A responsabilidade de todos é o único caminho para a
sobrevivência. Disponível no catálogo da Netflix desde o finalzinho de março
desse ano, O Declínio conta de
maneira desapiedada a falta de limites da filáucia humana quando se enxerga em
uma situação inquietante, onde cada escolha é vital. Ao longo dos intensos 83
minutos de projeção, somos colocados como testemunhas de até onde o ser humano
pode ir para defender seu ponto de vista, flertando a todo instante com
empáfia. A direção é do cineasta Patrice
Laliberté, que debuta na posição nesse interessante projeto.
Na trama, conhecemos Antoine (Guillaume Laurin) um pai de família que logo percebemos é um
aficionado em proteção e muito fã de um youtuber que fala sobre táticas de
sobrevivências caso o mundo entre em parafuso por qualquer motivo. Querendo ir
mais a fundo nesses ensinamos, que vão desde o manuseio de armas e armadilhas,
até como estocar arroz por 20 anos, o protagonismo resolve ir ao treinamento
pessoal desse youtuber, que é em uma área isolada cheia de neve no interior de
Quebec. Chegando lá, ele e mais alguns alunos precisarão enfrentar uns aos
outros quando, após uma aula de explosivos, um deles acaba morrendo
acidentalmente. Sem saberem o que fazer, se chamam a polícia ou não, a loucura
toma conta do lugar.
Tudo é muito rápido até se chegar ao clímax. De maneira bem
objetiva e deixando rastros de sangue em muitas cenas, a trama se desenvolve
com arcos curtos e que se blindam pelas inconsequências do instinto de
sobrevivência que é instaurado. É quase como se o feitiço virasse contra o
feiticeiro, pois, esse último, nunca pensou ou concluiu uma análise mais
completa sobre a mente humana e como ela reage em determinadas situações
extremas. O jogo de gato e rato se desenvolve quando as escolhas já estão
feitas, o bem contra o mal? Talvez, mas cada um precisa chegar na sua
conclusão. Uma fita interessante, para se pensar na sociedade e em tempos como
o do coronavírus e todo o egoísmo que ainda vemos, principalmente dos que
insistem em fugir de uma necessária quarentena.