28/06/2020

Crítica do filme: 'Little Joe'


Indicado a dois prêmios no festival de Cannes do ano passado (inclusive, vencendo na categoria de melhor atriz) Little Joe é um filme que busca sua originalidade no universo dos sentidos e os contornos de um gap entre o inusitado e o subconsciente. O roteiro se aproxima um pouco das loucuras criativas de novos modos de pensar que encontramos nos estranhos cantos de roteiros de alguns episódios de Black Mirror. A cineasta austríaca Jessica Hausner assina a direção, bastante competência na maneira de contar essa história.
Na trama, conhecemos a viciada em trabalho Alice (Emily Beecham), uma bióloga que trabalha em uma clínica de engenharia genética que lida com diversas experiências com plantas. Um dos mais prolíferos, Little Joe, é uma planta vermelha que busca mudar sensações de humor. Tudo ia bem até que algumas reações inusitadas com todos que se aproximam dessa planta acontece, deixando a protagonista em uma curiosa linha tênue entre o acreditar ou não no poder de sua criação.
Por conta da ênfase no inusitado, numa tentativa com êxito na maior parte do tempo de tentar passar aos olhos do espectador um frescor de originalidade, o projeto adota um ritmo bastante lento, cheio de detalhes e cores que se solidificam marcando um plano muito bonito composto por uma pega da de criatividade necessárias num universo cinematográfico dos últimos anos cheio de mais do mesmo. A profundidade chega forte com as sessões de terapia da protagonista, no seu labirinto de emoções e pensamentos, o que pode ser real ou não, transforma a jornada de Alice em uma tarefa cheia de obstáculos mas que acabam de certa forma deixando ela entender melhor seus desejos e como leva sua vida.
Exibido no último Festival do Rio, Little Joe é um filme para os que curtem detalhes. Uma mescla argumentativa entre o subconsciente e a nossa necessidade de preencher todas as lacunas de nossa vida.