17/05/2020

Crítica do filme: 'A Música da Minha Vida'


As interseções de um gatilho musical, inspirador, que muda para sempre quem deixar que a mensagem chegue até o epicentro do seu coração. Pouco badalado, no final do segundo semestre do ano passado, passou como uma flecha nos cinemas o drama/musical A Música da Minha Vida. Despretensioso, com um protagonista muito carismático e um roteiro redondo, vai conquistando o público aos poucos. A trilha é uma menção à parte já que o filme, baseado em fatos reais, também pode ser classificado como uma gigante homenagem aos 70 anos de vida, completados ano passado, e aos mais de 50 anos de carreira de um dos maiores da música, o chefe, Bruce Springsteen.

Na trama, dirigida pela cineasta queniana Gurinder Chadha (do bom Driblando o Destino) o longa-metragem nos mostra o retrato da adolescência conturbada e criativa de Javed (Viveik Kalra) que vive com os pais descendentes de paquistaneses na Inglaterra no final da década de 80. Muito dedicado ao estudo mas sem muitos amigos e não aproveitando a vida como deveria por conta de costumes de sua família, certo dia ganha uma fita k7 de um músico que faz muito sucesso no mundo chamado Bruce Springsteen. As canções do ‘chefe’ começam a fazer sentido na vida de Javed e impulsionado pela força dessas letras começa a realizar uma grande revolução em sua vida.

Já disponível em algumas plataformas de streamings espalhadas pela internet, A Música da Minha Vida é uma grata surpresa. Reúne esperança, música boa, avança a superfície de conflitos sobre costumes e preconceitos em meio a uma Inglaterra e sua eclética sociedade. Há crítica social, há momentos puros de musicais que nos fazem lembrar à década de 70/80, ou mesmo de melhor nos ambientar ao que acontecia lá para os que não viveram por lá. Os arcos sobre amizade são muito bonitos, se desconstroem e constroem novamente. Não deixando de lembrar que esse filme é baseado em fatos reais, antes do início dos créditos já vemos fotos históricas do protagonista e seu eterno ídolo na vida real, um belo complemento para a chuva de esperança que assistimos ao longo das quase duas horas de filme.

Procurando uma palavra para definir esse projeto, só meio veio uma: inspirador. Muito difícil, você que não conhece, logo após terminar o filme não ir procurar/pesquisar Springsteen. Um música, um filme, a cultura em geral, mudam vidas. Pena que alguns governantes nunca vão entender isso.