ótima Carey Mulligan, é uma dona de
casa amorosa que faz e tudo para entender as decisões de seu fracassado marido,
quando desperta para a vida bate a decepção e tristeza, descobre tentações, e
luta de todas as formas de conseguir se manter sem precisar de ninguém, mesmo
que para isso tenha que abdicar de todos ao seu redor.
Vida Selvagem,
participante também do Toronto International Film Festival em 2018 e do
Festival do Rio do ano passado, é um filme reflexivo sobre o despertar para
vida e sobre escolhas. As decisões que precisamos tomar para um bem coletivo as
vezes fere nossos ‘quereres’ individuais. O filme, ainda sem previsão de
estreia no Brasil, é um saga pelo caminho da melancolia, até um porto seguro de
satisfação. Tudo isso ao olhos do filho que também luta para que seus dias
sejam mais felizes. Belo trabalho, não percam!