19/10/2019

Crítica do filme: 'Yesterday'


Sabe aquele gol inacreditavelmente perdido debaixo da trave? Sabe aquela bandeja sozinha que você erra no basquete? Então, sabe aquele filme que tinha tudo para ser inesquecível e acaba caindo na mesmice açucarada de mais uma entre milhares histórias de amor? Novo trabalho do ótimo Danny Boyle, Yesterday cativou público de todo o mundo pelo seu trailer muito bem feito e pela sua louca história de zerar nossas memórias beatlemaníacas, assim, exercitando um mundo sem algumas de nossas maiores referências. Aposto que sociólogos, filósofos de todo o planeta aguardavam com ansiedade debate hiperprofundos sobre a existência humana e suas necessidades. Mas como cinema funcionou muito pouco, salvo um grande momento com um famoso músico, Yesterday não fica em nossa memória como as canções do quarteto de Liverpool.

Na trama, conhecemos Jack Malik (Himesh Patel), um cantor com pouca sorte em sua profissão que pensa sempre em desistir de seu maior sonho mas logo é incentivado por sua melhor amiga Ellie (Lily James) e parte em busca de novos desafios. Um dia, após sofrer um acidente, acorda e acaba descobrindo de maneira inusitada que ninguém no mundo conhece Os Beatles. Praticamente como se estivesse em um universo alternativo ou algo assim. Agarrando a oportunidade que surgiu em sua frente, com as músicas de seus ídolos ele começa a fazer enorme sucesso. Mas, escolhas precisarão serem feitas.

A grande graça para todos que já sabiam os epicentros da trama seria como se desenvolveria esse novo universo sem Beatles (e depois sabemos sem outras coisas gigantes também). O caminho traçado deixa pouca margem para que o filme se torne um filmaço. Se apoiando praticamente, cada linha do roteiro, na força que possui as canções dos Beatles, o desenrolar do pouco carismático protagonista é cair num episódio de uma novela mexicana com uma genial trilha sonora por trás. É como se assistíssemos Maria do Bairro com a trilha assinada pelo Alexandre Desplat.

Apenas um grande momento, emblemático, que nos faz esquecer quase tudo que vimos até ali. Um encontro e muita filosofia, além do genial Robert Carlyle em cena. Mas só isso não basta, Yesterday deveria ser tão inesquecível como Yesterday, a canção. Nem passa perto. Será que a genialidade de Boyle sumiu junto com os Beatles? Que bom que era numa outra realidade. Volta Boyle!