Indicado a dois prêmios no
festival de Cannes do ano passado (inclusive, vencendo na categoria de melhor
atriz) Little Joe é um filme que
busca sua originalidade no universo dos sentidos e os contornos de um gap entre
o inusitado e o subconsciente. O roteiro se aproxima um pouco das loucuras
criativas de novos modos de pensar que encontramos nos estranhos cantos de
roteiros de alguns episódios de Black
Mirror. A cineasta austríaca Jessica
Hausner assina a direção, bastante competência na maneira de contar essa
história.
Na trama, conhecemos a viciada em
trabalho Alice (Emily Beecham), uma
bióloga que trabalha em uma clínica de engenharia genética que lida com
diversas experiências com plantas. Um dos mais prolíferos, Little Joe, é uma
planta vermelha que busca mudar sensações de humor. Tudo ia bem até que algumas
reações inusitadas com todos que se aproximam dessa planta acontece, deixando a
protagonista em uma curiosa linha tênue entre o acreditar ou não no poder de
sua criação.
Por conta da ênfase no inusitado,
numa tentativa com êxito na maior parte do tempo de tentar passar aos olhos do
espectador um frescor de originalidade, o projeto adota um ritmo bastante
lento, cheio de detalhes e cores que se solidificam marcando um plano muito
bonito composto por uma pega da de criatividade necessárias num universo
cinematográfico dos últimos anos cheio de mais do mesmo. A profundidade chega
forte com as sessões de terapia da protagonista, no seu labirinto de emoções e
pensamentos, o que pode ser real ou não, transforma a jornada de Alice em uma
tarefa cheia de obstáculos mas que acabam de certa forma deixando ela entender
melhor seus desejos e como leva sua vida.
Exibido no último Festival do Rio,
Little Joe é um filme para os que curtem detalhes. Uma mescla argumentativa
entre o subconsciente e a nossa necessidade de preencher todas as lacunas de
nossa vida.